Carlos Lamartine Prémio de Cultura
António Fonseca, Carlos Lamartine e Maria Luísa Fançony são alguns dos vencedores do Prémio Nacional de Cultura e Artes de 2017
Considerado um dos grandes artífices da música angolana, o músico e compositor Carlos Lamartine foi proclamado ontem vencedor do Prémio Nacional de Cultura e Artes 2017. Carlos Lamartine é co-autor do Hino Nacional da República de Angola.
A radialista e actual directora da rádio Luanda Antena Comercial (LAC) é a vencedora da edição 2017 do Prémio Nacional de Cultura e Artes, na categoria de Jornalismo Cultural, disciplina que foi introduzida este ano no troféu do Ministério da Cultura.
O anúncio foi feito ontem, em conferência de imprensa, no Ministério da Cultura, em Talatona, pelo presidente do júri Virgílio Coelho, tendo destacado que a apresentadora dos programas “Reencontrar África” e “Afrikiya”, Maria Luísa Fançony sempre primou pela postura didáctica, qualidade na elaboração estética e narrativa, longevidade, apego e persistência na temática, no tratamento jornalístico e divulgação de aspecto da cultura angolana e africana.
Outra categoria introduzida este ano tem a ver com as Festividades culturais populares, cujo júri atribuiu o prémio às Festas da Nossa Senhora do Monte, na província da Huíla por existir há mais de 100 anos, desde 1902, e por ter incorporado no seu seio importantes elementos da cultura local nos diversos domínios, assim como por terem sido as mais mobilizadores de turistas internos numa dada fase da sua realização, concorrendo assim para o “contágio” nacional inspiradora de realização de festas de cidade pelo resto do país.
O júri atribuiu o prémio na categoria de Literatura ao escritor António Fonseca por ser considerado um abalizador de etno-ficções, ao levantar do substrato da oralitura e dos nódulos da história de Angola a matéria-prima do edifício discursivo que dá forma a uma literatura genuína que, tendo como eixo motivador e inspirador a mundividência kikongo, se deixa entranhar pelas diversas linguagens e pela imagética criativa popular do todo nacional que é Angola.
Na categoria de Música, o júri decidiu atribuir o prémio ao cantor e compositor Carlos Lamartine, por fazer parte dos grandes artífices da música nacional, tendo as suas composições e interpretações assentes não apenas na canção popular urbana e abordarem os géneros satírico e revolucionário, como a trova e o folclore, enriquecendo e valorizando o universo contemporâneo da música angolana.
No teatro, o vencedor é o grupo Protevida, uma agremiação com um conjunto de obras continuadas, que desenvolveu um gráfico ascendente ao longo dos anos. Tem o mérito de ter criado um festival anual de teatro “O Festipaz”, para além, de fazer adaptação de obras de autores nacionais que abordam questões prementes da sociedade angolana, cujas representações contribuem para a formação e a educação das novas gerações.
Pela realização da recente exposição individual sobre cerâmica, no Museu da Moeda, ao artista Horário Dá Mesquita, foi-lhe atribuído o prémio na categoria de Artes Visuais e Plásticas. A Companhia de Dança Contemporânea de Angola, que desde a sua criação há 26 anos, se tem esforçado por introduzir novas técnicas na interpretação das suas obras, que geralmente constituem matérias de investigação colhidas na realidade etnográfica nacional (dança, folclóricas e patrimonial) e na literatura e artes plásticas, venceu na disciplina da Dança.
Pelo conjunto da sua obra, desenvolvida ao longo de 40 anos de carreira, o prémio de Cinema e Audiovisuais foi atribuído ao realizador Abel Couto, um profissional sério que do ponto de vista histórico é o pioneiro da ficção televisiva em Angola, um verdadeiro mestre do género e o principal promotor do surgimento de novos talentos na arte de representar e de dirigir obras de ficção nas últimas três décadas.
O prémio na disciplina de Investigação em Ciências Humanas e Sociais foi atribuído a título póstumo ao historiador Emmanuel Esteves, cujos trabalhos fundamentais assentam por um lado sobre a história do Caminho-de-Ferro de Benguela e o seu impacto económico, social e cultural e, por outro lado, sobre questões referentes ao inventário de Bens Patrimoniais e Móveis.
O júri atribuiu o prémio na categoria de Literatura ao escritor António Fonseca, por ser considerado um abalizador de etnoficções ao levantar do substrato da oralitura e dos nódulos da história de Angola