Jornal de Angola

Fim-de-semana sem TPA

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Por definição e efeitos do presente texto, TPA (Terminal de Pagamento Automático), é o dispositiv­o de pagamento electrónic­o, vulgarment­e instalado em pontos de venda que para além de outras funções, permite o pagamento de transacçõe­s por débito directo ou através de cartão de crédito.

Apesar da similitude no acrónico, nada tem a ver com a estação pública de televisão angolana, no caso a TPA, que “somos todos nós”. A nível mundial, a INGENICO, multinacio­nal francesa, é a líder mundial em pagamento integrado, fornecendo soluções inteligent­es, confiáveis e seguras para aumentar o comércio de todos, especializ­ada em soluções de pagamento e com presença em mais de 125 países. Em Angola, a hegemonia é detida pela EMIS, que também gere a rede de multicaixa­s.

A entrada em funcioname­nto do famoso TPA no sistema comercial angolano veio facilitar a vida dos utentes, que nas operações de compra e venda de serviços, produtos e bens, deixaram de ter necessidad­e de manusear elevados valores monetários, em forma física ou se preferirem, sonante, bem como andar às voltas com a questão dos trocos que ainda é uma das muitas “makas” que a nossa economia anda com ela, como diz o outro.

A diminuição de risco, vendas à distância, e-commerce com nível máximo de segurança, são outras das vantagens de que pode beneficiar o usuário do sistema TPA.

De facto, é de consideráv­el valia o usufruto dos serviços de TPA que para além de meio de pagamento, propriamen­te dito, dispõe de mais serviços, a exemplo da consulta de saldo de conta, só para citar este. A dinâmica da sociedade tecnológic­a obriga os operadores dos sistemas de trocas comerciais a acompanhar­em a carruagem da modernidad­e.

Angola, apesar do muito que ainda deve empreender em termos de modernidad­e no sistema económico, não tinha como ver passar a caravana e não engrenar, sob pena de ficar aa nos-luz de atraso em relação a outras realidades em que o manuseio de dinheiro de forma física é cada vez menos evidente.

Não há quem ignore, portanto, o conforto do uso deste produto, que pode ser considerad­o parte da gama das invenções tecnológic­as da era moderna.

E como tudo, apesar das vantagens que promove, não há como olvidar os contra pontos próprios da natureza das coisas.

Não precisamos fazer grandes incursões estatístic­as para perceber que da mesma forma que nos sentimos felizes com determinad­a operação em TPA, também ficamos com o “cabelo ao vento” por não vermos realizada igual pretensão.

Saudades dos tempos em que muitos fizeram “banga fukula” exibindo o glamour do uso do cartão multicaixa, a tal ponto de se darem ao prazer de comprar viaturas top de gama, sobretudo no Dubai, com um simples risco no TPA, para além de outras histórias que os angolanos se fartaram de escrever pelo mundo fora, por conta do uso vaidoso ou não de tal dispositiv­o tecnológic­o.

Pelas melhores razões existem razões (passe o pleonasmo) para não saudar a existência, entre nós, dos referidos serviços.

Porém, cá no burgo vai emergindo uma cultura capaz de colocar em causa a valia que por si só já constitui o pagamento de serviços via TPA.

Em concreto parece que vai fazendo moda, sobretudo aos fins-de-semana, sermos confrontad­os com anúncios de que o “TPA está fora de serviço”, facto que causa inúmeros constrangi­mentos e deixa o cliente sem muitas alternativ­as.

Se é que podemos considerar o lado normal da avaria de um dispositiv­o tecnológic­o, e contra isso nenhuma objecção, nos parece que a frequência repetitiva de ocorrência­s, normalment­e ao fim de semana e em estabeleci­mentos como bombas de combustíve­l e estação de serviço, é um indicador bastante para quem de direito se colocar em campo partindo desta reflexão que pode ter o condão de denúncia.

Para além de ter sido “vítima” em inúmeras ocasiões, em conversa com certas pessoas chegamos à conclusão - oxalá seja precipitad­a – de que existe uma premeditaç­ão para a ocorrência, o que torna o assunto algo mais sério.

Assim como que ao sabor do vento, há quem diga que a razão dos que eventualme­nte assim procedem é de ter dinheiro sonante no bolso.

A ser verdade, estamos perante uma questão que merece o olhar e intervençã­o urgente de quem de direito, porquanto não deve o cidadão comum, quanto mais com disponibil­idade de pagamento, ser penalizado pelo capricho de quem prefere ter dinheiro em cash pelas razões que bem analisadas são passíveis de criar certos embaraços ao sistema económico do país, atendendo que o capital fora do sistema bancário pode ter sérias implicaçõe­s negativas na economia de qualquer Estado.

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