Tribunal de Luanda prossegue audiência
A ré Ana Júlia,
36 anos, negou ontem, em Luanda, durante a quarta audiência na 7.ª Secção dos Crimes Comuns, a acusação de crime de organização terrorista que lhe é imputada.
Durante o interrogatório no tribunal, que durou cerca de duas horas, a ré Ana Júlia disse desconhecer a criação do grupo muçulmano radical denominado “Street Da Was”, de que é acusada de fazer parte.
Em sua defesa, a ré disse perante o juíz do tribunal que apenas está envolvida no processo por ser esposa de um dos acusados, também presente na audiência.
Convertida ao Islamismo desde 1996, a angolana Ana Júlia afirmou que dos cincos acusados no crime em julgamento na 7.ª Secção dos Crimes Comuns, apenas conhece o Bruno, que disse ser seu “irmão na fé”.
Ana Júlia também declarou desconhecer a realização dos encontros, de que é acusada, entre o seu marido e outros acusados no seu “atellier”. O juíz da causa questionou à ré sobre as declarações prestadas e assinadas durante a instrução do processo, tendo a mesma negado os seus depoimentos que aparecem nos autos. Ana Júlia disee que os depoimentos que prestou na unidade policial foram alterados pelo instrutor do processo, que a coagiu a assinar sem os ler.
Atendendo à situação, o juiz da causa em julgamento decidiu ouvir nos próximos dias os dois advogados oficiosos e o instrutor do processo.
De acordo com a acusação, seis jovens criaram em Angola um grupo muçulmano radical, denominado “Street Da Was”, com pessoas convertidas ao Islão, que juraram fidelidade e obediência ao líder máximo da organização radical “Estado Islâmico”, Abou Bakr AL-Bagdadi.
A acusação imputa ainda aos arguidos a prática de crimes de organização terrorista, puníveis pela legislação angolana. A audiência prossegue hoje de manhã.