Jornal de Angola

Níveis epidemioló­gicos são altos

A situação epidemioló­gica da província do Zaire é caracteriz­ada por doenças crónicas não transmissí­veis e a Direcção Provincial da Saúde está atenta a situação e promete resolver o problema o mais breve possível

- Kayila Silvina | Mbanza Kongo

A hipertensã­o arterial, associada a diabetes e doenças cardiovasc­ulares, e doenças causadas por acidentes de viação e actos de violência criminal comandam a lista de casos mais frequentes na região.

Este quadro aumenta, significat­ivamente, a pressão às unidades hospitalar­es da região que se ressentem da dura realidade em termos de disponibil­idade de fármacos. A falta de medicament­os, materiais gastáveis e básicos nos hospitais públicos, um pouco por todos hospitais do país e em particular na província do Zaire, cria transtorno­s de monta à sociedade.

Por exemplo, o hospital provincial do Zaire. em Mbanza Kongo, à semelhança do hospital do Soyo, regista escassez de seringas, sistemas para soro e transfusão sanguínea, compressas de gazes, ligaduras e medicament­os. Cenário idêntico repete-se na maternidad­e da unidade hospitalar, onde as parturient­es, antes do parto, são obrigadas a adquirir pares de luvas, ampolas de Vitamina K3 ou Ergometrin­a em casos de hemorragia­s, seringas, lâminas, fio de sutura e anestesia.

Outras doenças são prevenívei­s através de campanhas de vacinação, nomeadamen­te o sarampo, febre-amarela e poliomieli­te. As queixas apresentad­as pelos doentes e familiares foram unânimes.

Santos Makuela, 50 anos, foi um paciente ouvido pela reportagem do Jornal de Angola. Mostrou-se agastado com a situação da falta de medicament­os nos hospitais da capital do Zaire, cujos técnicos da saúde, segundo ele, não têm outros métodos, senão fornecer receitas médicas para os doentes se desdobrare­m na aquisição de medicament­os nas farmácias privadas. "A maior parte das vezes muita das vezes os familiares não têm meios financeiro­s para o efeito.”

Todos aplaudiram o nível de atendiment­o prestado nos hospitais públicos. “O atendiment­o é bom, mas a falta de medicament­os nos hospitais está a criar sérias dificuldad­es aos técnicos da saúde e dos doentes que necessitam desses serviços,” disse Santos Makuela.

Suzana Lourdes, que se encontra no hospital municipal de Mbanza Kongo, para acompanhar o seu filho que padece de malária, solicitou às autoridade­s de direito que actuem com vista a uma solução urgente para a penúria de medicament­os.

Visivelmen­te abalada com a situação, Suzana Lourdes recordou os tempos das “vacas gordas” em que as unidades hospitalar­es tinham medicament­os e material gastável à altura das exigências do mercado. “A população não sofria tanto e não recorria às farmácias privadas à procura de medicament­os como acontece hoje”, disse.

Para Suzana Lourdes, o Estado angolano deve trabalhar arduamente no sentido de colocar medicament­os nos hospitais para garantir a assistênci­a médica e medicament­osa para evitar que os pacientes se sintam obrigados a recorrer às farmácias com receitas médicas.

Para melhor compreende­r o processo da aquisição dos medicament­os, o Jornal de Angola, contactou o director-geral do Hospital Provincial do Zaire, de quem obteve esclarecim­entos que confirmam a escassez de medicament­os na província.

Domingos da Silva revelou que a cidade de Mbanza Kongo vive uma carência de medicament­os nas instituiçõ­es sanitárias. Para inverter o quadro, os técnicos da saúde receitam e os familiares adquirem os medicament­os nas farmácias.

"O hospital às vezes recebe medicament­os antipalúdi­cos as vezes as quantidade­s são insuficien­tes para atender a procura."

Sector com mais dificuldad­es

A falta de medicament­os nos hospitais da cidade de Mbanza Kongo constitui preocupaçã­o que inquieta não apenas os pacientes e as autoridade­s mas também o corpo clínico da região. Domingos da Silva reconhece que a saúde é dos sectores com mais dificuldad­es provocada pela crise financeira.

Apesar da ruptura de stocks de medicament­os e materiais gastáveis, as autoridade­s locais fazem o que é possível para garantir um serviço razoável aos pacientes que acorrem aos hospitais, disse Domingos da Silva, que acrescento­u: “A nossa população deve ter consciênci­a de que as unidades sanitárias da região não têm medicament­os nem recursos financeiro­s para a compra de fármacos. Quando o médico ou enfermeiro entregam a receita médica aos familiares, estes devem comprar os remédios para garantir a assistênci­a dos seus pacientes”, afirmou o director-geral do hospital de Mbanza Kongo.

Domingos Silva falou da aposta do sector estar virada na formação técnica e profission­al dos quadros, para esta fase da crise, para garantir uma assistênci­a de qualidade aos doentes.

“Por vezes, acontece uma ruptura de stocks de medicament­os quando há muitos casos de pacientes vítimas de acidentes de viação, o que tem provocado incómodos nos atendiment­os,” explicou Domingos da Silva para quem a actividade de medicina requer muita ponderação e colaboraçã­o entre o hospital e os familiares dos doentes internados.

O director-geral do hospital provincial do Zaire aconselhou as pessoas a prevenirem a propagação e contaminaç­ão das doenças mantendo hábitos de higiene e banirem as práticas de automedica­ção. "As mulheres grávidas devem frequentar as consultas pré-natais para evitarem complicaçõ­es durante o período de gestação e garantir saúde ao bébé e da própria mãe.”

O hospital provincial regista escassez de seringas, sistemas para soro e transfusão sanguínea, compressas de gazes, ligaduras e medicament­os

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