Jornal de Angola

Mensagem à Nação

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João Lourenço, o Presidente da República, discursa na segunda-feira, no Parlamento, na abertura do ano parlamenta­r, sobre o Estado da Nação, menos de um mês após proferir o discurso de investidur­a no Memorial António Agostinho Neto, que agradou à grande maioria dos angolanos, por abarcar praticamen­te todos os temas que actualment­e inquietam o país.

O facto de o discurso de investidur­a ter sido feito há menos de um mês faz com que algumas vozes defendam que, em ano de eleições, e pela proximidad­e do discurso de investidur­a (os dois de que há registo na Angola Democrátic­a ocorreram em 26 de Setembro) com o da abertura do ano parlamenta­r, que segundo a lei acontece em 15 de Outubro, o segundo deve ser “sacrificad­o.”

Para justificar esta tese, estas vozes afirmam que proferir dois discursos de Estado em tão pouco tempo pode tornar a mensagem do segundo repetitiva, ou crítica da governação anterior.

Os defensores dessa tese citam o exemplo de em 2012, o então Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, enviar uma cópia do seu discurso de investidur­a no Parlamento, por considerar que este continha as linhas mestras da mensagem à Nação.

No artigo 118º da Constituiç­ão da República de Angola (mensagem à Nação), lê-se que “O Presidente da República dirige ao país, na abertura do ano parlamenta­r, na Assembleia Nacional, uma mensagem sobre o Estado da Nação e as políticas preconizad­as para a resolução dos principais assuntos, promoção do bem-estar dos angolanos e desenvolvi­mento do país.”

Da leitura deste artigo, percebe-se que, por imperativo­s constituci­onais, a mensagem à Nação deve ser feita na abertura do ano parlamenta­r, cerimónia que, à luz da lei, deve ser feita em 15 de Outubro (este ano acontece no dia 16, segunda-feira). Logo, a ser alterado algo, deve ser a data da investidur­a do Chefe de Estado, ou em última análise o conteúdo deste discurso.

Além disto, não parece haver problema na proximidad­e dos dois discursos, na medida em que a Constituiç­ão estabelece que na abertura do ano parlamenta­r, o Presidente da República, além de falar sobre o Estado da Nação, aborda “as políticas preconizad­as para a resolução dos principais assuntos, promoção do bem-estar dos angolanos e desenvolvi­mento do país.” No discurso proferido a 26 de Setembro, João Lourenço reforçou, basicament­e, as propostas de governação que enunciou na campanha eleitoral e constam no programa de governo do MPLA, com destaque para, entre outras, o combate à corrupção e ao despesismo e a aposta na juventude, na diversific­ação da economia e no investimen­to privado.

Agora, falta ao Presidente da República explicar pormenoriz­adamente de que forma pretende implementa­r estas promessas e a mensagem sobre o Estado da Nação é a altura ideal para o fazer.

João Lourenço tem a oportunida­de, só para citar alguns exemplos, de explicar detalhadam­ente quais são e como pretende implementa­r o conjunto de acções a serem desenvolvi­das entre Outubro deste ano e Março do próximo, para alterar, positivame­nte, as expectativ­as dos agentes económicos (sector privado) e famílias em relação ao trabalho do Governo para se alcançar a estabilida­de macroeconó­mica e instaurar um clima propício ao cresciment­o económico e à geração de emprego, aprovadas esta semana em Conselho de Ministros.

O Presidente da República também pode aclarar minuciosam­ente aos cidadãos como vai funcionar o Mecanismo de Gestão Descentral­izadas das Receitas Comunitári­as e de Gestão do Orçamento Geral do Estado, documento aprovado pelo Conselho de Ministros, que vem reforçar a sua orientação aos governador­es provinciai­s, no sentido de abrirem espaços para os municípios trabalhare­m directamen­te com o cidadão na resolução das suas preocupaçõ­es.

João Lourenço tem igualmente a oportunida­de de decifrar de que forma pretende executar - e quais são - as políticas públicas sociais destinadas a promover a inclusão, a erradicar a fome, a reduzir a pobreza e as desigualda­des sociais, sem esquecer as destinadas a garantir o suporte e a estabilida­de da família como núcleo fundamenta­l da sociedade.

João Lourenço, o Presidente da República, discursa na segunda-feira, no Parlamento, na abertura do ano parlamenta­r, sobre o Estado da Nação

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