Madrid alarga prazo para o esclarecimento
Região Autónoma pediu um diálogo franco com o Governo mas foi rejeitado e Madrid pede à Catalunha o “sim ou não”
O Governo espanhol anunciou ontem que vai assumir o controlo da Catalunha se o líder catalão, Carles Puigdemont, não desistir da tentativa de separar a região do restante da Espanha.
A vice-primeira-ministra da Espanha, Soraya Sáenz de Santamaria, garantiu que foi dado mais um tempo à Catalunha para desistirem do seu caminho absurdo. “Puigdemont ainda tem a oportunidade de começar a resolver essa situação, ele precisa responder 'sim' ou 'não' sobre a declaração de independência”, disse Sáenz de Santamaria.
O Governo de Madrid deu a Carles Puigdemont até às 10 horas de ontem para esclarecer o seu posicionamento definitivo sobre a independência com um “sim” ou um “não”, mas o líder da Catalunha não respondeu directamente à pergunta. Puigdemont deixou tudo na mesma, ou seja, quer apenas conversar sobre as linhas para consolidar uma a futura independência em forma de república.
O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, advertiu através de uma carta enviada ao presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, que o político vai ser “o único responsável pela aplicação da Constituição”, em referência ao artigo 155, que permite ao Governo central assumir as funções desempenhadas pelas autoridades regionais uma vez que as obrigações da Constituição ou de outras leis não sejam cumpridas e isso afecte o interesse geral do país.
No texto, Rajoy disse lamentar profundamente que Puigdemont não tenha respondido com clareza ao requerimento feito em 11 de Outubro para que informasse se tinha declarado ou não a independência da Catalunha, mas lembrou que o prazo para a resposta é até à próxima quinta-feira.
Em carta enviada ontem a Rajoy, o presidente catalão evitou responder se declarou a independência e pediu “dois meses” para dialogar e negociar uma saída política ao conflito entre a Catalunha e a Espanha.
“Não posso aceitar em modo algum a existência disso que o senhor Puigdemont chama de 'conflito histórico entre o Estado espanhol e a Catalunha'. Nunca, em toda a sua história, os cidadãos da Catalunha gozaram de tantas liberdades e autonomias política e financeira do que durante esta etapa democrática”, respondeu Rajoy.
Ontem, a vice-presidente do Governo espanhol, Soraya Sáenz de Santamaría, convidou o presidente da Catalunha para dialogar no Congresso. Em conferência de imprensa, ela endossou o pedido de uma resposta clara até quinta para acabar com a incerteza dos cidadãos.
Soraya Sáenz de Santamaría explicou que o artigo 155 não é para suspender a autonomia da Catalunha, mas para que seja exercida de acordo com a legalidade constitucional e com o Estatuto de Autonomia da Catalunha.
Soraya Sáenz de Santamaría considerou não ser aceitável que Puigdemont faça um apelo ao diálogo quando se nega a debater com a oposição na Catalunha e aplicou uma política de factos consumados e impondo as suas posições.
Segundo a Vice-Presidente do Governo espanhol, Soraya Sáenz de Santamaría, Puigdemont tem a oportunidade de rectificar e voltar à legalidade se comparecer ao Congresso dos Deputados para explicar o que deseja, pois o diálogo não se exige, se pratica. “Não pode convencer o resto do mundo se não pode explicar por que não vai nem ao Congresso”, Soraya. No Parlamento regional, Puigdemont assumiu “o mandato do povo da Catalunha para que seja um Estado independente em forma de república”, após o referendo realizado no dia 1 de Outubro, apesar de suspenso pelo Tribunal Constitucional da Espanha, no entanto, em seguida, propôs suspender os efeitos da declaração de independência para abrir a porta ao diálogo com o Governo de Rajoy com uma mediação.
Mariano Rajoy disse a Carles Puigdemont através de uma carta que vai ser o único responsável pela aplicação da Constituição, em referência ao artigo 155 que permite inviabilizar a região