Velejador António Bartolomeu recordado em livro
“Grande Travessia” homenageia o velejador que morreu no acidente da embarcação Bille, devido a uma tempestade
A segunda presença de Angola na mais antiga regata internacional do Hemisfério Sul, denominada a “Cape2 Rio 2014”, é retratada no livro “A Grande Travessia", de Milai Nunes, a ser lançado no próximo dia 5 de Outubro, às 18h00 no Clube Naval de Luanda, com vista a homenagear o velejador angolano António Bartolomeu, vítima mortal no acidente ocorrido no evento.
Bartolomeu era sonoplasta da Rádio Nacional de Angola. O livro retrata um momento importante da história da vela em Angola, numa narrativa baseada na segunda participação de uma equipa nacional na mais prestigiada travessia oceánica, entre África e América do Sul.
Angola fez-se representar pelas embarcações Bille e Mussulo III, capetaneadas por Tita Correia da Silva e Guilherme Pereira Caldas, respectivamente, patrocinadas pela empresa de telecomunicação Angola Cables, numa viagem preparada durante anos, com o envolvimento de dezenas de pessoas.
Depois da estreia em 1972, a segunda presença tinha como objectivo desenvolver a vela, divulgar o país e o seu povo, através do desporto. O livro com a chancela das Edições Silabo tem 133 páginas. Estão disponíveis, nesta fase, 1.500 exemplares.
Narrativa positiva
Segundo Milai Nunes, a narrativa é um retrato fiel dos acontecimentos, por isso espera que venha a servir de registo de factos importantes, de homenagem aos envolvidos e de introdução ao tema da vela, para os que pouco ou nada sabem, e deste modo conhecer melhor este desporto.
“A história que o leitor vai encontrar nestas páginas é uma história de planeamento, organização, coragem, perigo, emoção, tragédia e, sobretudo, de superação e perseverança. A realidade foi mais empolgante do que qualquer relato literário, posso garantir isso, porque estive muito perto das pessoas que viveram os acontecimentos”, referuiu Milai Nunes.
António Bartolomeu fez parte da tripulação do Bille (Team Angola). Morreu a 5 de Janeiro de 2014, na sequência do grave acidente provocado por uma forte tempestade, no decorrer da regata transatlântica Cape Town - Rio de Janeiro, horas depois das embarcações zarparem do Real Iate Clube de Cape Town.
Dois dos oito tripulantes do Bille foram atirados ao mar, após a quebra do mastro, face às fortes rajadas de vento. Os tripulantes da embarcação Mussulo III conseguiram passar pela tempestade e chegar ao Rio de Janeiro, em 22 dias, 11 horas, 25 minutos e 25 segundos. Outras quatro embarcações foram forçadas a abandonar a prova, por causa dos danos.
A embarcação modelo Bavaria 55, de fabrico alemão, cortou a meta na oitava posição, entre 25 participantes, resultado que o seu “capitão” considerou fantástico, por ter sido o ano de estreia do Team Angola Cables, na regata organizada pela Royal Cape Yacht Clube da Cidade do Cabo.
Durante a cerimónia de entrega de prémios, que decorreu no Yate Clube do Rio de Janeiro, a organização homenageou o velejador angolano, a única vítima mortal daquela noite fatídica. Uma delegação constituída por responsáveis da Angola Cables, Clube Naval de Luanda, Ministério da Juventude e Desportos e tripulantes do Bille testemunhou o momento.
Um ano depois, o Clube Naval de Luanda e a Global Seguros realizaram, na costa da Ilha do Mussulo, em Luanda, a primeira edição da regata de cruzeiro denominada “Prémio António Bartolomeu”, em homenagem ao malogrado.
Rui Sancho, Filipe Luvambo, Jorge Teixeira e Jean Pierre foram alguns dos velejadores presentes no Bille, que fazem parte do leque de convidados para a cerimónia de lançamento.
Bartolomeu era sonoplasta da Rádio Nacional de Angola. O livro retrata um momento importante da história da vela em Angola, numa narrativa baseada na segunda participação