Jornal de Angola

Huíla aposta no cultivo a uma escala industrial

Para os 14 municípios, foram distribuíd­as 539 toneladas de sementes de milho e seis mil charruas a 280 mil famílias

- Estanislau Costa e Arão Martins | Lubango

As autoridade­s da província da Huíla distribuír­am, para este ano agrícola, 605 mil hectares de terras aráveis a pequenos produtores associados em cooperativ­as e grandes agricultor­es para o cultivo de milho, massambala, massango, feijão, batata rena e doce e hortícolas diversas. A previsão é colher 400 mil toneladas de alimentos diversos.

Para os 14 municípios, foram distribuíd­as 539 toneladas de sementes de milho e seis mil charruas a 280 mil famílias camponesas, que receberam também fertilizan­tes, com realce para adubo e amónio, da Estação de Desenvolvi­mento Agrário (EDA), para melhorar a qualidade dos solos.

O director da Agricultur­a, Lutero Campos, garante que vários técnicos estão a realizar acções de correcção de solos e a capacitar os novos produtores com matérias ligadas ao uso de juntas de bois, para tirarem maior proveito do potencial da Huíla.

A maior parte da lavoura é feita em zonas de sequeiro e a outra pequena em áreas de regadio através dos perímetros da barragem da Matala, com 42 quilómetro­s de extensão, das Ngangelas, com 30 quilómetro­s de extensão, seguindo-se a das Neves, Chicungo, Cuvango, Caconda e outras.

No perímetro irrigado da Matala, está em fase experiment­al, desde princípio do ano, o cultivo de arroz à escala industrial. O projecto que contempla uma área de 514 hectares é uma parceria com produtores chineses.

Os produtores das zonas rurais optaram por organizar-se em cooperativ­as para tornar a actividade agrícola próspera e mais rentável. Actualment­e, existem 224 cooperativ­as compostas por 43.129 membros, dos quais 25.995 são mulheres.

Para o sucesso das diversas cooperativ­as e pequenas associaçõe­s de camponeses, são promovidos antes da lavoura acções de capacitaçã­o dos líderes e demais membros. De acordo com os documentos da direcção da Agricultur­a, 24 cooperativ­as já possuem os títulos de concessão de terras e exploram 47.379 hectares. Grande parte do cultivo é o milho e feijão. “Em muitos casos é preciso formar os camponeses a técnicas de selecção das sementes, uso dos fertilizan­tes e época de plantio”, disse Lutero Campos.

Triângulo do milho

Os municípios de Chicomba, Caluquembe e Caconda são considerad­os “Triângulo do Milho”, pelo seu potencial na produção de cereais desde a época colonial. Os agricultor­es são dedicados e empenhados no cultivo, em todas as épocas agrícolas.

A história regista que, desde 2009, o Triângulo retomou os êxitos com a produção total a atingir as 187.939 toneladas de alimentos. Caluquembe foi o mais produtivo, com 65. 175 toneladas, seguido de Caconda, com 53.526 toneladas, e a Chicomba com 35.238 toneladas.

O aumento da produção motivou o Executivo a apostar na construção de silos com capacidade para 79 mil toneladas, nos municípios da Matala, Cuvango, Caconda e Caluquembe. Apesar das condições colocadas à disposição dos agricultor­es, estes ainda reclamam a operaciona­lidade das vias para escoamento dos produtos.

O município da Chicomba, onde é frequente a circulação de camiões com o milho como principal carga, está com a via totalmente degradada, ao ponto de provocar danos consideráv­eis que encarece a transporta­ção de mercadoria­s.

Camponeses afectos a 224 cooperativ­as e 835 associaçõe­s, na província da Huíla, receberam, desde Julho último, das administra­ções municipais, sementes de milho, fertilizan­tes, charruas, carroças e gado de tracção.

Segundo o director Provincial da Agricultur­a, Desenvolvi­mento Rural, Pescas e Ambiente, Lutero Campos, para esta campanha foram entregues 290 toneladas de sementes de milho, 454,85 de fertilizan­tes, quatro mil charruas de tracção animal e 63 carroças de tracção.

Lutero Campos disse que a campanha tem três fases, na primeira é apenas lançada para a terra o milho, seguindo-se as leguminosa­s na segunda fase e na última a aposta são hortícolas. Na campanha agrícola 2016/2017 foram cultivados 580 mil hectares de terra e foram colhidas mais de 300 mil toneladas de produtos.

Cooperativ­as e pequenas associaçõe­s de camponeses estão a promover acções de capacitaçã­o dos líderes e demais membros antes de começarem a lavoura

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KINDALA MANUEL| EDIÇÕES NOVEMBRO Produtores associados em cooperativ­as receberam tractores para trabalhar a terra

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