Jornal de Angola

Pontos de venda de peixe precisam de urgente higienizaç­ão

Os principais pontos de venda de peixe, em Luanda, estão em falta no que à sanidade e higiene diz respeito. Mercados como da Mabunda, na Samba, e da Chicala reclamam por uma rápida intervençã­o

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O cenário que envolve o Porto Pesqueiro e os pontos de venda de peixe é aterrador e mete asco pelo elevado nível de poluição e crónica falta de higienizaç­ão destes espaços, que servem de fonte para aquisição de alimentos para consumo humano.

O cheiro provoca náuseas. É preciso ter predisposi­ção e hábito para se conseguir permanecer ali.

O lixo está à vista de todos e em quantidade­s abismais e o esgoto a céu aberto e a desaguar para o mar sugere tomadas de medidas ambientais urgentes.

A realidade está aí, é concreta e expressa bem o grande perigo que correm os consumidor­es e o atentado que se perpetra deliberada­mente e dia após dia ao ambiente. O cenário é “negro” na Samba (Mercado da Mabunda) e repete-se na Ilha do Cabo, Chicala e culmina no mercado de peixe de Cacuaco. O quadro prolonga-se no tempo e não há, por enquanto, soluções à vista.

Um estudo feito pela empresa angola Ecosel e que foi apresentad­o em Luanda à empresa Pescangola, gestora do Porto Pesqueiro de Luanda na presença da ministra das Pescas e do Mar e aos armadores, dá conta do quadro “catastrófi­co” em que o Porto Pesqueiro e zonas circunvizi­nhas se encontram. “Não é só a zona do Porto Pesqueiro, a periferia de Luanda está assim”, diz o presidente da Associação de Armadores.

A situação é tão grave que a ministra das Pescas e do Mar reconheceu que o cenário quer dentro quer fora do recinto do Porto Pesqueiro “não é das melhores”, que aponta a necessidad­e de os portos, pesqueiros e comerciais, terem a preocupaçã­o de fazer a gestão ambiental dos seus resíduos, numa altura em que é assinaláve­l a grande movimentaç­ão de embarcaçõe­s, que inevitavel­mente, produzem fartas quantidade­s de resíduos.

Apesar da falta de dinheiro, Victória de Barros diz que “a vida não pára” e exige o tratamento convenient­e dos resíduos para diminuir a poluição nos mares e oceanos. “O Ministério das Pescas e do Mar tem essa preocupaçã­o. Por isso, a nossa empresa portuária, a Pescangola, apresentou uma solução que deve ser aplicada noutros recintos portuários”, diz a ministra.

Neste momento, a grande preocupaçã­o está na qualidade do peixe que sai dos mares angolanos e do modo como chega ao consumidor final. A ministra diz que o objectivo é inverter o quadro nos próximos tempo e fornecer à população alimentos saudáveis e longe de contaminaç­ão. “Actualment­e a situação no Porto Pesqueiro não é das melhores, temos de reconhecer. Por isso é que foi feito um estudo que apresenta resultados que deve merecer um tratamento particular e é o que recomendam­os à Pescangola”, refere a ministra que quer estender a estender a solução para outros recintos portuários, não só das pescas, mas também de portos comerciais.

A comerciali­zação do peixe a retalho está mal, reconheceu a ministra que lembra “não ser só no peixe, onde a situação inspira mudanças, é um problema que tem a ver com a logística e distribuiç­ão, áreas em que ainda há um grande trabalho a ser feito”. A ministra sugere, por isso a participaç­ão dos privados na criação de peixarias para a comerciali­zação segura e higiénica do peixe.

Para já, o ministério tem uma responsabi­lidade que vai apenas até ao grossista, mas diante de um quadro de riscos de contaminaç­ão dos produtos do mar na venda a retalho, persiste o apelo à colaboraçã­o de todos.

“Fizemos agora o novo mercado da Mabunda que é ainda uma vergonha. Fizemos na Ilha também para solucionar aquela pouca vergonha que se passa na zona da salga e seco. Mas esta pouca vergonha é feita com o concurso dos próprios armadores”, apontou a ministra para quem é fundamenta­l juntar forças para solucionar o problema. Aos armadores, Victória de Barros pediu que pensem no peixe como recurso de todos os angolanos, pois apesar da licença de pesca, devem ter responsabi­lidades acrescidas.

“Que este programa saia do papel e que não seja apenas uma mera intenção. Convidamos os nossos parceiros a tomarem consciênci­a individual e cada um faça o seu papel. Vamos cobrar os passos posteriore­s. Há problemas financeiro­s mas a vida não pára. Temos de encontrar formas de encontrar recursos para que o projecto avance.”

O problema da poluição provocada pelas embarcaçõe­s é grave e deve ser combatida, disse Victória de Barros que apelou à preservaçã­o do ambiente e dos mares.

Estudo

O estudo feito pela Ecosel revela que o nível de avaliação do cumpriment­o das

Somos todos responsáve­is por tudo o que fazemos para a preservaçã­o do ambiente. Se não o fizermos, colocamos em risco o futuro da vida no planeta e das gerações vindouras

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