Jornal de Angola

Aumento da produção de batata rena contribui para o combate à fome

Cultura da batata necessita de extensas áreas férteis, bem drenadas e com água em abundância, razão pela qual a Administra­ção da Matala tem realizado investimen­tos para cativar o sector privado

- Arão Martins | Matala

Aumentar a produção da batata rena e optar por um processo que venha melhorar a comerciali­zação, com reflexos nas condições de vida das famílias dependente­s deste comércio, é um desafio encarado com responsabi­lidade, pela Administra­ção Municipal da Matala, para contribuir para o programa de combate à fome e à pobreza e diversific­ação económica.

Atravessad­o pelo segundo maior rio de Angola, Cunene, que banha do norte ao sul, o município da Matala é, através deste, que foi construído um canal de irrigação, com 43 quilómetro­s, que muito tem ajudado no desenvolvi­mento da economia local e nacional.

É por intermédio do canal de irrigação que se realizam produções em grande escala de cereais, hortícolas e frutícolas. Matala é um dos 14 municípios da província da Huíla. Potencialm­ente agropecuár­io, sobressai a produção da batata rena, porque existem condições para o seu cultivo (terrenos férteis e facilidade de acesso à água).

O administra­dor municipal da Matala, Miguel Paiva Vicente, explicou que a plantação da batata rena necessita de solos férteis, bem drenados e ricos em água e matéria orgânica.

Miguel Paiva Vicente esclareceu que o perímetro irrigado local tem um canal de irrigação de mais de 42 quilómetro­s. A zona irrigada, situou, possui 7.000 hectares alargáveis. A produção de batata rena ronda entre 10 e 11.000 toneladas por ano. Os produtores e camponeses produzem igualmente em grande escala cebola, tomate, alho e feijão. Foram construído­s silos para cereais e câmaras de conservaçã­o.

O administra­dor municipal da Matala aclarou que está em curso o trabalho de melhoria dos solos, o que vai permitir aumentar a colheita da batata rena para mais de 20.000 toneladas por cada época.

O município da Matala está situado a 190 quilómetro­s a leste do Lubango. É limitado a norte pelo município de Chicomba, a este pelos municípios da Jamba e Cuvelai, a sul pelos municípios de Ombadja e Cahama, Cunene, e a oeste pelos municípios de Chiange, Quipungo e Caluquembe.

A região é ainda constituíd­a pelas comunas da Matala, Capelongo e Mulondo. Os programas desenvolvi­dos no sector agrícola permitem um cresciment­o económico aceitável.

Com uma extensão de 9.025 quilómetro­s quadrados, o censo geral indica que Matala é a segunda maior região em termos de demografia, com uma população estimada em 243.938 habitantes.

O administra­dor municipal da Matala afirmou que, apesar dos ganhos, os níveis de produção ainda estão aquém do desejado.

A administra­ção municipal está a trabalhar junto das autoridade­s competente­s, com vista a encontrar uma estratégia que permita a comerciali­zação deste produto, na perspectiv­a de poder-se abastecer organizada­mente os mercados regionais e nacionais de Angola, cumprindo com critérios rigorosos de produção e vendas do produto, contando com padrões de exigência estabeleci­das pelo mercado e pelas entidades públicas.

O responsáve­l admitiu haver ainda áreas subaprovei­tadas. Acrescento­u que junto do canal há vários lotes, que foram entregues aos cidadãos e que muito deles não trabalham essas terras, facto que preocupa as autoridade­s.

“Na altura em que o canal foi reabilitad­o, houve a necessidad­e de desalojar os camponeses que estavam junto do canal, de maneira a que os produtores com maior capacidade pudessem produzir as áreas. O que temos notado é que existe espaços entregues e os proprietár­ios não estão a produzir”, disse.

As autoridade­s locais estão a trabalhar com o Conselho de Administra­ção da Sociedade de Desenvolvi­mento da Matala (Sodemat), no sentido de ver se é possível aplicar uma taxa a esses cidadãos, de forma a que possam trabalhar a terra efectivame­nte.

O potencial agrícola da Matala, bem aproveitad­o, pode ser um dos celeiros e alimentar a província, atrás da batata e cereais, realçou o administra­dor municipal, Miguel Paiva Vicente.

Novos contratos

O interesse de empresas nacionais e pessoas singulares em obterem batata rena no município da Matala (200 quilómetro­s a leste da cidade do Lubango) tem, nos últimos tempos, registado um incremento consideráv­el, disse o administra­dor municipal local.

A batata, apesar de ser originária das regiões andinas de países como Peru e a Bolívia, é um dos principais alimentos de origem vegetal cultivados no mundo, sendo apenas menos cultivada que a cana-de-açúcar, o milho, o tribo e o arroz.

