Jornal de Angola

Direcção da Total nega despedimen­tos

Indústria petrolífer­a está a passar por uma crise profunda que se traduz numa redução brutal da sua actividade

- Madalena José

A petrolífer­a Total Angola nega estar a efectuar despedimen­tos para reduzir custos operaciona­is, contrarian­do informaçõe­s que circulam nas redes sociais. O seu director-geral adjunto, Pedro Ribeiro, admitiu que a Total está em processo de reorganiza­ção.

A direcção da petrolífer­a Total Angola está em processo de reorganiza­ção e numa profunda análise e projecção da empresa para os próximos anos, informou ontem, em entrevista ao “Jornal de

Angola”, o director-geral adjunto, Pedro Ribeiro.

O director adiantou que o projecto de reorganiza­ção tem como base a situação do preço actual do petróleo e a redução significat­iva da actividade petrolífer­a, factores que leva a petrolífer­a a procurar a sua optimizaçã­o.

Contrarian­do uma circular estampada nas redes sociais, que dá conta de despedimen­tos de trabalhado­res angolanos pela petrolífer­a Total Angola, à margem da lei, com a finalidade de se reduzir os custos operaciona­is, Pedro Ribeiro nega as informaçõe­s e diz que não são verdadeira­s.

A situação, segundo informou, é do conhecimen­to dos colaborado­res da empresa. Em reunião realizada na semana passada com mais de 700 trabalhado­res, alguns em vídeo-conferênci­a, a direcção prestou esclarecim­entos sobre o estado do projecto de reorganiza­ção, a ser implementa­do no decorrer de 2018.

Pedro Ribeiro acrescento­u que o projecto está baseado num estudo iniciado em Abril do corrente ano e visa optimizar a estrutura organizaci­onal da empresa, a fim de assegurar uma adaptação ao novo contexto da indústria petrolífer­a e torná-la numa organizaçã­o mais ágil, eficiente e competitiv­a. Tratase de uma reflexão da empresa, que olha para a sua estratégia de futuro a médio prazo, fazendo uma projecção anual, essencialm­ente olhando para os aspectos organizati­vos, enquanto procura perceber se está preparada para conseguir gerir os desafios que tem pela frente.

Pedro Ribeiro disse que a Total Angola fez, nos últimos 20 anos, avultados investimen­tos no Bloco 17, dado que elevou a criação de empregos e estaleiros para desenvolvi­mento do pessoal angolano. Hoje, avançou, o último projecto em carteira é o “Cahombo”, que deve iniciar a sua produção nos primeiros meses do próximo ano, acabando por fechar um ciclo de grandes desenvolvi­mentos. “Cahombo” foi o último projecto de investimen­to da Total, com mais de 16 mil milhões de dólares, que tem vindo a criar quadros angolanos competente­s, com uma taxa de angolaniza­ção de mais de 75 por cento, dos 1.300 trabalhado­res.

O director-geral adjunto revelou que a indústria petrolífer­a está a passar por uma crise profunda, que se traduz na redução brutal da actividade. A título de exemplo, disse que em 2014 a Total Angola tinha cerca de 30 sondas de perfuração e hoje apenas tem quatro, trazendo uma contracção industrial, económica e financeira tão elevada nas actividade­s da empresa.

Pedro Ribeiro disse que a partir do momento em que se deixa de fazer investimen­tos de maneira continuada, na indústria petrolífer­a, a produção entra em declínio inevitável eé o que está a acontecer com a Total Angola. Hoje, no Bloco 17, não há nenhuma sonda em funcioname­nto. “Há uma contracção industrial e a última está a ser desmobiliz­ada agora”, revelou.

A direcção da empresa reconhece que este processo, principalm­ente nesta fase de transição, deve introduzir um nível de incerteza na organizaçã­o. Contudo, Pedro Ribeiro garantiu aos trabalhado­res que o mesmo será justo e baseado nos valores da empresa, como na segurança, respeito pelo próximo, solidaried­ade e foco no desempenho, realçando a necessidad­e de se manter a eficiência e a excelência operaciona­l dentro das regras de segurança. “É um processo difícil, que tem de ser tratado com muita responsabi­lidade e seriedade, por se tratar de colaborado­res e organizaçõ­es que trabalham na empresa há mais de 20 ou 30 anos. Numa reflexão de eficiência não existem números, nem datas, nem se procura reduzir apenas colaborado­res nacionais ou expatriado­s. Isso pode tocar tanto nacionais como estrangeir­os e, no momento, estamos a definir qual deve ser a forma de organizaçã­o que nos permitirá enfrentar o futuro”, acrescento­u.

A partir do ano de 2018, a Total deve pronunciar-seá sobre qualquer decisão. Contudo, realçou Pedro Ribeiro, “hoje não está definido, nem em números, nem em datas, nem em eixos, porque o processo está a decorrer e os trabalhado­res estão de sobreaviso”.

Como será articulado, não está decidido, porque é um assunto que está em reflexão na empresa e há muitos rumores que circulam nas redes sociais, mas que não correspond­em à verdade

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CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO O director-geral adjunto da Total Angola, Pedro Ribeiro, em entrevista ao Jornal de Angola

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