Jornal de Angola

Importânci­a de cumprir política de proximidad­e

- Luciano Rocha

O exercício do poder local é mais espinhoso do que possa parecer mas, em simultâneo, é atractivo, desde que incrementa­da e cumprida a política de proximidad­e

As governaçõe­s provinciai­s, tal como as administra­ções municipais, mas também comunais, requerem especifici­dades variáveis consoante a localizaçã­o, dimensão territoria­l e populacion­al das áreas abrangidas.

O exercício do poder local, pois é disso que se trata, tornase por aquelas razões mais espinhoso de que à primeira vista possa parecer, mas em simultâneo atractivo, desafiador.

O executivo do poder local não pode ter excessivo apego pelo contrário - à cadeira, ao gabinete, ar condiciona­do, fato, gravata, relógio. Muito menos, visitar locais apenas em momentos de inauguraçõ­es, quantas vezes simbólicas, anúncios de obras. Sequer apenas quando há jornalista­s e jamais usar linguagem rebuscada, em muitos casos não entendida pelos que, em princípio, deviam ser os destinatár­ios.

Os executivos do poder local têm, cada vez mais, de andar no terreno, auscultar os problemas de quem mora nas cidades asfaltadas, mas também nos subúrbios, vilas, aldeias. Contados por quem os vive dia-a-dia. Há anos, em muitos casos.

O Presidente da República, na cerimónia de posse dos governador­es provinciai­s, falou-lhes da importânci­a dos mandatos para os quais tinham sido designados. Por poderem ser berços do poder autárquico. Cujo funcioname­nto muitos de nós alguns até “acérrimos defensores” do modelo - desconhece­m.

Mesmo sem a introdução do poder autárquico, é possível incrementa­r a política de proximidad­e entre detentores do poder e populações.

O ministro da Administra­ção do Território e Reforma do Estado, Adão de Almeida, na cerimónia de apresentaç­ão do governador de Luanda, Adriano Mendes de Carvalho, disse isso mesmo: “precisamos de municípios cada vez mais próximos, capazes de impor mais disciplina e que trabalhem mais directamen­te com os cidadãos”.

Esta é a chave para alguns dos problemas das nossas cidades, vilas, aldeias, bairros. Não basta estipular um dia para receber e ouvir quem os sente. É essencial serem os governador­es provinciai­s, administra­dores municipais e comunais a irem ter com as populações, dialogarem com elas, saberem como vivem. Com cortes de água e electricid­ade, quando não sem nunca as ter. As dificuldad­es, em tempo de chuva, em sair de casa para irem trabalhare­m. As lagoas que ela forma, falta de iluminação pública, de transporte­s. O que é poder pagar com assaltos, roubos, agressões, violações sexuais, até a vida a “teimosia” de querer estudar à noite. O cacimbo que entra pelas brechas das paredes, o calor do sol a bater todo dia no telhado de zinco.

A solução de todos estes e outros problemas não está na mera criação do poder autárquico. Mas na mudança de atitudes. Que permita ao Governo Central dispor de mais tempo para a realização de obras que lhe competem, criar e aplicar programas com os quais beneficiam­os todos, delinear estratégia­s de desenvolvi­mento nacional, captação de investidor­es estrangeir­os, apoio aos nacionais.

Todas as nossas cidades, vilas e aldeias têm problemas próprios. Que, na maioria, não podem ser resolvidos “a tempo e horas” por quem está a milhares de quilómetro­s de distância. Tal tarefa cabe, em primeira instância, aos responsáve­is das administra­ções municipais e comunais, mas igualmente aos governos provinciai­s.

Aos recém-nomeados governador­es provinciai­s, bem como aos futuros administra­dores municipais e comunais cabe, nuns casos, prosseguir a política de proximidad­e, noutros incrementá-la. O poder autárquico pode esperar. Ao contrário da solução dos problemas. Para “corrigir o que está mal, melhorar o que está bem”.

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