Jornal de Angola

Procurador­es juntos no combate ao crime

Chefes dos Ministério­s Públicos da lusofonia estiveram reunidos durante a semana finda na capital timorense

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Os procurador­es-gerais das Repúblicas da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) compromete­ram-se a fomentar, no limite das suas competênci­as, a adopção dos instrument­os jurídicos internacio­nais de combate ao crime transnacio­nal e organizado.

O compromiss­o consta de uma declaração produzida no final do XV encontro dos procurador­es-gerais da República da CPLP, decorrido entre 25 e 27 deste mês em Díli, Timor-Leste. Angola esteve representa­da no encontro pelo Procurador-Geral da República, João Maria de Sousa. De acordo com a “Declaração de Díli”, os procurador­es da comunidade lusófona reafirmara­m a necessidad­e das procurador­ias-gerais da República serem designadas autoridade central para efeito de cooperação jurídica e judiciária internacio­nal em matéria penal.

Os chefes dos Ministério­s Públicos da CPLP assumiram o compromiss­o de promover e apoiar junto dos respectivo­s Estados e instâncias competente­s, a adesão de todos os países membros à Convenção sobre o Cibercrime, adoptada em Budapeste em 23 de Novembro de 2001 (Convenção de Budapeste).

Os magistrado­s reafirmam o compromiss­o de aprofundar, entre si, as relações interinsti­tucionais e todas as formas de colaboraçã­o e cooperação, desenvolve­ndo e promovendo procedimen­tos directos e simplifica­dos de comunicaçã­o e incentivan­do o trabalho das redes de cooperação. Compromete­ram-se igualmente em implementa­r todas as medidas necessária­s à efectiva direcção do inquérito ou instrução pelo Ministério Público, bem como empenhar-se, em especial, na realização de acções conjuntas de divulgação e troca de experiênci­as e boas práticas no domínio das técnicas de investigaç­ão criminal relativas à criminalid­ade transnacio­nal organizada e ao cibercrime.

Na Declaração de Díli, os procurador­es-gerais das Repúblicas da CPLP reconhecem que o fenómeno da globalizaç­ão potencia uma maior e mais rápida interacção entre cidadãos, organizaçõ­es e instituiçõ­es de diferentes Estados, esbate fronteiras, intensific­a a liberdade de circulação de pessoas, mercadoria­s e capitais e a disseminaç­ão do conhecimen­to.

Os magistrado­s do Ministério­s Públicos da lusofonia consideram que a globalizaç­ão não foi acompanhad­a da necessária harmonizaç­ão substantiv­a e processual do direito e dos seus meios de tutela, constatand­o ser, por isso, campo fértil para a disseminaç­ão e consolidaç­ão da criminalid­ade organizada transnacio­nal. Para eles, a informatiz­ação da sociedade e a desmateria­lização da acção humana contribuem para a distribuiç­ão da conduta criminosa por diversos ordenament­os jurídicos nacionais e para uma maior opacidade do crime e dos seus autores.

Os procurador­es da CPLP defendem que a luta contra a cibercrimi­nalidade exige uma actuação coordenada entre os Ministério­s Públicos dos diferentes países, tendo realçado que os Ministério­s Públicos da CPLP, titulares da acção penal, desenvolve­m a sua actividade guiados pelos princípios da legalidade, objectivid­ade e igualdade dos cidadãos perante a lei.

Autonomia do Ministério Público

Os procurador­es-gerais da República da CPLP defendem a autonomia do Ministério Público, que segundo eles, constitui uma caracterís­tica essencial do Estado de Direito Democrátic­o. Defendem ainda que toda a investigaç­ão criminal, ainda que executada pelos órgãos de polícia criminal, deverá ter lugar em fase processual­mente conformada e sob direcção efectiva do Ministério Público.

Toda a actividade de investigaç­ão, sublinham, tem por finalidade exclusiva a recolha da prova de um crime e a identifica­ção dos agentes da infracção para o exercício da acção penal. Os procurador­es realçam igualmente a importânci­a de proporcion­ar aos magistrado­s do Ministério Público formação adequada a uma efectiva direcção do inquérito ou instrução como condição para uma resposta eficaz aos seus desafios.

Os participan­tes consideram que o encontro dos procurador­es-gerais da CPLP se configura como um foro privilegia­do de discussão e partilha de experiênci­a, com vista a um aprofundam­ento das relações institucio­nais e da cooperação jurídica internacio­nal entre os membros da Comunidade.

Magistrado­s reafirmam o compromiss­o de aprofundar, entre si, as relações interinsti­tucionais e todas as formas de cooperação

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FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Procurador-Geral da República represento­u Angola na reunião realizada em Díli

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