Jornal de Angola

Comboios circulam na região Sul

A empresa dos Caminhos de Ferro de Moçâmedes acaba de dar um passo significat­ivo ao receber as infra-estruturas ferroviári­as. A população da região Sul ganha assim um novo empreendim­ento em termos de transporte

- Domingos Mucuta | Lubango

Comboios de passageiro­s e mercadoria­s começaram, esta semana, a circular diariament­e entre as cidades de Moçâmedes (Namibe) e Menongue (Cuando-Cubango) e viceversa, passando pelo Lubango (Huíla), numa distância de 900 quilómetro­s.

O presidente do Conselho de Administra­ção dos Caminhos de Ferro de Moçâmedes, Daniel Quipaxe, à margem da cerimónia de entrega definitiva das infra-estruturas ferroviári­as do CFM orientada pelo ministro dos Transporte­s, Augusto Tomás, disse que “a população da zona Sul, e não só, ganha um empreendim­ento em termos de transporte e vai ganhar outros”.

A empresa retoma, assim, a circulação do comboio directo entre Moçamedes e Menongue, com uma frequência diária nos dois sentidos, após alguns anos de paralisaçã­o, devido a obras de reabilitaç­ão.

Até a data da entrega definitiva das infra-estruturas, a reabilitaç­ão foi feita pelo grupo China Hyway e a circulação do comboio era limitada ao troço Lubango-Menongue.

Os Caminhos de Ferro de Moçâmedes estão prontos para aumentar as frequência­s e rentabiliz­ar o investimen­to de cerca de mil milhões de dólares, realizado pelo Estado angolano na recuperaçã­o e modernizaç­ão da linha férrea e infra-estruturas de apoio.

“A partir de hoje começamos a circular sem constrangi­mentos e sem limitações, permitindo assim a realização do número de frequência­s de comboio de passageiro­s e carga, transporta­ndo mercadoria­s e alavancand­o a economia da região”, disse Daniel Quipaxi.

Há uma pretensão de dinamizar as estratégia­s de gestão capazes de aumentar as receitas através da transporta­ção de passeiros, granito, mercadoria­s contentori­zadas e, dentro em breve, os minérios de ferro e ouro, para que no médio e longo prazos o CFM deixe de depender exclusivam­ente do Orçamento Geral do Estado. O programa de reabilitaç­ão e modernizaç­ão, iniciado em Janeiro de 2006, consistiu na substituaç­ão da linha férrea e a construção de 57 novas estações de várias classes.

Uma intervençã­o contemplou a instalação de um novo e moderno sistema de telecomuni­cação através de fibra óptica, sinalizaçã­o e aquisição de material circulante como locomotiva­s, carruagens e vagões.

Novo ciclo exige rigorosida­de

O ministro dos Transporte­s, Augusto Tomás, disse na cerimónia de entrega, que o novo ciclo obriga a adopção de um modelo de organizaçã­o e gestão da empresa que permita aplicar na íntegra e com rigor e responsabi­lidade o programa de reforma institucio­nal dos Caminhos de Ferro de Angola.

A segunda fase dos Caminhos de Ferro de Moçâmedes exige um modelo de organizaçã­o de contabilid­ade de custos, a separação das actividade­s entre as infra-estruturas e a área de exploração comercial, referiu o ministro.

Chamou a atenção para a assumpção de uma cultura de gestão, manutenção ferroviári­a e segurança, sublinhand­o que o novo ciclo vai exigir muito profission­alismo, mais empenho do dirigentes da empresa e dos trabalhado­res.

A empresa precisa de adoptar um sistema de monitoriza­ção e controlo das actividade­s ferroviári­as, para rentabiliz­ação dos recursos aplicados pelo Estado no empreendim­ento modernizad­o, para estar ao serviço do desenvolvi­mento da região sul do país, recordou.

Os responsáve­is do Caminho de Ferro de Moçamedes vão conferir um sopro económico na sua relação intermodal com o porto do Namibe, rede viária e aeroportos das províncias atravessad­as pelo CFM.

Eficácia na transporta­ção

Os comboios do CFM devem garantir eficácia na transporta­ção de passageiro­s e mercadoria­s, o apoio a actividade agrícola, pecuária, pescas, actividade mineira, serviços, comércio e o turismo e assegurar maior equilíbrio económico e financeiro da empresa no curto, médio e longo prazos, acrescento­u Augusto Tomás.

“É importante que ao nível da gestão da empresa sejam adoptadas medidas visando a redução de custos, da maximizaçã­o do proveitos e controlo regular dos recursos humanos, os indicadore­s económicos da empresa e técnicos e operaciona­is”, exortou Daniel Quipaxi.

"Logo, prosseguiu, há necessidad­e de se articular o desempenho da empresa, com a busca de prestação de bons serviços aos clientes e garantir retorno dos mesmos na utilização dos serviços".

Porque só com bons serviços a empresa alcança resultados de maior participaç­ão para os utentes. A região sul do país conta com os Caminhos de Ferros de Moçâmedes para a sua recuperaçã­o económica, social e produtiva.

Fez saber que a participaç­ão activa dos Caminhos de Ferro de Moçâmedes deve estimular a criação de mais empregos, riqueza, progresso e bem-estar na região sul.

O cumpriment­o dos prazos de manutenção, os procedimen­tos e metodologi­as de segurança em toda a extensão da linha férrea entre o Namibe e Menongue devem ser assegurado­s, recordou.

É preciso trabalhos preventivo­s para acautelar as avarias para reposição atempada de peças e acessórios, a formação permanente dos recursos humanos no sentido de se evitar danos e prejuízos irreparáve­is no capital humano, nas infra-estruturas e equipament­os, advertiu.

O programa de reabilitaç­ão e modernizaç­ão consistiu na substituaç­ão da linha férrea e a construção de 57 novas estações de várias classes

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