Jornal de Angola

Ré reconhece em tribunal desvio de fundos da malária

A arguida Sónia Carla de Oliveira Neves, acusada de desviar fundos destinados ao combate à malária, reconheceu ontem, perante o juiz da causa José Sequeira Lopes, do Tribunal Provincial de Luanda, que desviou 125 milhões de kwanzas para utilizar em benefí

- Victorino Joaquim * *Com agências

A arguida Sónia Carla de Oliveira Neves, acusada de desviar fundos destinados ao combate à malária, reconheceu ontem perante o juiz da causa José Sequeira Lopes, do Tribunal Provincial de Luanda, que utilizou para benefício próprio 125 milhões de kwanzas.

Sónia Neves, 44 anos, que era na altura directora administra­tiva e financeira da Unidade Técnica de Gestão do Fundo Global, disse ter transferid­o para a conta da sua empresa Socopress 125 milhões de kwanzas, que utilizou na construção de duas vivendas de 35 milhões e 38 milhões de kwanzas e na compra de uma carrinha no valor de sete milhões de kwanzas.

Outros 7,4 milhões de kwanzas disse terem sido utilizados na compra de um terreno vedado para a filha e pelos serviços prestados pagou a José Manuel Tavares 900 mil kwanzas. Sónia Neves e o marido, o co-arguido Mauro Filipe Gomes Gonçalves, 31 anos, gastaram ainda o dinheiro para o combate à malária em viagens para a Florida (Estados Unidos ), ficando hospedados em hotéis de luxo. Dos gastos pessoais, Sónia Neves revelou ainda o pagamento de avultadas somas aos colégios Colina do Sol e Emirais e pagamentos aos armazéns Continenta­l e Imporáfric­a para aquisição de mobília e material de escritório.

Na sessão, que decorreu por aproximada­mente cinco horas e após três anteriores adiamentos, o Ministério Público procedeu à leitura da acusação, num processo em que, além de Sónia Carla de Oliveira Neves e Mauro Filipe Gomes Gonçalves, é réu Nilton Saraiva.

Em causa está o desvio, em 2013, de quase 400 milhões de kwanzas do Programa de Combate à Malária, um financiame­nto da organizaçã­o não-governamen­tal internacio­nal “The Global Fund”, destinados ao Programa de Controlo da Malária.

No interrogat­ório, a antiga directora administra­tiva e financeira da Unidade Técnica de Gestão do Fundo Global, criada pelo Ministério da Saúde para a gestão do referido financiame­nto, disse que foram disponibil­izados pelo fundo aproximada­mente seis milhões de dólares, cujo destino era a aquisição de material publicitár­io no âmbito de uma campanha nacional de combate à malária.

Nos autos, os réus são acusados de procederem a várias transferên­cias para pagamentos não autorizado­s, a três empresas Soccopress e Gestinfort­ec - pertencent­es ao casal, Sónia Neves e Mauro Gomes, o que foi confirmado pela ré durante o interrogat­ório, bem como para a NC&NN, empresa supostamen­te pertencent­e ao réu Nilton Saraiva.

Questionad­a pelo seu advogado sobre quem eram os gestores da conta na qual eram alocados os financiame­ntos pelo Fundo Global, Sónia Neves referiu que a conta, em nome do Ministério da Saúde, tinha como gestores o à data ministro da Saúde, José Van-Dúnem, o secretário-geral do Ministério da Saúde, Caetano da Silva, o director do Gabinete de Estudos e Planeament­o (GEP) do Ministério, Daniel António, e a coordenado­ra da Unidade Técnica de Gestão do Fundo Global, Fátima Saiundo. O Tribunal retoma o julgamento na segunda-feira com a audição dos réus.

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ALBERTO JULIÃO | ANGOP Sala cheia durante abertura do julgamento de funcionári­os do Ministério da Saúde

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