TRANSPORTES
Ministro Augusto Tomás apelou às empresas públicas do sector dos Transportes para que procurem soluções que assegurem o seu equilíbrio económico e financeiro com o fornecimento de produtos e serviços de qualidade aos consumidores
Estado menos disponível para subsidiar as empresas
O Caminho-de- Ferro de Luanda e todas as empresas públicas do ramo dos transportes têm de procurar soluções para o seu equilíbrio económico e financeiro, sendo este um objectivo universal de todas as empresas que vendem um produto ou prestam serviço num determinado mercado, afirmou ontem o ministro dos Transportes, Augusto Tomás.
Ao intervir na cerimónia de abertura do III encontro nacional de quadros do Caminho-de-Ferro de Luanda, que termina hoje, Augusto Tomás disse que o país está cada vez menos disponível para subsidiar as empresas públicas, sem que veja melhorias nos resultados como a redução dos custos e a rentabilidade operacional.
Em muitos países, disse, se uma empresa pública não consegue, de forma recorrente, obter resultados operacionais positivos, a sua existência é questionada pelo Governo. “Em Angola, o programa do Governo também orienta para que se encontrem soluções para as empresas públicas para as quais não se vislumbram rentabilidade”, disse.
O ministro dos Transportes disse que as empresas, incluindo as públicas de transportes, devem dar maior atenção à qualidade do serviço prestado ao cliente.
Para Augusto Tomás, são os clientes que rentabilizam as empresas e pagam os ordenados dos funcionários, razão pela qual devem merecer especial atenção na forma de tratamento e atendimento dos mesmos, acrescentou. “Se os clientes são mal servidos, se não há confiança nos horários e são maltratados, então, não irão utilizar os serviços ferroviários no futuro e irão dar a conhecer aos amigos, vizinhos e à comunicação social sobre o mau serviço prestado”, disse.
O ministro chamou a atenção dos trabalhadores e responsáveis do Caminhode-Ferro de Luanda para a necessidade de se implementar, com profissionalismo, a segunda e terceira fases da reforma dos Caminhos-de-Ferro de Luanda, sendo uma oportunidade para melhorar a rentabilidade da empresa e garantir um futuro melhor.
O ministro assinalou que a valorização do capital humano de uma empresa é, no mundo actual, uma estratégia central para o seu crescimento e sobrevivência.
O investimento na formação, disse, deve ser acompanhado de instrumentos de avaliação de desempenho, porque todo o investimento deve ter um retorno e, no caso dos recursos humanos, o retorno traduz-se em melhor desempenho dos colaboradores que beneficiarem dessa formação. O presidente do Conselho de Administração dos Caminhos-de-Ferro de Luanda, Celso Rosas, informou que, mensalmente, a empresa precisa, no mínimo, de 320 milhões de kwanzas para cobrir as despesas com o pessoal e outros encargos e deste número só recebe 102 milhões do fundo operacional, o que se traduz num défice enorme. Dificuludades Celso Rosas reconheceu que a empresa vive grandes dificuldades de carácter conjuntural que se traduzem na redução das receitas obtidas com a circulação do comboio. O CFL, frisou, está a produzir em média 40 milhões de kwanzas por mês, valor este que não chega para suportar as despesas com os trabalhadores e outros encargos.
Devido às obras de construção da segunda linha, disse, foi revisto o plano de desenvolvimento do CFL, o que implicou a redução do tráfego de 12 para oito comboios por dia, transportando somente oito mil passageiros, ao contrário dos 12 mil anteriormente. Celso Rosas defende a revisão urgente do preço do bilhete do comboio pelo Gabinete de Preços e Concorrência do Ministério das Finanças, para elevar a arrecadação de receitas, o que vai permitir melhorar o funcionamento da empresa e dos comboios.
A tarifa praticada actualmente é de 30 kwanzas, o que tem facilitado a população mais carente nas suas deslocações para vários pontos de Luanda.
Celso Rosas disse que o CFL tem grandes desafios entre os quais a construção da segunda linha, para duplicar a via ferroviária, partindo da estação do Bungo ao novo aeroporto, bem como a construção de seis novas estações, com passagens superiores.
O III encontro de quadros tem como objectivo analisar as preocupações com que o sector se depara.
Os participantes estão a discutir temas como planeamento ferroviário, formação e segurança rodoviária, desafios na via/meios circulantes e exploração.
O ministro dos Transportes disse que as empresas, incluindo as públicas de transportes, devem dar maior atenção à qualidade do serviço prestado ao cliente