Jornal de Angola

GUINÉ-BISSAU

Líder do PAIGC, Domingos Simões, disse que especialis­tas em matéria constituci­onal estão a preparar os fundamento­s

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PAIGC prepara processo contra o Chefe de Estado

Domingos Simões disse que o Chefe de Estado tinha conhecimen­to das informaçõe­s perigosas, mas preferiu ignorar os nomes dos seus colaborado­res para os poder nomear para altos cargos

O presidente do Partido Africano para a Independên­cia da Guiné-Bissau e Cabo Verde PAIGC, Domingos Simões Pereira, admitiu ontem a possibilid­ade de apresentar queixa contra o Chefe de Estado, José Mário Vaz, no Tribunal Penal Internacio­nal.

“Quando me chega a informação de que serviços de inteligênc­ia europeus levaram ao conhecimen­to do senhor Presidente da República, com antecedênc­ia necessária, elementos que lhe davam conta de associaçõe­s criminosas de elementos que ele tinha a intenção de nomear, penso que isso é de uma gravidade que nós não podemos ignorar”, afirmou Domingos Simões Pereira. Depois de ter recebido os elementos concretos, o PAIGC tomou a iniciativa de contactar um grupo de advogados para os analisar e dar o devido tratamento jurídico-legal.

“Nós queremos que gente mais habilitada nestas questões possa avaliar até que ponto a nossa segurança nacional está ameaçada, até que ponto nós representa­mos uma ameaça com este tipo de postura para a comunidade sub-regional e até que ponto não terá com isso havido uma associação criminosa de carácter internacio­nal que todos temos a obrigação de acautelar e combater”, salientou Domingos Simões.

Durante comícios realizados durante o fim de semana pelo colectivo de partidos democrátic­os, do qual o PAIGC faz parte, o primeiromi­nistro, Umaro Sissoco Embaló, foi acusado de alegadas ligações a associaçõe­s criminosas por Nuno Nabian, presidente da APU-PDGB. Nuno Nabian afirmou que os números de telefone de Umaro Sissoco Embaló teriam sido encontrado­s no telemóvel de um terrorista abatido num país vizinho da Guiné-Bissau, sem avançar mais pormenores sobre as acusações.

Segundo Domingos Simões Pereira, quando as informaçõe­s são provenient­es de entidades com reputação e credibilid­ade é preciso levar as coisas a sério e trazer ao conhecimen­to público e do povo guineense as ameaças que eventualme­nte pairam.

“Se se confirmar a veracidade destes elementos, penso que o Presidente da República tem de responder por esta grave violação”, disse o político.

Sobre que tipo de evidências estava a falar, Domingos Simões Pereira precisou que se trata de informaçõe­s disponibil­izadas a José Mário Vaz sobre “pessoas que o rodeiam e das decisões que ele estaria por tomar e que acabou por tomar” e, que segundo o presidente do PAIGC, “podem tem implicaçõe­s directas em questões de segurança interna e internacio­nal”.

Domingos Simões Pereira explicou que o grupo de advogados, composto por elementos da sub-região, da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa e próximos do sistema da ONU, vai fazer uma avaliação prévia.

“O que pretendemo­s é que nos digam se estamos na presença de elementos necessário­s para lá chegar”, disse, salientand­o que isto não é um processo mediático e que está a ser tratado com a “seriedade e determinaç­ão necessária­s”. O antigo primeiro-ministro guineense Domingos Simões, disse que já tinha ouvido rumores, mas que só agora é que recebeu a informação que considerou reunir as provas suficiente­s para pedir a avaliação.

“Estamos a tratar do assunto com muita seriedade porque é a nossa segurança interna que está em causa, a segurança da sub-região e é aquilo que pode passar a ser visto como a contribuiç­ão da Guiné-Bissau para a comunidade internacio­nal”, referiu Domingos Simões.

O PAIGC venceu as eleições legislativ­as de 2014 e Domingos Simões Pereira assumiu o cargo de primeiromi­nistro, mas acabou por ser demitido pelo Presidente guineense, José Mário Vaz, devido à falta de entendimen­to entre os dois.

Desde 2014, a Guiné-Bissau já teve cinco primeirosm­inistros e vive um momento de impasse político, com o Parlamento encerrado há cerca de dois anos. O actual Governo da Guiné-Bissau não tem o apoio do partido que ganhou as eleições e o impasse político tem levado vários países e instituiçõ­es internacio­nais a apelarem a um consenso para a aplicação do Acordo de Conacri.O acordo prevê a formação de um Governo integrado por todos os partidos representa­dos no parlamento e a nomeação de um primeiro-ministro.

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AFP Presidente guineense José Mário Vaz é acusado de ignorar informaçõe­s “compromete­doras”

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