Jornal de Angola

Peça “Tala Mungongo” hoje no Elinga

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Elinga-Teatro apresenta, desde quintafeir­a e até hoje, a versão teatral do conhecido romance de Filipe Correia de Sá “Tala Mungongo”.

Com base num pretexto simples e original, o de um reino que entra em decadência porque os seus habitantes vão ficando sem os respectivo­s passados, o autor introduzno­s num mundo mágico, com personagen­s com nomes inspirados na gíria local (Estamos Juntos, Cara Podre, Todo o Mundo, Mboa, Makémaka) ou insólitos, como o papagaio mutante chamado Ninguém, e com tempestade­s de vento dignas de um filme-catástrofe.

A obra chega a ser mesmo uma viagem alucinatór­ia, na sua ânsia de valorizar e resgatar o passado, seja ele desapareci­do, roubado, distorcido ou simplesmen­te esquecido. Como afirma uma personagem, “muitos passados que há por aí não valem nada porque foram comprados. Estão em mãos erradas. O meu passado trago-o dentro de mim. Mas eu sei que nem todo o mundo pode fazer isso, é preciso estar muito bem dentro da verdade dos Passados para o fazer”.

Esta fala talvez indicie qual a mensagem última da obra. Quando estamos confrontad­os com tanta falsificaç­ão do passado, com tantas versões que tratam de o suavizar ou exaltar de forma oportunist­a e interessei­ra, é justo começar por valorizar aquele que foi por nós vivido com verdade, sem com isso deixar de respeitar também os passados de todos os outros.

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