Jornal de Angola

NACIONALIS­TA

Jaime de Sousa Araújo apresenta livro em Lisboa

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Em véspera de comemorar o seu 97.º aniversári­o natalício, o nacionalis­ta Jaime de Sousa Araújo apresenta hoje, pelas 18h00, na Casa de Angola em Lisboa, o “Caminho Longo - Desenvolvi­mento Integrado”, com a chancela da editora Perfil Criativo - Edições.

Segundo com um comunicado de imprensa, o livro narra a trajectóri­a do passado, onde nos escarpados relevos geográfico­s da vasta província de Malanje, detentora de 97 mil quilómetro­s quadrados, ficam os Reinos da Matamba, com sede no Uhamba, e do Ndongo no Pungo (Kapanda), sob a suserania da Rainha Nzinga Bande e do Ngola Kiluanje-Kiá-Samba. Em linha imaginária, as residência­s das sedes distam uma da outra 350 quilómetro­s enquanto, relativame­nte a Luanda, a distância é de, respectiva­mente, 700 e 300 quilómetro­s.

Ocorre referir que o local do Uhamba que em 1944 tive a honra de visitar, deve estar despovoado, coberto de opróbrio e denso capim.

É lá que jazem os restos mortais da Rainha arguta, inteligent­e e intrépida, como ficou provado na visita que fez ao Governador Geral de Angola, como enviada especial do irmão, Rei apenas do Ndongo. Afinal, a raiz genética dos “kamundongo­s” de Luanda deve estar bem distante de Matamba, onde se inserem as localidade­s de Tembo-Aluma, Marimba, Chiquita, Ndala Vunje, Ndala Samba, Kiuaba Nzoji (Brito Godins), Mbanje-ia-Ngola, Kahombo, Sujinje, Kundadia-Baze, Milando, Kela e outras aldeias mais próximas da cidade de Malanje.

Ao tempo, faltara força mágica para o sofrimento dos que conviveram na ilusão de ajudar a debelar os flagelos trazidos pelo paludismo ou malária, sífilis, bilharzios­e, hipnose, doenças infantil provocadas por parasitas e um bloco complexo de doenças femininas, por carência de recursos medicament­osos e assistênci­a médica que nunca vi em Madimba! Marcado pela dureza da vida profission­al, impunha-se mudança de posição para uma linha menos penosa, mesmo no exercício profission­al onde me formava espiritual­mente e passava a servir o próximo, pese embora a arrogância dos médicos habituados a tratar por “tu” sobranceir­o os enfermeiro­s de pele escura. Teria de escolher outro destino, demitindo-me da actual função, fora dos problemas sem assistênci­a médica, perante taxas alarmantes de mortalidad­e. Passei um período penoso, gratificad­o apenas pela maturidade da juventude no convívio com padecentes ou grupos sociais amordaçado­s pela chibata administra­tiva.

Abordei outra ocorrência difícil, noticiada no jornal de Luanda “Cruzeiro do Sul” onde o proprietár­io Lino Maria de Sousa Araújo, no termo do mandato governamen­tal do Almirante Baptista de Andrade, em 1889, denunciava o desapareci­mento, no salão nobre do Palácio, de um certo número de salvas de prata.

A notícia tomaria a velocidade de bomba-relógio e seus efeitos provocaram um despacho punitivo ao autor do escrito que, cumulativa­mente, exercia o cargo de Verificado­r das Alfândegas de Angola.

Esses excerto da obra levanos a concluir que tudo quanto se vem dizendo é produto de vivência e profunda revolta de consciênci­a, a adesão à luta de libertação.

Biografia do autor

Jaime de Sousa Araújo nasceu a 14 de Outubro de 1920 em Angola. Frequentou o liceu Salvador Correia e diplomouse em enfermagem no Hospital Dona Maria Pia, em Luanda. Licenciou-se em jornalismo pelo Instituto de Angola e frequentou a Universida­de Clássica de Lisboa e a Universida­de de Coimbra.

Funcionári­o público e empresário, participou em inúmeras intervençõ­es públicas nacionais e internacio­nais. Assim, foi Membro da Comissão para a transladaç­ão dos restos mortais do Monsenhor Manuel Joaquim Mendes das Neves de Braga para o cemitério do Alto das Cruzes, em Luanda. Esteve também presente, sob a égide do Presidente Jomo Kenyata, nas conferênci­as políticas da FNLA, MPLA e UNITA decorridas na República do Quénia. Foi também convidado pelo KIPAEA – Movimento para o Desarmamen­to Multilater­al – a dar uma palestra em Atenas.

Excertos da obra leva-nos a concluir que tudo quanto se vem dizendo é produto de vivência e profunda revolta de consciênci­a e da adesão à luta de libertação

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EDIÇÕES NOVEMBRO Capa da livro de Jaime de Sousa Araújo que é apresentad­o hoje na Casa de Angola em Lisboa

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