“Ambuíla” marca o fim do Reino do Kongo
O conflito resultou da intenção do rei de deter a exploração de recursos que existiam naquele território assim como das minas do Bembe por parte dos portugueses. Com efeito, foi mobilizado um contigente de cerca de cinco mil soldados
A Batalha de Ambuíla, a primeira confrontação militar de grande envergadura com Portugal no actual espaço do território nacional, marcou o fim do Reino do Kongo. A batalha, que ocorreu há 352 anos, é considerada um dos principais marcos da história da longa luta pela determinação e liberdade dos angolanos. John Thornton, no livro “Warfare in Atlantic África”, de 1998, diz que a batalha terminou com um fardo muito pesado para o Reino do Kongo.
A primeira confrontação militar de grande envergadura no actual espaço do território nacional ocorreu há 352 anos, na célebre Batalha de Ambuíla e envolveu os exércitos do então Reino do Kongo e de Portugal. A batalha é considerada um dos principais marcos da história da longa luta pela determinação e liberdade dos angolanos.
O povo do então Reino do Kongo respondeu, sem evasivas, ao apelo do rei D. António I, também conhecido como Nvita a Nkanga, para “que toda a pessoa de qualquer qualidade que seja capaz (...) de poder manejar armas ofensivas, se vão alistar para saírem a defender as nossas terras, fazendas, filhos e mulheres e nossas próprias vidas e liberdades, de que a nação portuguesa quer se apossar e senhorear”, segundo um estrato reproduzido pelo historiador Gastão Sousa Dias, na sua obra ‘A Batalha de Ambuíla’.
John Thornton, no livro “Warfare in Atlantic África”, de 1998, diz ter a batalha terminado com um fardo muito pesado para o Reino do Kongo, que teve o seu rei morto e decapitado. Dois filhos, dois sobrinhos do rei, quatro governadores, vários oficiais da corte, 95 detentores de títulos e 400 outros nobres morreram ou foram capturados no confronto. Ao todo, foram mais ou menos cinco mil homens mortos ou capturados.
O acontecimento, que teve lugar a 29 de Outubro de 1665, acentuou a decadência do Reino do Kongo, mas nunca a determinação da conquista da independência nacional, que ocorreu 310 anos depois, a 11 de Novembro de 1975.
O embate aconteceu, segundo vários historiadores consultados pelo Jornal de
Angola, ao longo do vale do rio Ulanga ou Luege, a sul da então sede de Ambuíla, na altura um pequeno reino encravado entre o Kongo e os Ndembos.
O conflito resultou da intenção do rei do Kongo de deter a exploração de recursos que existiam naquele território assim como das minas do Bembe por parte dos portugueses. Assim, o exército congolês mobilizou e avançou um grande número de arqueiros camponeses, que se admite serem 15 mil e cerca de cinco mil soldados e infantaria pesada, equipados com escudos e espadas, um regimento de mosqueteiros de 380 homens, 29 dos quais portugueses, liderados por Pedro Dias de Cabral, conforme refere John Thornton. O núcleo da força portuguesa, comandada por Luís Lopes de Sequeira, era composto por 450 mosqueteiros e duas peças de artilharia. Também havia soldados de algumas regiões do Brasil, país com características climáticas e florestais semelhantes às da região de Ambuíla. Ao todo somavam-se mais ou menos 15.000 combatentes.
Como em quase toda a história relatada pelos ocupacionistas europeus da época, desconhece-se o número de baixas consentidas pelo exército português. Consequências O professor de História do Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED) do Uíge, Mbala Lussunzi Vita, disse que em consequência da “Batalha de Ambuíla”, que opôs forças militares lideradas pelo capitão português Luís Lopes de Sequeira e as do rei do Kongo, D. António Vita-a-Nkanga, pelo controlo das minas de cobre na região do Bembe, em 1665, teve como implicações o fim da independência política do Reino do Kongo.
Para Mbala Lussunzi Vita, além de implicações políticas, a batalha provocou ainda graves consequências económicas e culturais, dada a composição das forças coligadas pró-congolesas. Sublinhou que, com a derrota militar das forças do reino, foram anuladas as esperanças do ressurgimento de um estado africano que tomasse iniciativas políticas.
“A batalha representa um momento de viragem na vida política do Reino do Kongo ou melhor ‘Kintotila kia Kongo’, aliás esta batalha colocou fim à independência política do espaço Kongo, acelerou a desagregação da mesma confederação”, disse Mbala Lussunzi Vita.
O acontecimento, que teve lugar a 29 de Outubro de 1665, acentuou a decadência do Reino do Kongo, mas nunca a determinação da conquista da independência nacional