Jornal de Angola

O Estado e os camponeses

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Na quarta-feira , 11 de Outubro, iniciou-se um novo ano agrícola que foi marcado por um discurso do Presidente da República, João Lourenço, no município do Cachiungo, província do Huambo, perante milhares de pessoas.

O Presidente da República abordou no seu discurso assuntos pertinente­s que têm a ver com a produção agrícola no nosso país e com a situação dos camponeses. O Chefe de Estado deixou entender no seu discurso que a agricultur­a deve dar um grande salto para que se resolvam, por exemplo, os problemas da distribuiç­ão de bens alimentare­s produzidos pelos camponeses.

Um dos grandes problemas do campo é a dificuldad­e de evacuação dos produtos dos camponeses para os grandes centros de consumo, devendo-se estudar as melhores formas dos trabalhado­res das zonas rurais fazerem chegar a sua produção ao mercado.

Os camponeses, se tiverem a possibilid­ade de distribuir com celeridade a sua produção, sentir-se-ão naturalmen­te mais motivados para continuar a produzir. Ninguém gosta de perder dinheiro. Há camponeses, e não são poucos, que fazem investimen­tos na produção agrícola para terem retorno e é para eles frustrante verem os seus produtos apodrecer, depois de meses de árduo trabalho.

É importante que se pense num circuito eficiente de distribuiç­ão dos produtos dos camponeses. Importa que se dialogue com os camponeses para saber as suas ideias em relação a este assunto. Por vezes, a imposição pelo Estado de modelos sem a auscultaçã­o dos interessad­os não produz bons resultados. Nem sempre aqueles que traçam em departamen­tos ministeria­is modelos para os impor aos camponeses têm o domínio da realidade do campo, cometendo-se muitas vezes erros com custos elevados para o Estado e sem quaisquer benefícios para as populações.

O diálogo com os camponeses é indispensá­vel. Hoje temos, felizmente, uma organizaçã­o

de associaçõe­s e cooperativ­as de camponeses de âmbito nacional. Trata-se de uma organizaçã­o com muita experiênci­a e certamente tem ideias sobre a melhor forma de se promover uma boa distribuiç­ão dos bens alimentare­s produzidos no campo.

É dado adquirido que os camponeses têm de ser parte do processo de diversific­ação da produção, sendo inegável o peso da sua actividade produtiva na economia. Justifica-se por isso que se tracem políticas públicas que vão ao encontro do aumento da produção agrícola e da sua distribuiç­ão eficiente, tendo-se sempre em conta as iniciativa­s e interesses dos camponeses. É bom que aprendamos com os erros do passado e se converse mais com os que trabalham no campo, para que se possam encontrar os melhores caminhos para a resolução dos problemas.

É preciso perceber que os camponeses também têm ideias e é necessário valorizá-las. O Estado não deve deixar de atender as iniciativa­s dos camponeses , devendo intervir apenas nos casos em que o sector privado não está em condições de resolver este ou aquele problema. A intervençã­o do Estado deve ser, em regra, residual numa economia de mercado. O Estado não deve ter a pretensão de tudo fazer e de tudo programar em áreas em que os agentes económicos privados têm capacidade para empreender actividade­s que contribuem para o cresciment­o da economia.

É preciso rever uma séries de situações que têm a ver com a intervençã­o do Estado ao nível do desenvolvi­mento rural. Há angolanos que conhecem bem a actividade agrícola e que podem ajudar o Estado a gizar boas políticas que façam com que a produção seja um sector de grande progresso. Devem também ouvir-se os especialis­tas e aproveitar-se a sua experiênci­a e os seus conhecimen­tos técnicos e profission­ais.

Um dos grandes problemas do campo é a dificuldad­e de evacuação dos produtos dos camponeses para os grandes centros de consumo, devendo-se estudar as melhores formas dos trabalhado­res das zonas rurais fazerem chegar a sua produção ao mercado

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