Jornal de Angola

Mugabe demite Vice-Presidente

Washington aumenta intervençã­o militar no continente ao contribuir para a força G5 Sahel e bombardear rebeldes

- Eleazar Van-Dúnem

O Níger autorizou os EUA a armar os seus drones estacionad­os em Niamey, que se dedicavam exclusivam­ente à vigilância dos movimentos dos grupos rebeldes que operam na região do Sahel.

“É uma negociação que temos vindo a dedicar há já algum tempo (com os EUA). Armar os drones é uma opção que tomamos antes da tragédia de Tongo Tongo”, declarou o ministro nigerino da Defesa, Kalla Moutari.

O anúncio é feito cinco dias depois de os EUA bombardear­em combatente­s do Estado Islâmico na Somália, de que resultaram “vários terrorista­s mortos”, de acordo com comando norte-americano em África.

Em comunicado, o comando dos EUA disse que os ataques foram realizados em coordenaçã­o com Mogadíscio , com o objectivo atingir alvos do Estado Islâmico na Somália, onde o grupo é uma presença constante, num país há muito tempo ameaçado pelo grupo AlShabaab, ligado à Al-Qaeda.

E na semana passada, no mesmo dia em que o Secretário-Geral da ONU pediu perante o Conselho de Segurança da ONU mais apoio à região, os EUA anunciaram, através do seu secretário de Estado, Rex Tillerson, que vão dar 60 milhões de dólares para a força de combate ao terrorismo no Sahel.

Rex Tllerson deixou claro que Washington não quer que a ONU a dirija, ou administre os recursos económicos e logísticos. Tragédia de Tongo Tongo Em 4 de Outubro, quatro soldados dos EUA e outros tantos militares nigerinos foram mortos numa emboscada criada pelos jihadistas em Tongo Tongo, aldeia da região de Tillabéri, perto do Mali, naquilo que passou a ser chamada “Tragédia de Tongo Tongo”.

Apesar de o ministro nigerino da defesa afirmar que a decisão já havia sido tomada, a verdade é que, antes da supracitad­a tragédia, Niamey estava relutante sobre a questão de armar os drones norte-americanos no seu solo.

Agora, Kalla Moutari diz que “estamos a enfrentar pessoas muito bem armadas” e a entrada em cena dos drones armados dos EUA “constitui uma resposta adequada e decisiva para combater o terrorismo”. O Níger, prossegue, “está determinad­o em assegurar a paz e a segurança” do seu território “com a inclusão da decisão de armar os drones dos EUA”, garantiu.

Tropas dos EUA estão presentes no Níger, numa base do aeroporto de Agadez (norte), de onde os drones descolam para monitorar a zona do Sahel, incluindo o Mali e a Líbia.

Em Outubro de 2015, Niamey e Washington assinaram um acordo militar sobre “segurança e boa governação”, em que os dois países compromete­m-se a “trabalhar juntos na luta contra o terrorismo”. No quadro deste acordo, os EUA formam militares nigerinos na luta contra o terrorismo.

Com 800 soldados norteameri­canos e uma base de drones implantada­s em seu território, o Níger, é a principal ponte das Forças dos EUA que lutam contra grupos armados na África do Oeste.

No total, a África alberga seis mil soldados americanos, mas a maioria destes protegem as suas missões diplomátic­as. São, principalm­ente, forças especiais que lutam contra grupos rebeldes.

Em 2017, as forças especiais provenient­es dos distintos ramos do Exército dos EUA aumentaram para mil 300, contra os 450 em 2012.

A escolha do Níger justifica-se no plano geoestraté­gico, por estar próximo dos dois maiores grupos mais activos na África Ocidental, Boko Haram e Al-Qaeda no Maghreb islâmico (AQMI), que operam no Sahel.

Outro benefício, é o facto de o Níger ser visto como um país relativame­nte estável politicame­nte, comparado com os países vizinhos.

Fronteiriç­o com a Líbia, no Norte, a Nigéria, no Sul e o Mali, no Oeste, o Níger, cujo território é essencialm­ente desértico, está na rota de vários tráficos na África Oriental: Drogas, armas, migrantes clandestin­os e mercadoria­s de todo tipo.

Além dos EUA, França, antiga potência colonial e parceira privilegia­da do Níger, possui uma base no aeroporto de Niamey, a partir da qual operam os aviões de caça Rafale e drones não armados. No âmbito da Operação Barkhane, as forças especiais francesas dispõem também de uma base em Madama, no norte do Níger.

EUA estão mais interventi­vos nas questões africanas desde que quatro militares norteameri­canos foram assassinad­os no Níger numa emboscada realizada por grupos rebeldes

 ??  ??
 ?? SEYLLOU | AFP ?? Militares dos EUA formam soldados nigerinos no âmbito de um acordo entre os dois países
SEYLLOU | AFP Militares dos EUA formam soldados nigerinos no âmbito de um acordo entre os dois países

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola