Desmentido o desvio dos autocarros no Uíge
Afinal a fazenda onde os meios rolantes se encontravam “escondidos” é na verdade o estaleiro da empresa operadora
A directora provincial do Uíge dos Transportes e Telecomunicações, Domingas Rocha, reagiu ontem, em conferência de imprensa, às informações que dão conta do desvio da maioria dos autocarros que o Ministério dos Transportes entregou para o reforço dos serviços de transporte público interurbano, intermunicipal e interprovincial.
Domingas Rocha sublinhou que a informação veiculada numa das reportagens da TPA, que referia que 10 autocarros estavam escondidos numa fazenda, não corresponde à verdade, tendo em conta que a suposta fazenda se trata do estaleiro da empresa Camalela, uma das beneficiárias, situada há cerca de 11 quilómetros do local da cidade onde habitualmente a operadora parqueia os seus veículos.
Visita aos estaleiros
Antes da conferência de imprensa, a directora dos Transportes e os jornalistas dos órgãos de comunicação social visitaram os estaleiros das operadoras que receberam os autocarros, tendo sido contabilizados 24 veículos, além dos seis que foram entregues a alguns parceiros sociais do governo da província. “Convidamos a imprensa para fazermos um pronunciamento sobre a situação dos autocarros entregues à província do Uíge pelo Ministério dos Transportes, que nos últimos dias tem causado muitas especulações quanto à utilização dos mesmos. Pelo que constatamos, a reportagem da TPA que referia que 10 autocarros estavam escondidos numa fazenda não corresponde à verdade, tendo em conta que se trata do estaleiro da empresa Camalela, pertença do empresário Armando Camacho, onde estavam as três viaturas e outras antigas já paralisadas”, salientou.
Disse que a Direcção Provincial dos Transportes não possui um parque onde pudesse manter concentrados os autocarros enquanto se aguardava pelo licenciamento dos mesmos para posterior distribuição. Daí a obrigação de terem sido entregues antes de todo o procedimento para a documentação dos mesmos, tendo algumas viaturas permanecido inoperantes. Este factor fez com que a população notasse a ausência dos mesmos na via pública.
Frisou que, no quadro da dinamização do sector dos Transportes públicos, a província do Uíge foi contemplada com 30 autocarros, dos quais 16 para o transporte interurbano, cinco para as vias interprovinciais e nove intermunicipais.
Zombo João, proprietário da empresa Avô Zua, que recebeu dois autocarros, disse que colocou a logomarca da empresa nos mesmos e já começaram as suas operações nas rotas interurbana e intermunicipal. A corrida da cidade do Uíge ao bairro Quindenuku custa 100 kwanzas e para o município do Negage, a cerca de 34 quilómetros, 150.
“Somos uma operadora de referência na província e tínhamos noção de que teríamos problemas em negociar com as autoridades policiais para que os autocarros começassem logo a operar. Colocámos a nossa logomarca e iniciámos as nossas actividades com a nova frota, mesmo ainda sem as matrículas e os registos iniciais”, disse.
José Manuel, responsável pelo tráfego da Ladom, Lda, disse que dois dos três autocarros que receberam já operam há um mês actuando nas rotas interurbanas cidade/GAI, cidade/Quindenuku e na rota intermunicipal operam no corredor Uíge/Negage, cobrando 100 e 150 kwanzas pela corrida, respectivamente.
“Assim que colocarmos as chapas de matrículas no outro autocarro, vamos começar a operar nas rotas interprovinciais. Lamentamos a fraca adesão aos veículos quando tentam circular nas ruas da cidade, o que nos faz entender que a população ainda não está acostumada com o transporte público colectivo”, concluiu.
Antes da conferência de imprensa, a directora dos Transportes e os jornalistas visitaram os estaleiros das operadoras que receberam os autocarros