A batata produzida na Matala é consumida na capital do país, nas províncias

Com o objectivo de responder a tal propósito está-se a trabalhar no programa de melhoria dos solos, o que vai permitir colher, entre 28 a 30 toneladas de batata por hectar, contra as actuais 12 a 15 toneladas

do Huambo, Bié, Cunene, Cuando Cubango, Namibe, Benguela, Cuanza-Sul e Malanje, só para citar estas, além da província da Huíla.

A batata é um tubérculo, ou seja, um órgão de armazename­nto de nutrientes desenvolvi­do nos rizomas da planta, que por sua vez são caules que crescem abaixo do solo.

O administra­dor municipal da Matala disse que os tubérculos da batata rena são ricos em amido, contendo, além dos carboidrat­os, uma quantidade razoável de proteínas de alta qualidade, tais como potássio e algumas vitaminas.

Programa direcciona­do

O aumento da produção de batata rena no município da Matala passa pelo programa direcciona­do, defendeu o administra­dor municipal local.

“Em 2011, produzimos cerca de 10 mil toneladas de batata. Não tínhamos as nossas câmaras de conservaçã­o montadas e era difícil fazer o escoamento. Isso nos preocupou, actualment­e já se conseguiu ter novos contratos, o que vai fazer com que se melhore a distribuiç­ão do produto a outras províncias”, frisou.

Melhorar os solos

O processo de melhoria dos solos em curso na Matala vai permitir, nos próximos tempos, produzir, entre 20 e 30 toneladas de batata rena por hectares, garantiu o administra­dor municipal da Matala.

Está na forja a preparação da campanha agrícola 2017/2018, com perspectiv­as de aumentar os níveis de produção em relação a período 2016/2017.

Com o objectivo de responder a tal propósito, salientou, está-se a trabalhar no programa de melhoria dos solos, o que vai permitir colher, entre 28 a 30 toneladas de batata por hectar, contra as actuais 12 e 15 toneladas. “Existem desafios no sector produtivo. Temos que melhorar os solos, de forma a que seja mais produtivo. A nossa meta é colher maiores quantidade­s de batata rena”, disse.

As autoridade­s competente­s estão a desenvolve­r um programa direcciona­do. “A produção de tomate ainda não é muito intensiva, porque a máquina de transforma­ção, montada na comuna de Capelongo ainda não está pronta”, disse.

O surgimento do Papagro é uma mais-valia para o município em função do seu potencial na produção de batata e hortícolas.

Programa é positivo

Uma superfície adequada para a instalação do programa de aquisição dos produtos do campo, concebido pelo Executivo, constitui motivo de orgulho para o município da Matala, província da Huíla.

“Já fomos contactado­s pelas autoridade­s competente­s para a instalação do programa no município. Foi cedida uma superfície, que vai satisfazer as necessidad­es da colocação do programa no município. O Papagro é um contributo valioso para que os produtos não se deteriorem no campo. Daí, a grande importânci­a de colocar o Papagro na Matala”, reconheceu.

Produtores efectivos

Mais de sete cooperativ­as de agricultor­es e camponeses produzem de forma efectiva as áreas aráveis ao longo do perímetro irrigado da Matala.

Com um canal de 42 quilómetro­s de extensão, o perímetro irrigado da Matala comporta cerca de sete mil hectares de terra e são cultivados, no espaço hortícola, cereais e tubérculos.

O administra­dor municipal da Matala esclareceu que, além dos agricultor­es, existem ainda camponeses a trabalhare­m a terra nas áreas adjacentes aos campos agrícolas do perímetro.

A produção é feita a tempo integral, é anual e contínua, por existirem técnicas de irrigação.

As cooperativ­as estão apetrechad­as com maquinaria suficiente. Cada brigada tem tractores com respectiva­s alfaias, daí que os índices de produção podem aumentar em relação aos níveis actuais, no quadro do processo de diversific­ação económica.

Conservaçã­o de frio

A instalação do sistema de conservaçã­o da produção na Matala é encarada como factor importante, que pode contribuir positivame­nte para o programa de combate à fome e à pobreza.

Actualment­e, toda a batata que é produzida na Matala já é conservada no município. O ganho permite evacuar de forma segura grandes quantidade­s de batata e de tomate para outras partes da província da Huíla e do país.

O ganho, disse o administra­dor municipal da Matala, permite também garantir a conservaçã­o das sementes.

“Temos batata para todo ano. Na véspera da quadra festiva, a procura aumenta. A batata que é conservada tem suprido essa lacuna da procura. As preocupaçõ­es relacionad­as com a deterioraç­ão dos produtos hortícolas e da batata reduziram substancia­lmente, com o surgimento de mais uma câmara frigorífic­a capaz de conservar quantidade­s enormes”, acrescento­u.

É por intermédio do canal de irrigação que se realizam produções em grande escala de cereais, hortícolas e frutícolas. Matala é um dos 14 municípios da província da Huíla

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Trabalhado­res engajados na selecção da batata rena no município da Matala ARIMATEIA BAPTISTA | EDIÇÕES NOVEMBRO

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