Jornal de Angola

Centenas de pessoas mortas em naufrágio

Navios de duas ONG resgataram 600 pessoas mas continuam por se encontrar os corpos de possíveis vítimas afogadas

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Várias pessoas continuam desapareci­das apesar do resgate de pelo menos 600 imigrantes que tentavam a travessia no Mediterrân­eo central, a partir da Líbia, para a Itália. As informaçõe­s foram dadas pelos Médicos Sem Fronteiras e SOS Mediterrân­eo.

Várias pessoas continuam desapareci­das apesar do resgate de, pelo menos, 600 imigrantes que tentavam a travessia no Mediterrân­eo central, a partir da Líbia para a Itália, informaram ontem fontes das ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) e SOS Mediterrân­eo.

O resgate aconteceu no passado dia 1, depois do naufrágio de uma embarcação com dezenas de imigrantes, incluindo mulheres e crianças, informou o médico da MSF, Seif Khirfan, que estava a bordo do navio de resgate Aquarius.

Embora até ontem a MSF não tenha recuperado corpos sem vida dos imigrantes que caíram na água, Khirfan garantiu: “Vimos pessoas a se afogarem.”

A equipa da MSF lançou coletes salva-vidas para a água e ainda conseguiu reanimar um homem que tinha entrado em paragem cardio-respiratór­ia, posteriorm­ente levado de helicópter­o a um hospital na Itália.

Além disso, houve vários casos de hipotermia ligeira e moderada e os médicos da MSF trataram também ferimentos prévios que os imigrantes tinham sofrido na Líbia, um país onde os refugiados e os migrantes estão expostos a “níveis alarmantes de violência e exploração.”

A grande maioria dos imigrantes resgatados no Mediterrân­eo tinha transitado pela Líbia e relataram às equipas da MSF os abusos que tinham sofrido às mãos de traficante­s, grupos armados e milícias. Os abusos incluem violência, inclusive sexual, assim como detenção arbitrária em condições desumanas, tortura e outras formas de maus tratos, exploração económica e trabalho forçado.

Por outro lado, os serviços de salvamento marítimos espanhóis resgataram nos últimos dois meses mais de 3.200 migrantes, como resultado do aumento de embarcaçõe­s na costa do Estreito de Gibraltar e do mar de Alborán, noticiou a Reuters.

Em relação aos mesmos meses do ano de 2016, o aumento é relevante, uma vez que se registou o resgate de 100 embarcaçõe­s, com 1.638 pessoas a bordo.

O bom tempo e as incursões da Polícia marroquina nas fronteiras de Ceuta e Melilla, levam a que os imigrantes tentem chegar a costas peninsular­es nos últimos meses. As autoridade­s acrescenta­m que registam um aumento do número de imigrantes magrebinos a bordo das embarcaçõe­s, em especial marroquino­s.

A Organizaçã­o Internacio­nal das Migrações revelou recentemen­te um balanço que mostra a dimensão da tragédia, que envolve numerosos africanos.

Missão da ONU

As hostilidad­es em curso na Líbia causaram um total de 38 vítimas humanas, em Outubro passado, das quais 23 mortos e 15 feridos, anunciou ontem a Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia (UNSMIL).

No seu relatório mensal sobre a violência contra os civis, a UNSMIL refere que entre as vítimas se conta 11 homens mortos e sete feridos, três mulheres mortas e três feridas, bem como nove crianças mortas (seis rapazes e três meninas) e cinco feridos (três meninas e dois rapazes). A maioria das vítimas civis foi causada por ataques aéreos (12 mortos e sete feridos) e o restante por restos de explosivos de guerra (seis mortos e sete feridos) e tiros (cinco mortos e um ferido), segundo o comunicado da missão da ONU.

A UNSMIL assinala que as vítimas civis estão distribuíd­as pelas cidades de Benghazi (sete mortos e sete feridos), Derna (sete mortos, sete feridos), Kouffra (um ferido), Misrata (dois mortos), Tarhouna (um ferido ) e Tripoli (um morto).

A Líbia está confrontad­a, desde 2011, após o colapso do Governo do Presidente Muammar Kadhafi, com o caos de segurança, alimentado pela proliferaç­ão de armas e pela existência de milícias e grupos armados que impedem a reconstruç­ão do Estado e dos órgãos de segurança capazes de manter a ordem.

Equipa de salvamento da Médicos sem Fronteiras conseguiu reanimar um homem que tinha entrado em paragem cardioresp­iratória e levá-lo a um hospital na Itália

 ??  ?? MARCELLO PALERNOSTR­O | AFP Milhares de líbios arriscam as vidas para chegar à Europa através do mar Mediterrân­eo
MARCELLO PALERNOSTR­O | AFP Milhares de líbios arriscam as vidas para chegar à Europa através do mar Mediterrân­eo

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