Companhia sino-angolana alarga negócios
Companhia que quase declarou falência está no percurso para retomar os índices de produção e vendas anteriores à degradação da situação económica do país causada pela queda dos preços do petróleo
A empresa de montagem de motorizadas esteve quase a fechar, devido à crise. Conseguiu dar a volta por cima e hoje está a expandir-se. Dentro de quatro anos, vai fabricar acessórios, bancos e maçanetas de plástico. Agora está a dimensionar o negócio para três ou quatro vezes maior e adquiriu um espaço na localidade do Sequele.
Ao longo dos últimos três anos, a Agir Huang, maior unidade de montagem de motorizadas do país, quase declarou falência, diminuiu pessoal e reduziu importações, mas manteve os salários e a sociedade constituída em 2006 com um investimento de 5,5 milhões de dólares (917 milhões de kwanzas).
Em entrevista à Angop, o director da companhia, Luis Gourgel, declarou que a empresa reduziu a produção para entre 60 e 40 motorizadas por dia e a mão-deobra de 74 para 32 trabalhadores.
A companhia reduziu as importações mensais avaliadas em dois milhões de dólares (mais de 330 milhões de kwanzas) por mês antes de 2014, para 200 mil (33 milhões).
O ano de 2013 foi o período em que as vendas atingiram o pico, com cifras de 420 motorizadas por mês, um registo que superou oito vezes as vendas dos primeiros anos da criação da empresa, situadas entre 30 e 50 nesse lapso de tempo, mas, mesmo assim, acima das vendas observadas durante o auge a crise económica iniciada em Junho de 2014.
“Hoje já podemos dizer que o negócio é sustentável, mas se me perguntasse em 2015, eu diria que não sabia”, confessou o gestor.
Em Maio daquele ano, as importações mensais rondavam as 300 motorizadas por mês, mas, agora, já chegam às 800. Além das motas - os modelos mais vendidos são o LK 80B, o LK 50 2B, LK 125 e as motorizadas para transportar carga -, a Agir Huang comercializa acessórios e presta assistência técnica aos seus clientes.
A companhia pretende, dentro de quatro anos, fabricar acessórios como bancos e manetas de plástico em Angola e dimensionar o negócio para um nível três ou quatro vezes maior, para o que adquiriu um espaço na centralidade do Sequele, onde pretende edificar novas instalações.
As dificuldades relativas à obtenção de divisas obrigaram à empresa a trabalhar com pelo menos nove bancos nacionais - ao contrário dos dois iniciais -, estabelecendo relações fiduciárias para ultrapassar as barreiras, uma decisão que Luís Gourgel afirma que “funcionou”, dando lugar a um acesso limitado a recursos cambais. Recuperação visível O director da Agir Huang acrescentou que, na fase de recuperação, a empresa começou a beneficiar das novas modalidades de alocação de divisas estabelecidas pelo Governo, como o sistema de abertura de cartas de crédito.
Actualmente, o negócio está a ser implantado em várias províncias do país, além de Luanda, onde está instalada a sede da empresa, Cuanza Norte, Cuanza-Sul, Uíge, Zaire, Lunda-Norte, Benguela, Huíla e Huambo.
Luís Gourgel revelou que a empresa considera mercados a “desbravar” as províncias do Cuando Cubango e Lunda-Sul, onde há um interesse muito grande pelas motorizadas para o transporte de carga.
Luanda - onde os motociclos são mais solicitados pelo mototaxistas também conhecidos por “Kupapatas" - antecede o Cuanza-Sul na procura dos produtos da Agir Huang, declarou o director da empresa de montagem.
Luís Gourgel assinalou que a empresa sobreviveu, quando faliram os seus concorrentes instalados no Cuanza Norte, Huíla e Huambo, esta, uma província onde estavam instalados representantes da marca Bajaj, indianos, embora tenham os chineses da Kawasaki tenham resistindo.
A empresa, realçou, já representou a marca chinesa LingKen, mas agora produz a marca própria Agir Huang.
A companhia que resulta de uma fusão de capitais chinesas da Agir Inc. e Zhong Xing. Em 2006, as duas empresas associaram-se para adquirir uma unidade de tintas alienada pelo Estado angolano, numa aliança em que Luís Gourgel despontava como a terceira parte e um empresário com paixão por motorizadas.
Os sócios investiram inicialmente, para constituir a sociedade, um valor aproximado a três milhões de dólares (500 milhões de kwanzas), repartido em 60 por cento para a parte angolana e 40 para os chineses.
Negócio da Agir Huang está a ser implantado em várias províncias, além de Luanda onde está a sede, Cuanza Norte, Cuanza Sul, Uíge, Zaire, Lunda Norte, Benguela, Huíla e Huambo