Jornal de Angola

Mercado recebeu menos dinheiro em Setembro

Banco central travou a pressão cambial provocada pela cotação de moeda estrangeir­a (dólar e euro) no informal

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O dinheiro em circulação em Angola voltou às quebras em Setembro, para 434.321 milhões de kwanzas em notas e moedas, depois de em Agosto ter atingido o valor mais alto em seis meses.

De acordo com o relatório sobre a Base Monetária Ampla do Banco Nacional de Angola (BNA), entre Agosto e Setembro, foram retirados de circulação física no país mais 16.702 milhões de kwanzas.

Ao retirar a moeda nacional de circulação, o banco central consegue travar a pressão cambial provocada pela cotação de moeda estrangeir­a (dólar e euro) no mercado paralelo, que serve de indicação a vários sectores.

Desde Janeiro, quando o dólar atingiu valores máximos do ano no mercado de rua, o Banco Nacional de Angola já retirou de circulação 71.685 milhões de kwanzas, numa estratégia que permite valorizar a moeda nacional.

Em Agosto, mês de eleições gerais em Angola, o dinheiro em circulação subiu para 451.023 milhões de kwanzas (2.300 milhões de euros), o melhor registo desde Fevereiro. De Agosto a Setembro, registou-se uma nova quebra, de quase quatro por cento, praticamen­te anulando o aumento do dinheiro físico a circular registado no mês anterior.

Um dos efeitos mais visíveis da descida do número de notas e moedas em circulação desde Janeiro é a subida e manutenção do valor do kwanza no mercado paralelo, travando a valorizaçã­o do dólar norte-americano nestas transacçõe­s, ilegais, mas também a única solução para quem tenta, sem sucesso, aceder a divisas nos bancos.

Depois de máximos de 500 kwanzas por cada dólar, nos primeiros dias do ano, comprar a nota norte-americana no mercado paralelo desceu até os 375. Na última semana, essa cotação subiu para mais de 420 kwanzas, face a previsões de desvaloriz­ação da moeda angolana. A taxa de câmbio oficial cifrase actualment­e em cerca de 166 kwanzas (85 cêntimos de euro) por cada dólar, quando antes do início da crise das receitas do petróleo, ainda em 2014, era de 100.

No final de 2015, Angola tinha em circulação 519.588 milhões de kwanzas.

O chefe da missão do Fundo Monetário Internacio­nal (FMI) para Angola, Ricardo Velloso, considerou a retirada de circulação da moeda nacional uma medida positiva, pelas repercussõ­es no corte nas taxas de câmbio no mercado paralelo, que permanecem em mais do dobro do valor oficial.

“É uma medida muito importante, que ajuda no controlo da inflação e ajuda a reduzir o diferencia­l entre a taxa de câmbio do mercado de rua e a taxa oficial”, destacou o chefe da missão do FMI.

O Banco Nacional de Angola (BNA) mantém a 16 por cento, até finais de Novembro, a taxa de juros com base numa decisão do Comité de Política Monetária do Banco Central, depois de ter avaliado os indicadore­s de cresciment­o económico, as contas fiscais e monetárias.

Um dos efeitos mais visíveis da descida de notas em circulação desde Janeiro é a subida e manutenção do valor do kwanza no mercado

Na sua 72.ª sessão ordinária, realizada na quarta-feira, o comité decidiu não alterar as taxas de juro de facilidade permanente de cedência de liquidez, fixadas em 20 por cento ao ano, e a de facilidade permanente de absorção de liquidez a sete dias, em 2,75.

Dados preliminar­es das contas monetárias, no mês de Setembro de 2017, o crédito à economia diminuiu 0,72 por cento, enquanto o crédito bruto ao Governo central (titulado e não titulado) aumentou 1,21.

Neste mesmo período, os depósitos do Governo no sistema bancário diminuíram 3,25 por cento.

Para a decisão do Comité de Política Monetária contou a evolução dos preços na economia nacional, tendo-se observado em Setembro uma inversão da inflação homóloga iniciada em Janeiro deste ano.

Em relação ao mesmo período do ano anterior, a inflação homóloga registou uma redução de 11,98 pontos percentuai­s. De acordo com o Instituto Nacional de Estatístic­a, a inflação mensal em Luanda em Setembro foi de 2,54 por cento, contra 1,66 no mês anterior.

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FRANCISCO BERNARDO| EDIÇÕES NOVEMBRO BNA reduziu em quatro por cento o volume da massa monetária em circulação

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