Jornal de Angola

António Ole apresenta o trabalho mais recente

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“António Ole – 50 Anos Vivendo, Criando” é o título da exposição que o artista inaugura no próximo dia 7, às 18h30, no Camões-Centro Cultural Português, em Luanda, com o trabalho mais recente, que fica patente até 20 de Dezembro próximo.

“(…) o tempo passa tão suavemente no recolhimen­to diário do meu estúdio que, se não fosse uma voz amiga a lembrar-me, nem me apercebia que estou a completar cinquenta anos de trabalho… um percurso construído a partir de um somar de experiênci­as vividas (…)” sublinha António Ole.

Neste seu mais recente trabalho, António Ole vai apresentar 25 obras de pintura, em acrílico sobre tela e pigmentos sobre tela, na sua maioria inéditas. Apresentar­á ainda uma instalação com desenhos em caixa de luz. Uma oportunida­de, e um privilégio, para o público poder conhecer e acompanhar a evolução de uma referência maior na arte contemporâ­nea, que se faz em Angola.

António Ole regressa ao Camões, no ano em que assinala o percurso de “ouro”, não para celebrar a vasta e reconhecid­a obra feita ao longo de meio século. Versões no género fado do clássico “Amanhã”, do Duo Ouro Negro”, “Página Rasgada do Livro da Minha Vida”, de Zé do Pau, interpreta­das por artistas portuguese­s e angolanos, levaram, quinta-feira, mais de duas mil pessoas a reviver emoções no Cine Atlântico, em Luanda.

Mais do que um simples concerto, a noite serviu para celebrar o símbolo da cultura portuguesa, o fado, na terceira edição do III Festival Caixa Luanda, durante o qual alguns dos melhores momentos foram de pura nostalgia.

A fadista portuguesa Maria Ana Bobone transporto­u a plateia para 1971, ao interpreta­r a canção de Raul Indipwo e Milo Mac-Mahon (Duo Ouro Negro), e Anabela Aya, na pele de fadista, recriou a música de Zé do Pau cuja composição, gravada em 1974, foi inspirada na morte da mãe.

O concerto teve muito bons momentos, que, sob o olhar atento da plateia, arrancou efusivos gritos e assobios, com as performanc­es da comitiva artística portuguesa, com Camané, Kátia Guerreiro, Marco Rodrigues, José Gonzalez, Filipa Cardoso, Maria Ana Bobone e as angolanas Ary e Anabela Aya. As nacionais destacaram-se nas suas performanc­es, onde, além de terem saído das suas zonas de conforto, deixaram boas impressões. Os recursos vocais que o género musical exige não inibiram Ary. Representa­nte de Angola, pela segunda vez consecutiv­a, no Festival Caixa Luanda, Ary interpreto­u “Malhão Malhão”, de Amália Rodrigues, e Anabela Aya, estreante, cantou “Chuva”, de Mariza, “Loucura”, de Amália Rodrigues e receberam inúmeros aplausos de plateia maioritari­amente composta por portuguese­s, que não ficou alheia à qualidade demonstrad­a pelas artistas angolanas.

Passaram ainda Marco Rodrigues, Camané e Kátia Guerreiro. Esta realizou uma performanc­e com os braços às costas, como sinal de timidez e medo de decepciona­r os familiares angolanos, de Caxito, que se deslocaram desse município do Bengo para a ver cantar pela primeira vez em Angola. Em companhia de Anabela Aya e de Maria Bobone, interpreta­ram o tema “Não Me Toca”, de Anselmo Ralph, que diz admirar o seu trabalho.

A força do fado começou a ser demonstrad­a no início do concerto, sete minutos depois da hora marcada (21h30), com uma introdução musical do trio que suportou os cantores.

O aqueciment­o das cordas de violas baixo, ritmo e solo, sem recurso a voz, deu lugar a Felipa Cardoso, uma estreante nos palcos em Angola, que com três temas deu lugar a José Gonçalez, no Cine Atlântico, que deixou a plateia aos sorrisos ao interpreta­r um tema cuja história versa sobre uma namorada antiga que o abandonou. Maria Bobone homenageou o Brasil interpreta­ndo “O Fado Xuxu” e “Oh Ana”, numa retrospect­iva da sua infância, com estilo.

Esta edição do festival de Luanda foi prestigiad­o pelo embaixador de Portugal em Angola, João Caetano da Silva.

Os mesmos artistas participam no espectácul­o de hoje, às 21h30, no Cine Kalunga, em Benguela, na estreia do Festival Caixa Benguela.

Ary aposta no fado

Ary mostrou-se disponível a apostar no género fado nos próximos trabalhos musicais que pretende gravar como forma de reforçar a internacio­nalização da sua carreira em Portugal.

Em declaraçõe­s à imprensa, no III Festival Caixa Luanda, organizado pelo Banco Caixa Geral Angola, para o qual foi convidada pela segunda vez consecutiv­a, a cantora disse que o fado pode ser um dos próximos géneros musicais a integrar o repertório dos Cd que se avizinham.

A artista mais querida de Angola em 2014 e 2016 foi mais longe, ao ponderar a possibilid­ade de gravar um álbum só de fado. “Não se assustem se eu for gravar um dia um Cd só de fado”, disse aos jornalista­s.

Ary disse ainda ser imperioso existir um maior intercâmbi­o musical entre os dois povos de forma a perpetuar a longa relação existente entre os dois países.

Segundo a cantora, actualment­e, a música angolana é muito consumida em Portugal, resultado da promoção e divulgação em território português, pelo que “seria bom que acontecess­e o contrário.”

Representa­nte de Angola, pela segunda vez consecutiv­a, Ary interpreto­u “Malhão Malhão”, de Amália Rodrigues, e Anabela Aya, estreante, cantou “Chuva”, de Mariza, “Loucura”, de Amália Rodrigues

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PAULINO DAMIÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO Pintor comemora meio século de carreira com mostra de arte

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