Jornal de Angola

Rajoy fala hoje sobre a Catalunha

Prefeita de Barcelona, Ada Colau, pede serenidade a Carles Puidgemont­e ao primeiro-ministro espanhol

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O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, fala hoje no congresso sobre o desafio independen­tista na Catalunha, 24 horas após o líder catalão, Carles Puigdemont, discursar no Parlamento Regional.

De acordo com a presidente da Câmara Baixa espanhola, Ana Pastor, o pedido nesse sentido deu entrada já na mesa do congresso.

Entretanto, a prefeita de Barcelona manifestou-se ontem contra a independên­cia da Catalunha. Ada Colau pediu ao presidente do governo da região para não proclamar a separação, ao mesmo tempo que exigiu ao primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy para não interferir na autonomia da Catalunha.

A prefeita de Barcelona pediu a Carles Puigdemont e a Mariano Rajoy para não tomarem “nenhuma decisão que possa acabar com a possibilid­ade de um espaço de diálogo” e agirem “com a cabeça fria e com responsabi­lidade.” Ada Colau também exigiu que Mariano Rajoy não aplique o artigo 155 da Constituiç­ão, com o qual o Governo central assumiria directamen­te as competênci­as e funções da autonomia catalã.

Para a prefeita, o referendo catalão realizado a um de Outubro foi um “acto de soberania popular”, que marca “um antes e um depois na política catalã” e “uma janela de oportunida­de para o diálogo. Puidgemont aberto ao diálogo O presidente da região autónoma da Catalunha, Carles Puidgemont, anunciou ontem à tarde que “como presidente, quero seguir o desejo do povo catalão pela independên­cia”, mas propôs que o Parlamento Regional suspenda os efeitos da separação para restabelec­er o diálogo com o Estado espanhol.

Num pronunciam­ento no próprio parlamento, Carles Puidgemont falou sobre as consequênc­ias jurídicas do referendo de cisão entre a Catalunha e a Espanha, que ocorreu no último dia 1 de Outubro.

Num clima de manifestaç­ões separatist­as e repressão da polícia espanhola, a maior parte dos votantes expressou o desejo de separação. O referendo, no entanto, não é reconhecid­o pela Espanha e teve a participaç­ão de menos da metade (43 por cento) do eleitorado.

Puidgemont disse que a Catalunha tem o direito de ser um país independen­te e de ser respeitada, mas que está aberta para o diálogo. “Estamos sempre dispostos a conversar”, afirmou.

“Nós não somos loucos, nós não somos rebeldes, nós somos apenas pessoas que querem votar”, justificou-se, enquanto criticava duramente a reacção repressiva da Espanha ao referendo.

Disse que quer trabalhar para a estabilida­de económica e para a segurança e defendeu diálogo e tolerância. Também disse que a única forma de progredir é através do respeito à democracri­a. Puigdemont criticou o que chamou de atitude agressiva do governo espanhol em relação ao povo e à cultura da Catalunha e relembrou as 18 tentativas anteriores do governo catalão de fazer referendos reprimidas pelo Governo da Madrid.

“A relação entre a Catalunha e a Espanha não tem funcionado por séculos e nada foi feito para resolver este problema”, disse.

Puidgemont afirmou que não estava a projectar nenhuma ameaça ou insulto à Espanha, e que o seu objectivo é diminuir a tensão que tem subido nos últimos meses entre Barcelona e Madrid.

Puigdemont discursou para o Parlamento Regional da Catalunha, em Barcelona, com uma hora de atraso em relação ao horário esperado - o que pode indicar que houve uma mudança de planos de última hora ou uma tentativa de mediação internacio­nal antes da sua intervençã­o.

O Governo espanhol rejeitou o que chamou de "declaração tácita de independên­cia", segundo a agência AFP.

Um porta-voz do Governo espanhol disse que é "inaceitáve­l fazer uma declaração tácita de independên­cia para depois suspendê-la de maneira explícita".

Sentido de Estado do primeiro-ministro espanhol e do presidente catalão é crucial para se evitar um ponto de não retorno

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JAVIER SORIANO | AFP Primeiro-ministro Espanhol promete tudo fazer para manter a unidade do Reino

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