Mediador do acordo de paz diz ser preciso evitar a desconfiança
O mediador das negociações do acordo de paz para Moçambique, Matteo Zuppi, exortou, em Addis Abeba, os moçambicanos a ultrapassarem a desconfiança e a comprometerem-se com o diálogo para alcançarem uma paz definitiva, assinalando que não existem acordos perfeitos, noticiou a Pana.
Ao falar sobre o tema “Celebrar a memória, olhando para o futuro”, no âmbito dos 25 anos do Acordo Geral de Roma, Matteo Zuppi defendeu que os moçambicanos devem capitalizar a herança do espírito do acordo assinado em 1992 entre o Governo da Frelimo e a Renamo, que pôs termo a 16 anos de guerra civil.
"O espírito do Acordo Geral de Roma deve manter-se vivo, porque foi o fundamento para o exemplo de paz que Moçambique deu ao longo dos anos que se seguiram ao entendimento", declarou. O Governo e a Renamo, prosseguiu, empenharam-se na construção da confiança e na aposta no diálogo para ultrapassarem as divergências que as duas partes mantinham.
“Dada a longevidade do conflito e as divergências que opunham as duas partes, um acordo parecia impossível, mas a persistência no diálogo e na confiança resultaram num entendimento final”, sublinhou. O Acordo de Roma, sustentou, foi possível “porque todas as partes envolvidas tiveram a paciência necessária e capitalizaram os pontos de convergência em detrimento das questões mais controversas”.
Sobre as premissas necessárias para o actual processo negocial entre o Governo moçambicano e a Renamo, para uma paz duradoura, insistiu na necessidade do diálogo e da confiança entre os moçambicanos.