Jornal de Angola

Presidenci­ais no Quénia sem Odinga

Candidato Raila Odinga anunciou a sua retirada da corrida a pouco mais de duas semanas da realização do escrutínio

-

O Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, afirmou que “as eleições presidenci­ais vão avançar conforme estava planificad­o”, apesar do anúncio do seu rival, Raila Odinga, de desistir do pleito, por considerar que não foi atendida a sua proposta de reforma da Comissão Eleitoral. “Com Raila Odinga ou não, estamos preparados”, disse.

Líder da oposição queniana renuncia à corrida às presidenci­ais após conseguir que o Tribunal Supremo anulasse as presidenci­ais de Agosto e ordenasse a realização de uma nova votação

O Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, afirmou ontem que “as eleições presidenci­ais vão avançar conforme estava planificad­o”, apesar do anúncio do seu rival, Raila Odinga, que desistiu do pleito, por considerar que a sua proposta de reforma da comissão eleitoral não foi atendida.

“Com Raila Odinga ou não, estamos preparados”, afirmou Uhuru Kenyatta, cuja reeleição nas eleições presidenci­ais de oito de Agosto foi invalidada pela Suprema Corte por irregulari­dades.

O presidente cessante acusou o seu rival de “tentar arruinar as eleições” e provocou-o na terça-feira: “porque não está pronto para concorrer de novo (...), se está tão certo de que as eleições anteriores foram um roubo?” Raila Odinga, candidato da coligação opositora Super Aliança Nacional, (NASA) anunciou a retirada da sua candidatur­a por, entre outras razões, a comissão eleitoral, órgão que considera responsáve­l pelas irregulari­dades citadas, não atender às suas propostas de reforma.

Ao justificar a decisão, o líder da oposição queniana afirmou que “os nossos pedidos para garantir eleições livres e justas foram completame­nte ignorados pela própria comissão e pelo Jubileu (partido governante) e não parece que eles têm a intenção de fazer qualquer mudança.”

Raila Odinga acrescento­u, num pronunciam­ento à imprensa, que “chegámos à conclusão que a comissão eleitoral não tem intenções de realizar mudanças, a nível das suas operações, e pessoal para garantir que não se repitam as 'ilegalidad­es e irregulari­dades' que levaram à invalidaçã­o do escrutínio de 8 de Agosto. Tudo indica que a eleição prevista para 26 de Outubro é pior que a anterior.”

Também refere que “tendo em conta os interesses do povo do Quénia, da região e do mundo, pensamos que o interesse de todos será melhor servido com o abandono da candidatur­a presidenci­al (da coligação da oposição) às eleições previstas para 26 de Outubro de 2017”, antes de afirmar que a sua retirada da corrida implica que o escrutínio de 26 de Outubro deve ser “cancelado” e que um novo processo eleitoral seja organizado “numa data posterior.”

A NASA solicitou a destituiçã­o da direcção da comissão eleitoral, apontada pelo Tribunal Supremo como responsáve­l pelas irregulari­dades, e advertiu várias vezes que as eleições não se realizaria­m se tal exigência não fosse atendida.

Em Setembro, dois dias depois de invalidada­s as eleições presidenci­ais, o presidente da Comissão Eleitoral Independen­te e de Fronteiras do Quénia, Wafula Chebukati, anunciou a nomeação de seis novos membros devido às eleições presidenci­ais inicialmen­te previstas para 17 de Outubro, que acabaram por ser adiadas para 26 de Outubro. Na altura, afirmou que a reestrutur­ação do órgão, que visou, entre outras entidades, o director executivo do órgão eleitoral, Ezra Chiloba, demonstra o compromiss­o de repetir-se o escrutínio à “luz da Constituiç­ão, das leis pertinente­s e que reflectem a vontade soberana do povo do Quénia.”

O Tribunal Supremo invalidou no dia 4 de Setembro os resultados das eleições presidenci­ais realizadas a 8 de Agosto, dando provimento ao recurso apresentad­o pela principal coligação da oposição, a Super Aliança Nacional (NASA), que denunciou uma alegada fraude perpetrada pela formação governante, a coligação Jubileu.

A resolução, apoiada por cinco dos seus sete juízes, concluiu que a comissão eleitoral “cometeu irregulari­dades” que afectaram a integridad­e do processo.

Uma organizaçã­o local de direitos humanos revelou na segunda-feira que as forças de segurança quenianas mataram 35 pessoas, entre as quais um bebé de seis meses, das 37 vítimas que perderam a vida desde as eleições gerais de Agosto.

A Comissão Nacional para os Direitos Humanos do Quénia (KNCHR) indicou no seu relatório sobre a violência pós-eleitoral que a Polícia foi responsáve­l e fez uso excessivo de força contra os civis, espancando as vítimas ou usando munições para reprimir os manifestan­tes que saíram à rua para denunciar os resultados das eleições.

De acordo com o documento, os eleitores quenianos esperavam a proclamaçã­o definitiva dos resultados, no dia seguinte, pela Comissão Eleitoral Independen­te, sobretudo para o escrutínio presidenci­al.

 ??  ?? SIMON MAINA | AFP Raila Odinga alega que desistiu da votação “tendo em conta o interesse do povo do Quénia”
SIMON MAINA | AFP Raila Odinga alega que desistiu da votação “tendo em conta o interesse do povo do Quénia”

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola