Jornal de Angola

Governo da Catalunha sofre pressão de Madrid

Madrid exige à Catalunha que defina em que situação se encontra, dentro ou fora de Espanha, para o país avançar

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O requerimen­to enviado pelo Governo espanhol ao chefe do Executivo da Catalunha dá o prazo de cinco dias (até segunda-feira) para que Carles Puigdemont confirme se declarou a independên­cia da região.

O documento estabelece que o presidente catalão tem até quinta-feira para rectificar a decisão e restaurar a ordem constituci­onal.

Para Jordi Turull, portavoz da Generalita­t (Governo catalão), a iniciativa de Mariano Rajoy, primeiromi­nistro espanhol, deixa claro que não há abertura para o diálogo.

No seu discurso no Parlamento na terça-feira, Carles Puigdemont, presidente catalão, afirmou que a suspensão dos efeitos da declaração de independên­cia tinham como propósito abrir caminho para o diálogo, numa tentativa de diminuir as tensões e propiciar um possível acordo.

O primeiro-ministro Mariano Rajoy afirmou ontem que Espanha não se deve sujeitar à vontade de um grupo de pessoas que tenta mudar a ordem constituci­onal para atender os seus interesses. Rajoy, sem se referir às figuras que aconselhar­am Madrid e Catalunha a dialogar, reforçou que “não há ideia nenhuma que pode separar os espanhóis nem dar a entender que entre nós existem diferenças políticas que justificam a separação de regiões”.

A Espanha, disse, é um Estado forte que vive em paz e com base nos seus valores culturais dentro de uma zona forte e unida, como a União Europeia. Vários líderes mundiais pediram ao presidente da Catalunha que não declara-se a independên­cia unilateral, e aceitasse dialogar com a Madrid, em nome de todos os catalãs. Carles Puigdemont ouviu osconselho­s e declarou a independên­cia, mas com carácter de suspensão, para discutir com Madrid os termos da aplicação da formação da futura república.

O governo espanhol rejeitou qualquer tentativa de diálogo. Agora, Madrid exige a Catalunha que defina em que situação se encontra, se dentro ou fora de Espanha, por quer avançar com medidas de carácter político para corrigir aquilo que chamou de falta grave dos líderes regionais perante os valores supremos da nação.

O requerimen­to enviado ao chefe do Executivo da Catalunha pede apenas uma única coisa: Catalunha saiu ou não? A imprensa local, na Catalunha, refere que o requerimen­to devia conter um espírito mais contido e conciliado­r, mas não, “mostra toda arrogância das autoridade­s de Madrid”.

Os políticos na oposição em Madrid falam que Puigdemont devia se demitir porque “já não está em altura de ser o interlocut­or que os catalãs precisam”.

Na Catalunha mantémse a divisão entre aqueles que insistem na independên­cia e os que acham uma verdadeira traição à Espanha. Os que querem sair da Espanha, encorajam o governo catalãs a aplicar a declaração de independên­cia imediatame­nte, sem precisar de incetar convwersaç­ões com as autoridade­s de Madrid.

A Catalunha foi apanhada numa situação que só Carles Puigdemont e pares podem a tirar de lá, e voltar a devolver a vida dinâmica a Barcelona, como nos últimos anos, comentou sob anomiato um a catalã que prefere a Espanha.

Festa da União

A Espanha comemorou o Dia da Festa Nacional, uma data simbólica para o país. Em Madrid, milhares de pessoas foram às ruas para acompanhar os desfiles que contam com quase 4 mil militares e membros da Guarda Civil e da Polícia Nacional.

O lema da festa este ano é “Orgulhosos de ser espanhóis”, uma piada aos independen­tistas. Neste contexto de tentativa de independên­cia da Catalunha, as comemoraçõ­es acabaram por ganhar um tom de manifestaç­ões pela manutenção da unidade do país, com milhares de pessoas carregando bandeiras espanholas e cartazes de apoio ao governo central. Tanto os reis da Espanha, Felipe VI e a sua mulher Letizia, como os presidente­s das regiões autónomas participar­am nos desfiles. Apenas representa­ntes de três comunidade­s não foram ao evento, o de Euskadi, de Navarra e, naturalmen­te, o da Catalunha. O ato começou com a chegada dos reis à Praça de Lima, onde foram recebidos com gritos de “Viva a Espanha” por centenas de pessoas. O desfile, terrestre e aéreo, aconteceu no Paseo da Castellana, com 84 veículos e 78 aeronaves.

O primeiromi­nistro Mariano Rajoy disse que Espanha não se deve sujeitar à vontade de um grupo de pessoas que tenta mudar a ordem constituci­onal e os valores espanhóis

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LLUIS GENE | AFP Líder catalã, Carles Puigdemont, tem até segunda-feira para esclarecer as coisas a Madrid

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