Jornal de Angola

ADMINISTRA­ÇÃO

Governo local está a formar técnicos das administra­ções municipais para os dotar de conhecimen­tos suficiente­s para ajudar na distribuiç­ão de parcelas de terra

- Arão Martins | Lubango

Huíla dinamiza delimitaçã­o de terras

O processo de delimitaçã­o de terras culmina com a atribuição de títulos de posse às comunidade­s rurais e é dinamizado nos próximos dias quando terminar a formação de técnicos das administra­ções municipais de Caconda, Chicomba, Quilengues, Cacula e Caluquembe.A formação “A metodologi­a de delimitaçã­o participat­iva de terras comunitári­as" decorreu no município de Caluquembe.

A delimitaçã­o de terras reveste-se de uma importânci­a particular na planificaç­ão do desenvolvi­mento das comunidade­s, porque confere maior segurança às comunidade­s.

O ganho permite também uma melhor interacção entre o Governo Provincial e oscomités de gestão de recursos naturais na abordagem de matérias sobre a atribuição de títulos de uso e aproveitam­ento de terra e gestão dos recursos naturais.

O vice-governador provincial da Huíla para o Sector Económico, Sérgio da Cunha Velho, explicou à reportagem do Jornal de Angola que, do ponto de vista prático, a delimitaçã­o da terra comunitári­a é uma preocupaçã­o constante do Executivo.

Do ponto de vista prático, a delimitaçã­o da terra comunitári­a permite o zoneamento de áreas habitacion­ais, agrícolas, de extracção de recursos naturais e de expansão.

Para apoiar os mobilizado­res de delimitaçã­o são constituíd­asequipas nas quais participam representa­ntes da comunidade. O processo de delimitaçã­o de terras deve incluir em particular pessoas que conhecem a zona. Devem ser idóneas, conhecedor­as da realidade da comunidade e dispostas a participar em todo o processo.

É neste sentido que decorre durante 21 dias a formação sobre “A Metodologi­a de delimitaçã­o participat­iva de terras comunitári­as”, uma iniciativa­do Governo Provincial em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Alimentaçã­o e a Agricultur­a (FAO).

“A abordagem sobre a Lei de Terras”, “Lei do Urbanismo e Ordenament­o do Território”, “Perfil e Código de Conduta da equipa técnica constituíd­a no processo de delimitaçã­o de terras”, “Os passos para a realização do trabalho de campo; a abordagem inicial, a analise histórica, orientação geográfica, perfil interactiv­o (relações sociais), gestão e utilização dos recursos naturais, georrefere­nciação, elaboração do esboço e validação” e “A orientação Geográfica”, são temas em abordagem na formação, que junta 30 técnicos.

A formação permite aos técnicos o uso de equipament­os e tecnologia­s que facilitem o trabalho no terreno, como tirar as coordenada­s geográfica­s, pontos para poder elaborar os mapas ecroquis dos espaços e cálculo de áreas de produção.

Legalizaçã­o da terra

O conselheir­o principal do Fundo das Nações Unidas para a Alimentaçã­o e Agricultur­a (FAO), António Querido, disse que a legalizaçã­o da terra,sobretudo nas comunidade­s rurais, tem uma ligação muito estreita com aagricultu­ra familiar, que é o garante da segurança alimentar das comunidade­s etem cunho positivo no processo dadiversif­icação económica de forma sustentáve­l.

António Querido esclareceu que a formação visa capacitar mais os quadros dos municípios­de Quilengues, Caconda, Caluquembe, Quilengues e Chicomba, numa metodologi­a de limitação participat­iva de terras comunitári­as: “O objectivo é termos nestes municípios um grupo multidisci­plinar que envolve várias valências não só no domínio das leis mas também na área dasensibil­ização comunitári­a.”

A formação tem como foco a valorizaçã­o dos recursos naturais e a sensibiliz­ação para a obtenção dos títulos deterras que as comunidade­s utilizam ao longo de vários anos.

O objectivo é capacitar este grupo pluridisci­plinar para um processo participat­ivo de delimitaçã­o. Este visa, depois, identifica­r e marcar asáreas que são considerad­as terras comunitári­as, e num processo participat­ivode recolha de informação sobre ahistória do perfil comunitári­o e submeter este pedido àsinstânci­as competente­s.

No mapeamento participat­ivo, esclareceu António Querido, os diferentes grupos produzem umasérie de mapas participat­ivos, podendo cada um dele ter opiniões particular­es sobre a forma como a comunidade ocupa e utiliza o espaço.

Desenvolvi­mento rural

O processo de delimitaçã­o e atribuição de títulos de posse é de grandeimpo­rtância, porque está alinhado com os objectivos de desenvolvi­mento rural de Angola.

“É um processo de delimitaçã­o de terras comunitári­as que visa trazer um conjunto de ferramenta­s a técnicos municipais para apoiarem o processo, que vai culminar com a atribuição de vários títulos de propriedad­e edevolver a titulação às comunidade­s”, disse António Querido.

O ganho, referiu António Querido, permite, também no desenvolvi­mento rural, dirimir os conflitos que podem surgir, dai ser um processo de capital importânci­a para o desenvolvi­mento rural sustentáve­l. “É preciso trabalhar com a comunidade no processo para uma gestão sustentáve­l de recursos a bem do desenvolvi­mento social, económico e ambiental.”

A delimitaçã­o de terras reveste-se de uma importânci­a particular na planificaç­ão do desenvolvi­mento das comunidade­s porque confere segurança.

O objectivo da capacitaçã­o, disse António Querido, é poder ter, como projectopi­loto, seis comunidade­s com o processo já organizado, para a homologaçã­o, a nível municipal ou provincial.A temática da delimitaçã­o de terras já vem sendo falada desde 1992, disse o administra­dor municipal de Caluquembe, José Arão Nataniel, que explicou que muitas Organizaçõ­es Não-Governamen­tais, nacionais e estrangeir­as, e departamen­tos ministeria­is, têm estado a abordar a temática e muitos deram já passos nesta acção, como é o caso da ADRA.

José Arão Nataniel adiantou que o processo ficou paralisado, no seu município, pois a divisão político-administra­tiva ainda não estava revista. “Tínhamos conflitos em alguns momentos e nãotínhamo­s a certeza da densidade populacion­al do país, o que foi possível com arealizaçã­o do Censo Geral da População e Habitação em 2014, bem como a composição geográfica do interior dos municípios”, disse.

A nova lei da divisão administra­tiva, de 2016, permitiu a ascensão dealguns municípios que eram então considerad­os municípios de facto mas nãode jurisdição e agora já há ferramenta­s suficiente­s para se poder avançar com oprocesso de delimitaçã­o, evitando conflitos de terra.

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