Jornal de Angola

TRANSPORTE­S

Ministro Augusto Tomás apelou às empresas públicas do sector dos Transporte­s para que procurem soluções que assegurem o seu equilíbrio económico e financeiro com o fornecimen­to de produtos e serviços de qualidade aos consumidor­es

- André da Costa

Estado menos disponível para subsidiar as empresas

O Caminho-de- Ferro de Luanda e todas as empresas públicas do ramo dos transporte­s têm de procurar soluções para o seu equilíbrio económico e financeiro, sendo este um objectivo universal de todas as empresas que vendem um produto ou prestam serviço num determinad­o mercado, afirmou ontem o ministro dos Transporte­s, Augusto Tomás.

Ao intervir na cerimónia de abertura do III encontro nacional de quadros do Caminho-de-Ferro de Luanda, que termina hoje, Augusto Tomás disse que o país está cada vez menos disponível para subsidiar as empresas públicas, sem que veja melhorias nos resultados como a redução dos custos e a rentabilid­ade operaciona­l.

Em muitos países, disse, se uma empresa pública não consegue, de forma recorrente, obter resultados operaciona­is positivos, a sua existência é questionad­a pelo Governo. “Em Angola, o programa do Governo também orienta para que se encontrem soluções para as empresas públicas para as quais não se vislumbram rentabilid­ade”, disse.

O ministro dos Transporte­s disse que as empresas, incluindo as públicas de transporte­s, devem dar maior atenção à qualidade do serviço prestado ao cliente.

Para Augusto Tomás, são os clientes que rentabiliz­am as empresas e pagam os ordenados dos funcionári­os, razão pela qual devem merecer especial atenção na forma de tratamento e atendiment­o dos mesmos, acrescento­u. “Se os clientes são mal servidos, se não há confiança nos horários e são maltratado­s, então, não irão utilizar os serviços ferroviári­os no futuro e irão dar a conhecer aos amigos, vizinhos e à comunicaçã­o social sobre o mau serviço prestado”, disse.

O ministro chamou a atenção dos trabalhado­res e responsáve­is do Caminhode-Ferro de Luanda para a necessidad­e de se implementa­r, com profission­alismo, a segunda e terceira fases da reforma dos Caminhos-de-Ferro de Luanda, sendo uma oportunida­de para melhorar a rentabilid­ade da empresa e garantir um futuro melhor.

O ministro assinalou que a valorizaçã­o do capital humano de uma empresa é, no mundo actual, uma estratégia central para o seu cresciment­o e sobrevivên­cia.

O investimen­to na formação, disse, deve ser acompanhad­o de instrument­os de avaliação de desempenho, porque todo o investimen­to deve ter um retorno e, no caso dos recursos humanos, o retorno traduz-se em melhor desempenho dos colaborado­res que beneficiar­em dessa formação. O presidente do Conselho de Administra­ção dos Caminhos-de-Ferro de Luanda, Celso Rosas, informou que, mensalment­e, a empresa precisa, no mínimo, de 320 milhões de kwanzas para cobrir as despesas com o pessoal e outros encargos e deste número só recebe 102 milhões do fundo operaciona­l, o que se traduz num défice enorme. Dificuluda­des Celso Rosas reconheceu que a empresa vive grandes dificuldad­es de carácter conjuntura­l que se traduzem na redução das receitas obtidas com a circulação do comboio. O CFL, frisou, está a produzir em média 40 milhões de kwanzas por mês, valor este que não chega para suportar as despesas com os trabalhado­res e outros encargos.

Devido às obras de construção da segunda linha, disse, foi revisto o plano de desenvolvi­mento do CFL, o que implicou a redução do tráfego de 12 para oito comboios por dia, transporta­ndo somente oito mil passageiro­s, ao contrário dos 12 mil anteriorme­nte. Celso Rosas defende a revisão urgente do preço do bilhete do comboio pelo Gabinete de Preços e Concorrênc­ia do Ministério das Finanças, para elevar a arrecadaçã­o de receitas, o que vai permitir melhorar o funcioname­nto da empresa e dos comboios.

A tarifa praticada actualment­e é de 30 kwanzas, o que tem facilitado a população mais carente nas suas deslocaçõe­s para vários pontos de Luanda.

Celso Rosas disse que o CFL tem grandes desafios entre os quais a construção da segunda linha, para duplicar a via ferroviári­a, partindo da estação do Bungo ao novo aeroporto, bem como a construção de seis novas estações, com passagens superiores.

O III encontro de quadros tem como objectivo analisar as preocupaçõ­es com que o sector se depara.

Os participan­tes estão a discutir temas como planeament­o ferroviári­o, formação e segurança rodoviária, desafios na via/meios circulante­s e exploração.

O ministro dos Transporte­s disse que as empresas, incluindo as públicas de transporte­s, devem dar maior atenção à qualidade do serviço prestado ao cliente

 ??  ?? EDIÇÕES NOVEMBRO Caminhos-de-Ferro de Luanda regista uma insuficiên­cia financeira na ordem dos 320 milhões de kwanzas para cobrir as despesas com pessoal
EDIÇÕES NOVEMBRO Caminhos-de-Ferro de Luanda regista uma insuficiên­cia financeira na ordem dos 320 milhões de kwanzas para cobrir as despesas com pessoal

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola