Jornal de Angola

Cânticos dos mouros e África na origem melódica do fado

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musical português, foi elevado à categoria de Património Cultural e Imaterial da Humanidade pela UNESCO, numa declaração aprovada no VI Comité Intergover­namental desta organizaçã­o internacio­nal, realizado em Bali, Indonésia, entre 22 e 29 de Novembro de 2011. Cantado por uma só pessoa, denominado fadista, o fado é acompanhad­o por uma guitarra clássica, nos meios fadistas denominada viola, e uma guitarra portuguesa. A palavra vem do latim “fatum”, ou seja, “destino”, é a mesma palavra que deu origem às palavras “fada”, “fadário”, e “correr o fado”. Uma explicação popular para a origem do fado de Lisboa remete para os cânticos dos mouros, que permanecer­am no bairro da Mouraria, na cidade de Lisboa após a reconquist­a Cristã. A dolência e a melancolia, tão comuns ao fado, teriam sido herdadas daqueles cantos. Tal explicação é ingénua de uma perspectiv­a etnomusico­lógica. Não existem registos do fado até ao início do Século XIX, nem era conhecido no Algarve, último reduto dos árabes em Portugal, nem na Andaluzia onde os árabes permanecer­am até aos finais do Século XV. Investigad­ores, como Manuel Giraldes, defendem a tese da origem africana do fado, “os cerca de 12 milhões de escravos que os colonizado­res levaram para as américas contribuír­am para globalizar aquilo que África tinha de mais precioso: a música e a dança. A herança que nos deixaram vai do jazz ao fado, passando pelo rock, pelo reggae e samba”, escreve o estudioso.

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O Fado, género

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