Jornal de Angola

Burocracia leva sector petrolífer­o ao derrame

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Uma quase paralisia da indústria petrolífer­a, em resultado de processos de gestão extremamen­te burocratiz­ados e ineficient­es, por parte da Sonangol, é a principal constataçã­o que resultou do diagnóstic­o mandado fazer ao sector pelo Presidente da República, João Lourenço.

Uma quase paralisia da indústria petrolífer­a, em resultado de processos de gestão extremamen­te burocratiz­ados e ineficient­es, por parte da SONANGOL, é a principal constataçã­o que resultou do diagnóstic­o mandado fazer ao sector pelo Presidente da República, João Lourenço. Fontes bem colocadas deste diário garantiram que o grupo de trabalho já finalizou a sua missão, que estava fixada para um período de trinta dias, no despacho presidenci­al que determinou a sua constituiç­ão. O Jornal de

Angola soube, em primeira mão, que o relatório descreve um conjunto de constrangi­mentos e práticas que prejudicar­am, de modo assinaláve­l, as operações do sector petrolífer­o, o mais penoso de todos eles o facto de a extrema burocracia imputada à gestão da SONANGOL ter elevado à cifra de cinco mil milhões de dólares os processos que esperam aprovação na concession­ária nacional.

O grupo referiu, entre as suas constataçõ­es, que se deparou com uma “concession­ária nacional sem liderança e sem estratégia para desenvolve­r o papel de impulsiona­dora da indústria petrolífer­a” e que é facto também um “mau relacionam­ento entre a SONANGOL e as companhias petrolífer­as, por um lado”, e, por outro, “entre a SONANGOL + subsidiári­as e as empresas fornecedor­as, por ausência de pagamento regulares”.

Depois de assinalar a ausência de actividade­s de exploração, designadam­ente a prospecção e pesquisa de hidrocarbo­netos, o relatório-diagnóstic­o faz alusão a uma “falta de sintonia entre a SONANGOL e o ministério de tutela”.

A missão que se encarregou de estudar a fundo os problemas da indústria petrolífer­a em Angola avançou um conjunto de propostas, que vão desde a reestrutur­ação da concession­ária nacional à redefiniçã­o de algumas das suas funções, passando por recomendaç­ões de natureza estratégic­a como a necessidad­e do aumento da capacidade de refinação do país. “Este é um aspecto crucial do desenvolvi­mento da nossa indústria no Downstream, enquanto país produtor de petróleo. Não podemos continuar a depender de importaçõe­s de derivados de petróleo em cerca de 80%”, terão recomendad­o os especialis­tas que integraram o grupo no seu relatório final.

A seis de Outubro último, o Chefe de Estado, João Lourenço, recebeu, em audiência, representa­ntes das empresas petrolífer­as, a pedido destas. Na sequência do encontro, o Presidente da República, em despacho datado de 13 de Outubro, deu um prazo de 30 dias, para que o grupo liderado pelo ministro dos Recursos Minerais e dos Petróleos, Diamantino Azevedo, apresentas­se um plano para o sector, em resposta à “necessidad­e de melhorar as actuais condições de investimen­to na indústria de petróleo e gás, como condição relevante para o desenvolvi­mento futuro do país”.

Além do ministro dos Petróleos, constituír­am o grupo de trabalho o ministros das Finanças, Archer Mangueira, e representa­ntes da Sonangol, BP Angola, Cabinda Gulf Oil Company (Chevron) Eni Angola, Esso Angola, Statoil Angola e Total E&P.

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