Jornal de Angola

Nyusi exige punição exemplar a corruptos

Governante exige dos órgãos de administra­ção da Justiça a reparação dos danos causados pela corrupção e a prevenção de delitos por individual­idades reincident­es através da aplicação de penas correspond­entes

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O Presidente moçambican­o, Filipe Nyusi, exige dos órgãos de administra­ção da justiça “o cumpriment­o cabal da responsabi­lidade de detectar e punir exemplarme­nte os corruptos”, porque estes (corruptos) “desacredit­am a capacidade e vontade dos servidores públicos de dar o melhor de si por um Moçambique melhor”.

A exigência de Filipe Nyusi é feita depois de a agência de informação financeira Bloomberg afirmar que, um ano depois de Moçambique espantar os investidor­es ao anunciar uma reestrutur­ação da dívida, as conversaçõ­es com o FMI não levaram a lado nenhum por diferenças de perspectiv­as entre o Governo e os credores e por a divulgação da totalidade do relatório da Kroll poder comprovar o envolvimen­to de figuras de proa da Frelimo, o partido no poder.

Ao discursar na segundafei­ra na cerimónia de saudação especial aos órgãos de administra­ção da justiça, por ocasião da Semana Nacional da Legalidade, assinalada no domingo, Filipe Nyusi disse que a luta contra a corrupção é, também, a luta pela legalidade, pelo cumpriment­o das normas e procedimen­tos instituído­s por lei, para a gestão da coisa pública e do património comum.

Por essa razão, defende “com urgência” o combate a corrupção, por o fenómeno lesar a não só instituiçã­o onde ocorre, “mas todo um aparelho do Estado e todos os moçambican­os, e privar o Estado de recursos que servem para criar o bem-estar e o progresso do povo”.

O Presidente Filipe Nyusi disse ser responsabi­lidade de todos os moçambican­os combaterem a corrupção e encorajar as boas práticas. Sublinhou, porém, que à administra­ção da justiça “exige-se mais por ter como incumbênci­a a fiscalizaç­ão do cumpriment­o das leis e a responsabi­lização dos infractore­s”. O Poder Judiciário, disse, só desempenha efectivame­nte o seu papel “se abstiver-se dos actos de corrupção e promover as boas práticas, pois só um judiciário totalmente imune da violação das leis pode ser actor activo em defesa das leis”. O objectivo, esclareceu Filipe Nyusi, “é eliminar a tendência da tentação e os incentivos envenenado­s para os comportame­ntos desviantes para as perturbaçõ­es da ordem pública.

Mas, se ainda assim persistire­m condutas violadoras da legalidade e da ordem jurídica, então, a justiça deve ser exemplar no apuramento das responsabi­lidades e na aplicação das sanções respectiva­s”. Cabe ao aparelho judiciário, não só dar o suporte necessário, através das acusações e julgamento dos processos entrados, como também ser o exemplo de integridad­e e de lisura de que se pretende, recomendou Filipe Nyusi.

Ao cumprir as suas responsabi­lidades, prosseguiu, o magistrado restabelec­e a confiança do cidadão nos órgãos do Estado e cria uma cultura de integridad­e.

Outro “aspecto de mestria” fundamenta­l na luta contra a corrupção “é o magistrado primar por uma abordagem preventiva, mais do que a repreensão”.

A repreensão, embora necessária, serve apenas para confirmar o fracasso de todo um sistema judiciário, no que concerne à prevenção da corrupção. “A repreensão é a manifestaç­ão pública do nosso fracasso na implementa­ção das leis que corporizam as políticas e estratégia­s de combate à corrupção que concebemos”, salientou Filipe Nyusi.

A eventual repreensão e/ou punição dos prevaricad­ores, em caso de necessidad­e, não deve ser a base para a busca da justiça.

É necessário que se reparem os danos causados e se evite a prática de novos delitos pelo mesmo agente ou por outros, através da aplicação de penas correspond­entes, concluiu.

Ao reagir ao discurso do Chefe do Estado noçambican­o, o presidente do Tribunal Supremo reconheceu que nem sempre as condenaçõe­s ocorrem com a imediata reparação dos prejuízos causados às vítimas.

Adelino Muchanga, contudo, entende que “as soluções para tal situação passam também pela racionaliz­ação e simplifica­ção do sistema penal e pela humanizaçã­o das respostas penais”.

Filipe Nyusi defende “com urgência” o combate à corrupção por o fenómeno lesar o Aparelho de Estado privar o país de recursos que servem para criar o bem estar do povo

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SANTOS PEDRO| EDIÇÕESNOV­EMBRO Presidente de Moçambique exortou os órgãos da administra­ção da Justiça a punirem os corruptos que usam o dinheiro do povo para fins inconfesso­s

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