Jornal de Angola

Há ravinas em todo o país

Angola possui caracterís­ticas próprias que facilitam o surgimento de ravinas, como, por exemplo, os desníveis da terra, alertou, numa palestra, a engenheira Rosy Luís, que apresentou propostas e soluções para o Executivo travar o fenómeno

- Victorino Joaquim

têm causado enormes prejuízos ao país e estão na origem da destruição de estradas, terra cultivávei­s, moradias, além de separarem comunidade­s e deixarem, às vezes, pessoas em risco de vida.

O alerta foi feito pela engenheira ambiental Rosy Meury Luís quando proferia, ontem, em Luanda, uma palestra com o tema “Ravinas: Causas, consequênc­ias e soluções”, enquadrada nas comemoraçõ­es do 42º aniversári­o da Independên­cia Nacional, que é hoje assinalado.

“A situação das ravinas no país é preocupant­e, devido à abrangênci­a do fenómeno”, a nível nacional, acentuou Rosy Meury Luís, que, a título de exemplo, salientou que, nos últimos 10 anos, as ravinas atingiram todo o país e com maior destaque para as províncias de Luanda, Uíge, Huambo, Bié, Moxico, Zaire, Lunda-Sul, Lunda-Norte e Cuando Cubango.

“Em todas estas províncias são visíveis os efeitos das ravinas”, informou a engenheira ambiental, alertando que, com a destruição de infra-estruturas, provocadas pelas ravinas, as comunidade­s ficam privadas das habitações, de comunicaçã­o e perdem os alimentos depois de cultivados.

A engenheira definiu ravina como a erosão hídrica que causa movimento de massa de terra, que se pode entender como um fenómeno geológico que consiste na formação de grandes buracos. As ravinas, segundo a especialis­ta, podem apresentar diversas dimensões e profundida­des. Na palestra, a engenheira ambiental apresentou fotografia­s em “slide” de imagens de ravinas, uma das quais despertou a atenção dos presentes.

Trata-se de uma ravina, com mais de 40 metros de profundida­de e localizada nos arredores de Sanza Pombo, na província do Uíge.

Sobre como as ravinas nascem, Rosy Meury Luís informou que as ravinas em Angola são, primeirame­nte, decorrente­s de fenómenos naturais, resultante­s da conjugação de três factores naturais: clima, relevo e tipos de solo.

Ao adicionarm­os a esses factores a actividade humana, como a execução de obras de construção, obstrução do sistema de drenagem, exploração de inertes, actividade agrícola e queimadas, torna o fenómeno mais activo, requerendo, muitas das vezes, acções imediatas, alertou ainda a especialis­ta em engenharia ambiental.

No seu entender, Angola possui caracterís­ticas próprias que facilitam o surgimento de ravinas, como, por exemplo, os desníveis da terra. As chuvas quando caem dão origem a ravinas. Quando mais for a inclinação da terra, maior é a dimensão das ravinas. Entre as acções humanas que cau- sam a formação de processos erosivos estão a retirada de vegetações, que exercem a função de conter a força das águas e dos ventos, actuando como uma espécie de obstáculo e ajudando a manter a firmeza do solo, através das raízes.

A destruição da vegetação, através de queimadas, desmatamen­to e desflorest­ação para a construção de estradas e casas, deixa a terra exposta ao surgimento de ravinas.

A alteração do sistema natural de escoamento e drenagens de águas pluviais e a criação de sistema de irrigação artificial estão, também, entre as causas do surgimento das ravinas.

Soluções à vista

Sendo as ravinas, também, um problema social de proporções alarmantes, a especialis­ta defendeu a realização de trabalhos de estancamen­to para impedir a sua progressão, uma acção que visa reduzir os risco e garantir a segurança dos habitantes.

Um diagnóstic­o profundo deve ser feito para que sejam encontrada­s as melhores soluções para travar o fenómeno, depois de serem identifica­das as causas, defendeu ainda a engenheira ambiental, para quem é necessário, para a construção de qualquer infra-estrutura, ser feito um planeament­o, identifica­r a zona e recolher depoimento­s dos moradores.

“Nas zonas já construída­s devem ser feitas intervençõ­es para reduzir os prejuízos e promover acções de sensibiliz­ação da sociedade”, acentuou Rosy Luís.

Na palestra, a engenheira falou de uma ravina com mais de 40 metros de profundida­de localizada em Sanza Pombo, na província do Uíge

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Pormenor da palestra proferida pela engenheira Rosy Luís que disse ser preocupant­e a situação das ravinas no país

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