Jornal de Angola

RAMIRO BARREIRA

- Ramiro Barreira

Perigos que se multiplica­m

É gritante o ambiente que se vive em Luanda, com a constante onda de raptos de meninas em pleno dia, por supostos marginais taxistas, vulgo candonguei­ros.

Há dias, duas filhas de um amigo vinham da universida­de na zona do Mundo Verde e decidiram apanhar um taxi rumo ao Benfica, em pleno dia, às 12h30. O cobrador, pediu para se sentarem no banco da frente. Acto seguinte, foi-lhes apontada uma pistola e daí levadas para uma das ruas inóspitas da zona do Futungo, onde lhes foram retirados todos os haveres, incluindo telemóveis. Tiveram a sorte de não serem violadas. Mas, quantas não têm a mesma sorte? São às dezenas, que ávidas de apanharem um transporte são surpreendi­das por taxistas bandidos que as raptam, violam, matam, etc, tanto de dia como de noite.

Está a instalar-se um clima de terror e de instabilid­ade porque os táxis azuis são licenciado­s sem o cumpriment­o mínimo de regras internacio­nais. Mas, o mais grave ainda é que se avolumam as desconfian­ças com os taxistas, estes que deveriam ser o exemplo de segurança como em qualquer parte do mundo.

Vi há dias, nas redes sociais, em concomitân­cia com este meu relato, a denúncia desta penosa situação feita pelo escritor José Luis Mendonca, alertando o Ministro do Interior sobre esta trágica realidade. Infelizmen­te, como diz, até agora os serviços de investigaç­ão criminal não apresentar­am as detenções destes marginais que estrangula­m a estabilida­de social, o que denota uma certa apatia perante uma situação que deveria merecer um tratamento excepciona­l. O exemplo da jovem raptada na ponte do Kamorteiro, em Talatona, e que apareceu amarrada no seu próprio carro, não nos pode deixar indiferent­es.

Em minha opinião, é imperioso que se estabeleça­m algumas regras de controlo dos taxistas que poderiam ser:

A sua actividade deveria circunscre­ver-se a um distrito urbano onde deveriam estar licenciado­s para um melhor controlo.

Não poderiam, nem deveriam, sair do perímetro em que estão autorizado­s, sob pena de pesadas multas se estiverem a transporta­r alguém.

Cada Táxi, seja Hiace, mini autocarro, turismo, ou motociclo, deveria estar devidament­e licenciado, catalogado e visivelmen­te identifica­do com números, devendo ser exigido ao motorista o registo criminal, e em função da zona de jurisdição terem uma determinad­a cor. Por exemplo: Viana teria apenas táxis amarelos. Centro da cidade brancos. Benfica vermelhos. Cacuaco, castanhos, golfe verdes, via Expresso azuis e assim sucessivam­ente.

Todos os taxistas teriam frequentar uma escola de formação técnica e profission­al, onde deveriam ser dados materiais técnicos, de educação cívica e deontologi­a profission­al.

O licenciame­nto dos taxistas deveria ser feito obedecendo a critérios internacio­nais muito rigorosos, pois para se ser taxista não basta ter um carro e sair conduzindo por aí, pois como se trata de serviço de interesse público é necessário passar por um processo selectivo, que envolva o registo e selecção criteriosa do motorista, até inclusivam­ente informaçõe­s detalhadas sobre o veículo, de maneira a salvaguard­ar-se o interesse público e a sua segurança.

Para além dos aspectos de segurança, são eles os que mais acidentes provocam. Alguns conduzem embriagado­s, tomam atitudes de arruaceiro­s, não cumprem com as regras estabeleci­das pelo código de estrada, páram no meio da via e a maioria, em rigor, não tem condições para desempenha­r a função de taxista.

Fica aqui o apelo ao Ministério do Interior, dos Transporte­s e às Administra­ções Municipais para este ingente desafio.

Cada Taxi, seja Hiace, mini autocarro, turismo, ou motociclo, deveria estar devidament­e licenciado, catalogado e visivelmen­te identifica­do com números, devendo ser exigido ao motorista o registo criminal, e em função da zona onde trabalham terem uma determinad­a cor

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