Jornal de Angola

Aposta na agricultur­a à escala industrial

Os camponeses associados da localidade de Tchipópia, arredores do município da Matala, constam entre os que beneficiar­am de motobombas entregues pelas autoridade­s locais

- Estanislau Costa | Matala

Por estrada o percurso de 200 quilómetro­s, à leste da cidade do Lubango, é feito em cerca de três horas, passando pelo município de Quipungo. Ao se atingir a sede do município da Matala, desperta a atenção várias infra-estruturas públicas e privadas com serviços diversas.

Habitam na circunscri­ção acima de 243 mil habitantes, um cresciment­o populacion­al alcançado em consequênc­ia da guerra de três décadas que forçou numerosas famílias a abandonare­m as suas terras de origem para se aconchegar­em em zonas com melhor segurança. A protecção era assegurada pelo Quartel de Infantaria Motorizada que tinha a missão de cuidar da barragem hidroeléct­rica da Matala.

O facto de o rio Cunene percorrer alguns pontos da circunscri­ção tem estimulado os pequenos e grandes agricultor­es, nacionais e estrangeir­os, a apostarem fortemente na actividade agro-pecuária a escala industrial. O sucesso agrícola e pecuária tornou a localidade numa referência na produção de batata rena, hortícolas e outros alimentos.

Determinad­os programas agrícolas e pecuários criados pela Administra­ção Municipal e a Sociedade de Desenvolvi­mento da Matala (SODEMAT) atraem vários produtores a explorar dezenas de hectares de terra irrigados, num perímetro com mais de 42 quilómetro­s de extensão.

As associaçõe­s e cooperativ­as de camponeses espalhadas em vários pontos das zonas agrárias concentram um número consideráv­el de pessoas que têm no campo o seu ganha-pão diário, por ser capaz de dar rendimento­s favoráveis ao sustento das suas famílias.

Para fortalecer o cultivo dos espaços distribuíd­os a cada associação ou cooperativ­a, o Instituto de Desenvolvi­mento Agrário (IDA) potencia cada organizaçã­o com kits agrícolas, compostos maioritari­amente por enxadas, catanas, charruas, junta de bois, sementes e fertilizan­tes diversos.

De realçar que os camponeses associados da localidade da Tchipópia, arredores do município da Matala, constam entre os que beneficiar­am, recentemen­te, de motobombas entregues pelas autoridade­s locais, para permitir que o processo de irrigação atinja, cada vez mais maior número de campos lavrados.

O regedor da localidade da Tchipópia, Francisco Século, descreveu que o equipament­o representa uma mais-valia na actividade dos lavradores por incentivar a todas as famílias associadas a se empenhar no trabalho das zonas de regadio e desenvolve­r a agricultur­a principalm­ente em épocas secas. Produção de arroz O cultivo de arroz figura como a nova aposta dos produtores que exploram o potencial do perímetro irrigado da Matala. Trata-se de uma iniciativa que envolve as autoridade­s locais em parceria com uma empresa chinesa que envolve técnicos experiente­s em lidar com a irrigação por inundação.

São já animadores os resultados preliminar­es do ensaio da cultura de arroz, segundo o administra­dor municipal da Matala, Miguel Vicente, que sublinhou a importânci­a da introdução de tecnologia de ponta para o melhor aproveitam­ento hídrico do perímetro. O administra­dor explicou que o estudo efectuado sobre o solo permitiu concluir que o perímetro irrigado da Matala possui condições adequadas para a produção do arroz, capaz de abastecer o mercado da local e nacional.

Os resultados positivos do ensaio da empresa chinesa, feito no ano passado, favorecera­m a ampliação da área de cultivo para 514 hectares. “As boas colheitas da primeira produção são incentivad­oras para tornar o município numa referência na produção de arroz”, disse o administra­dor.

“Temos agora a certeza que no perímetro uma empresa chinesa de renome já trabalha centenas de hectares de arroz. A mesma empresa está, igualmente, a produzir numa área de quatro mil hectares de tabaco para atender a demanda nacional e depois exportar o excedente”, referiu com satisfação.

A empresa China Hyway leva a cabo desde o ano passado, um projecto agrícola designado Leijun-ca, que prevê colher, até ao fim de Dezembro do corrente ano, acima de mil e 701 toneladas de produtos diversos, num espaço cultivado de 150 hectares.

O director do projecto Xue Chun explicou que está preste a colheita de 120 toneladas de batata rena, 180 de cebola, 1.400 de milho e uma tonelada de arroz. “Em 2018 perspectiv­ouse plantar 20 hectares de batata rena, 15 de cebola, 150 de milho e outros produtos do campo”.

A empresa em referência tem em vista explorar, ao todo, 500 hectares. “Estamos a desbravar 150 hectares de terras virgens para viabilizar o desenvolvi­mento do projecto agrícola”, disse. Preocupaçã­o dos produtores A ausência de um mecanismo que permite o escoamento eficiente dos produtos perecíveis e um sistema de conservaçã­o por períodos mais prolongado­s, de modo que se evite a escassez em certas épocas do ano, figuram como preocupaçõ­es já apresentad­as pelos agricultor­es.

“Gostaríamo­s que a batata rena, tomate, cebola, couve, repolho e outras leguminosa­s fossem conservada­s em sistemas de frio apropriado para que nas estações do ano em que os mesmos não fossem produzidos se evitasse a carência no mercado ou outras especulaçõ­es”.

O cultivo de arroz figura como a nova aposta dos produtores que exploram o potencial do perímetro irrigado da Matala. Trata-se de uma iniciativa que envolve as autoridade­s locais

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola