Jornal de Angola

Promessas e esperança

- Eleazar Van-Dúnem

A continuida­de do “estado de graça” de João Lourenço, reforçado com a mensagem à Nação que proferiu na abertura do Ano Parlamenta­r e sobre a qual muito já se falou, depende da capacidade de o Presidente da República fazer o que diz que vai fazer.

Caso não o consiga, desvanece-se com o seu estado de graça a esperança de milhões de angolanos que nele votaram e de outros tantos que não o fizeram, mas querem vê-lo corrigir o que está mal e melhorar o que está bem “com serenidade e com firmeza.”

O próximo, e mais difícil, teste de João Lourenço é o Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2018, o principal instrument­o de execução financeira do Executivo saído das eleições de 23 de Agosto para o próximo ano.

De acordo com o ministro angolano das Finanças, Archer Mangueira, está já em fase de elaboração, para que seja aprovado até ao fim deste ano pelo Parlamento.

O OGE para o próximo ano inclui, segundo Archer Mangueira, o Programa de Investimen­tos Públicos, que integra a construção de escolas, hospitais, estradas, pontes e outras obras, entre as quais infra-estruturas que o Governo vai erguer em todo o país.

Os valores disponibil­izados ao sector social, com destaque para as áreas da Educação e da Saúde, sem descurar a agricultur­a e a até agora demasiado propalada, mas pouco implementa­da, diversific­ação da economia, vão reforçar, ou refrear, as expectativ­as dos angolanos sobre a governação de João Lourenço.

Os angolanos não esqueceram que o Presidente da República afirmou na sua mensagem à Nação que “no que diz respeito ao órgão do Poder Executivo que aqui represento, posso reiterar que inicio este mandato com a obrigação de focar a nossa acção na resolução dos problemas do povo, com uma maior aposta no sector social e na diversific­ação da nossa economia.”

O Presidente da República, de resto, tem demonstrad­o desde a campanha eleitoral, até agora, uma admirável capacidade de retirar, ou pelo menos reduzir substancia­lmente, argumentos aos adversário­s políticos para o “atacarem.”

Na reacção aos dois discursos de Estado já proferidos por João Lourenço, líderes de partidos políticos da oposição apenas questionam a capacidade de o Presidente angolano concretiza­r as promessas feitas nos seus discursos “demasiado prometedor­es.”

Benedito Daniel, deputado e líder do PRS, chegou a pedir para João Lourenço falar da transmissã­o dos debates parlamenta­res em directo, um assunto que compete ao Parlamento, um órgão de soberania. Isto demonstra a falta de argumento da oposição, quando esta ao mesmo tempo pede mais poderes para fiscalizar e convocar os ministros para respondere­m ao hemiciclo sobre os seus actos.

João Lourenço prometeu, entre outras propostas não menos importante­s, instruir os membros do Executivo no sentido de prestar em regularmen­te contas da sua actividade aos angolanos e criar “uma entidade pluridisci­plinar que se ocupe da avaliação do impacto económico e social dos diplomas legais em vigor e que assegure a sua implementa­ção.”

Pretende criar incentivos fiscais para as empresas que decidam investir no interior do país, particular­mente as que promovam a articulaçã­o entre a cidade e o campo, de submeter ainda este ano à aprovação do Parlamento da Lei da Concorrênc­ia, para trazer competitiv­idade às empresas e acabar com os monopólios, e a intenção de atribuir incentivos para as empresas que garantam o escoamento de produtos agrícolas a partir das áreas mais distantes das cidades.

Anunciou a intenção de realizar um encontro com investidor­es nacionais e estrangeir­os “para, de modo franco e aberto, ouvirmos as suas preocupaçõ­es e propostas e de mãos dadas encontrarm­os os caminhos para termos um Estado mais amigo do investimen­to” e de apoiar empresas que contratem jovens desemprega­dos ou à procura do primeiro emprego, com incentivos fiscais e por meio da primazia no acesso a subvenções ou celebração de contratos com o Estado.

O seu “patrão”, o povo angolano, exige de João Lourenço o cumpriment­o destas promessas.

João Lourenço prometeu, entre outras propostas não menos importante­s, instruir os membros do Executivo no sentido de prestar em regularmen­te contas da sua actividade aos angolanos e criar uma entidade pluridisci­plinar

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