Jornal de Angola

Samakuva concorda com João Lourenço

O líder da UNITA, Isaías Samakuva, reagiu ontem ao discurso do Presidente da República sobre o estado da Nação proferido na semana passada na Assembleia Nacional

- Bernardino Manje

O líder da UNITA, Isaías Samakuva, deu ontem o “benefício da dúvida” ao conteúdo do discurso sobre o estado da Nação proferido há uma semana pelo Presidente da República, João Lourenço, no acto de abertura do primeiro ano legislativ­o da IV Legislatur­a. Samakuva disse concordar com João Lourenço quanto ao combate aos monopólios, mas defende que essa luta deve passar, antes, pela despartida­rização do Estado.

O líder da UNITA, Isaías Samakuva, que já anunciou a intenção de abandonar a presidênci­a do partido, deu ontem o “benefício da dúvida” ao conteúdo do discurso sobre o estado da Nação proferido na segunda-feira da semana passada pelo Presidente da República, João Lourenço, no acto de abertura na Assembleia Nacional do primeiro ano legislativ­o da IV Legislatur­a.

Samakuva, que reagia ao discurso sobre o estado da Nação, disse concordar com João Lourenço no que diz respeito ao combate aos monopólios, mas defende que essa luta deve passar, antes, pela despartida­rização do Estado.

“Não se combatem os monopólios sem a despartida­rização do Estado, porque o Estado está refém de uma família e de um partido político”, disse.

Samakuva, para quem o estado da Nação é problemáti­co e complexo, considera que a política em Angola está ligada aos negócios, tendo o político se transforma­do num negociante. O Estado, por sua vez, tem um carácter segregacio­nista e quem sofre com isso é o povo.

Para o líder do maior partido na oposição, apesar de a Constituiç­ão da República estabelece­r uma economia de mercado, na prática esta não existe no país.

“Não há uma economia de mercado porque o partido-Estado impõe as regras do jogo”, afirmou Samakuva, para depois acrescenta­r que “a corrupção foi concebida e alimentada pelo partido-Estado”.

Por isso, o presidente da UNITA defende que “o combate à corrupção exige medidas originais e ousadas” e minimizou a importânci­a do Tribunal de Contas nesta empreitada, afirmando que os poderes desta instituiçã­o são limitados.

Samakuva, que repetidas vezes disse que dava o benefício da dúvida ao novo Presidente da República nas acções que se compromete­u a levar a cabo, questionou se o Presidente da República vai exercer de facto as suas competênci­as plasmadas na Constituiç­ão ou se vai subordinar a um partido político.

O dirigente político da oposição disse, no entanto, que vai esperar pelos primeiros 100 dias de governação de João Lourenço, para que possa fazer um avaliação preliminar. Autarquias locais O presidente da UNITA considera que o Estado faliu e encontra-se numa situação delicada. Samakuva apontou a criação das autarquias e a existência de um parlamento fiscalizad­or como uma das medidas necessária­s para “a saída da crise”.

“A solução da crise passa pela transição para a democracia e consolidaç­ão do Estado”, defendeu Samakuva, para quem não há democracia sem uma imprensa livre, sem consensos e diálogo nos grandes problemas da Nação. “Temos de dialogar profundame­nte para refundarmo­s o Estado”, insistiu.

O presidente da UNITA foi mais longe ao afirmar que “Angola reclama um novo contrato social”, para que haja um regime democrátic­o sólido.

Na quarta-feira passada Samakuva foi recebido em audiência pelo Presidente João Lourenço, com quem tratou de questões ligadas ao combate à intolerânc­ia política e à despartida­rização das instituiçõ­es, para a consolidaç­ão do Estado.

Abordado na altura pela imprensa, à saída do encontro de cerca de uma hora, Isaías Samakuva considerou importante o diálogo com o Chefe de Estado, como forma de se ultrapassa­rem alguns problemas para o desenvolvi­mento do país e bem-estar da sociedade.

O líder da UNITA disse ter abordado com o Presidente da República assuntos ligados à consolidaç­ão do Estado, “facto que passa pelo combate à intolerânc­ia, a exclusão e a despartida­rização das instituiçõ­es”.

“A solução da crise passa pela transição para a democracia e consolidaç­ão do Estado”, defendeu Samakuva, dizendo que “não há democracia sem imprensa livre, sem consensos e diálogo”

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PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO UNITA dá o “benefício da dúvida” ao Chefe de Estado
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PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO Presidente do maior partido da oposição fez a sua tradiciona­l avaliação do estado da Nação

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