“É preciso investigar a História de Angola”
Era o que estava a dizer. Tem havido uma tendência e é preciso ver e não esquecer que Angola é independente há 42 anos. E 42 anos em História é pouco tempo. É preciso investigar a História de Angola recuando para muitos anos atrás. É fundamental que assim seja. Quando nos prendemos aos últimos 42 anos, evidentemente, estamos preocupados com os factos. É positivo, mas não chega. Estamos preocupados como narrar os factos de uma forma e narrar os outros de outra forma, mas acho que é também preciso ouvir o depoimento de quem viveu isto ou ainda o documento ou mesmo buscar jornais de épocas recuadas…Há que recuar mais e ver o que ficou na cabeça das pessoas sobre o passado. É um exercício complexo à primeira vista, mas penso que é incontornável e bom.
Os relatos históricos podem aproximar-se mais da verdade usando estes caminhos ou métodos?
É difícil responder a esta pergunta, mas o objectivo de qualquer historiador é aproximar-se da verdade, sem dúvida… há uma coisa que gostaria de deixar claro: não estou a descobrir nem inventar nada de novo. Esse livro é sobre casos específicos de História dos imaginários de Angola. Não é uma história dos imaginários de Angola, pois a história dos imaginários por ser vastíssima implicaria e vai implicar muitos estudos dos historiadores e não se esgotam. O que penso é que deve intensificar-se a busca por outras fontes do estudo da História de Angola e que não sejam só os documentos. Por exemplo, é fundamental buscar a história oral dos povos em perspectivas diferentes, sejam elas política e ideologicamente distintas.