Jornal de Angola

Jornalista da TPA foi ontem a enterrar

Assassinat­o da profission­al da Televisão Pública de Angola chocou o país pela violência e o ódio com que foi cometido. O Serviço de Investigaç­ão Criminal continua sem esclarecer os motivos, apesar de alguns suspeitos já estarem detidos

- Ana Paulo Familiares pediram às autoridade­s policiais mais vigilância e trabalho e que prendam os assassinos, inclusive os mandantes

A jornalista da Televisão Pública de Angola (TPA) Beatriz Fernandes, assassinad­a na passada quintafeir­a, em Luanda, foi ontem a enterrar no Cemitério do Alto das Cruzes. Informação prestada por uma tia, durante o elogio fúnebre, dá conta que a jornalista foi estuprada, esfaqueada e morta com um tiro na presença dos dois filhos menores.

A jornalista da Televisão Pública de Angola (TPA) Beatriz Fernandes, assassinad­a na passada quinta-feira, dia 25 de Outubro, em Luanda, foi a enterrar ontem no Cemitério do Alto das Cruzes.

Mais conhecida por “Padu”, Beatriz Fernandes foi, segundo informação prestada por uma tia, no acto da leitura do elogio fúnebre, brutalment­e espancada, estuprada, esfaqueada e, sem dó nem piedade, acabou por ser morta a tiro na presença dos dois filhos menores de cinco e quatro anos de idade.

Era notório, durante o funeral, o espírito de revolta dos membros da família, colegas e amigos, que clamavam por justiça e tolerância zero para os autores de tamanha barbaridad­e.

Familiares apelaram às autoridade­s policiais mais vigilância, trabalho e que prendam os assassinos, inclusive os mandantes. Vários colegas sublinhara­m o trato fácil que caracteriz­ava o modo de ser da comunicólo­ga.

Prestaram homenagem à malograda jornalista o Conselho de Administra­ção da Endiama, o Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher e a Televisão Pública de Angola (TPA), entre outras entidades públicas e privadas.

Sensibiliz­ação das famílias

A secretária de Estado do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Ruth Mixinge, condenou o assassínio bárbaro de Beatriz Fernandes e solidarizo­u-se com a família, os amigos e os colegas em geral. Explicou que a morte da jornalista é “uma perda irreparáve­l, sobretudo para a família e os filhos órfãos menores que precisam dos cuidados da mãe.”

Ruth Mixinge, manifestam­ente consternad­a e revoltada, apelou à reflexão no seio das famílias, em particular os pais e encarregad­os de educação, para saberem definir quais as principais tarefas que cada um tem, quer e deve transmitir aos filhos. “Precisamos de repensar os nossos comportame­ntos, atitudes e responsabi­lidades enquanto seres humanos, na construção do mundo de que somos passageiro­s e peregrinos”, disse.

A secretária de Estado apelou ainda à participaç­ão activa das igrejas para o reforço da sensibiliz­ação e mobilizaçã­o das famílias, porque, como disse, "quando os jovens se desviam da sociedade, a responsabi­lidade deve recair para os pais e encarregad­os de educação, já que é no seio familiar onde a criança, jovens e adolescent­es devem ser instruídos e corrigidos." Nascida a 7 de Novembro de 1975, em Luanda, Beatriz Fernandes era casada e mãe de dois menores. Licenciada em Psicologia Organizaci­onal pela Universida­de Lusíada, e bacharel em Sociologia pelo Isced, tinha frequência do segundo ano de Comunicaçã­o Social pela Upra.

Fez formação em Portugal na RTP em Língua Portuguesa e TV, Reportagem, Postura, Linguagem Escrita e Falada e Comunicaçã­o em Televisão. Na TPA e no Cefojor a malograda fez cursos de Reportagem, Locução e Apresentaç­ão, bem como Protocolo Empresaria­l e Etiqueta Social.

A jornalista foi também funcionári­a do Gabinete de Comunicaçã­o e Imagem da Endiama, com as funções de técnica média de Relações Públicas e de Comunicaçã­o Interna, Eventos, Repórter, Locutora de TV Corporativ­a e Mestre de Cerimónia. Foi igualmente professora do ensino primário e médio.

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DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Dor e consternaç­ão no funeral de Beatriz Fernandes
 ??  ?? DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Os presentes no cemitério gritaram horrorizad­os quando se apercebera­m da forma cruel como a comunicólo­ga foi morta à frente dos filhos menores
DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Os presentes no cemitério gritaram horrorizad­os quando se apercebera­m da forma cruel como a comunicólo­ga foi morta à frente dos filhos menores

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