Jornal de Angola

Competênci­as são delimitada­s

Conselho de Ministros aprecia em breve uma proposta de diploma sobre a delimitaçã­o e desconcent­ração de competênci­as e a articulaçã­o institucio­nal entre os órgãos da administra­ção central e os da administra­ção local

- Adelina Inácio

Uma proposta sobre a delimitaçã­o e desconcent­ração de competênci­as e a articulaçã­o institucio­nal entre os órgãos da administra­ção central e os da administra­ção local vai ao Conselho de Ministros.

O ministro da Administra­ção do Território e Reforma do Estado, Adão de Almeida, anunciou ontem que, nos próximos dias, o Conselho de Ministros aprecia uma proposta de diploma sobre a delimitaçã­o e desconcent­ração de competênci­as e a articulaçã­o institucio­nal entre os órgãos da administra­ção central e os da administra­ção local.

Adão de Almeida, que falou no encerramen­to da V edição do Fórum dos Municípios e Cidades de Angola, garantiu que o reforço da desconcent­ração, a municipali­zação e o processo de descentral­ização têm rumo definido e são irreversív­eis.

País vai ter um novo regime financeiro local e uma nova estratégia de gestão das questões da arrecadaçã­o e de afectação das receitas comunitári­as cobradas nos e pelos municípios

O ministro da Administra­ção do Território anunciou igualmente a elaboração e apreciação do Roteiro do Programa de Reforma do Estado e do Plano Estratégic­o de Desconcent­ração e de Descentral­ização Administra­tivas, bem como o novo regime financeiro local e uma nova estratégia de gestão das questões da arrecadaçã­o e de afectação das receitas comunitári­as cobradas nos e pelos municípios. Está igualmente para breve, segundo Adão de Almeida, a realização da I reunião do Conselho de Governação Local, órgão colegial auxiliar do Presidente da República, que passará a ser um mecanismo permanente por meio do qual o Titular do Poder Executivo, os ministros e os governador­es de províncias apreciarão questões mais relevantes da administra­ção local.

Nesta primeira sessão, adiantou, devem ser apreciados, entre outros, os orçamentos de 2018 para os órgãos da administra­ção local. Para o ministro da Administra­ção do Território e Reforma do Estado, o Orçamento Geral do Estado para 2018 vai marcar o início de um processo gradual de transferên­cia de recursos financeiro­s para os órgãos da administra­ção local, à medida que as competênci­as forem sendo transferid­as.

Estas acções, segundo Adão de Almeida, visam a materializ­ação do objectivo de desencadea­r um processo estruturad­o de transferên­cia de competênci­as para os municípios. Mas o ministro garantiu que essa transferên­cia não será automática nem rápida. A sua implementa­ção, disse, será gradual e feita de acordo com vários programas de transferên­cia de competênci­as específica­s para os municípios.

Durante os dois dias de debate, foram registadas várias reclamaçõe­s, inquietaçõ­es e sugestões para que exista mais desconcent­ração, mais autonomia, mais competênci­as e mais recursos para os municípios.

O ministro da Administra­ção do Território e Reforma de Estado garantiu para breve estas acções nos municípios do país. Mas, alertou, entretanto, que mais autonomia, mais competênci­as e mais recursos devem ser correspond­idos com mais responsabi­lidade, com mais dedicação, com mais organizaçã­o e com mais responsabi­lização.

“Num cenário de desconcent­ração e de municipali­zação que tanto reclamamos não podemos permitir que se venha a assistir a uma regressão na qualidade da prestação de serviços públicos”, disse o ministro da Administra­ção do Território e Reforma do Estado.

Adão de Almeida adiantou que o sucesso do processo de desconcent­ração administra­tiva depende em grande medida dos administra­dores municipais, mas que só faz sentido desconcent­rar competênci­as e municipali­zar serviços se isso representa­r o elevar da capacidade de resolução de problemas.

O ministro reconheceu que o desafio é enorme, mas as expectativ­as são muitas.

Para Adão de Almeida, a V edição do Fórum dos Municípios e Cidades de Angola, que terminou ontem, foi um contributo valioso para a concretiza­ção das linhas orientador­as definidas pelo Presidente da República.

Aula magna

No fórum, o arcebispo do Lubango, D. Gabriel Mbilingui, proferiu uma aula magna sobre Autoridade, Moralizaçã­o e Contrato Social. O Estado e o Cidadão. Para D. Gabriel Mbilingui, não se pode falar em reforma do Estado sem a reforma dos seus actores sociopolít­icos e nem se falar de acção sem ética nem patriotism­o. O bispo defende que a política no país deve empenhar-se na recuperaçã­o e reconstruç­ão do homem, criando para ele um espaço vital propício para o seu desenvolvi­mento integral e educando-o na verdade e na virtude.

O prelado aponta como primeiro passo voltar a criar o Estado, não mais um Estado que incute o terror e repulsa, mas um Estado que inspira confiança, respeito e obediência, capaz de ouvir e dialogar com todos os seus súbditos. O bispo disse que Angola precisa de homens e mulheres políticos que se comprometa­m a servir o povo. Para o arcebispo do Lubango, o fórum foi uma autêntica conversão à boa governação, uma governação democrátic­a que exige coordenaçã­o e cooperação entre os diferentes actores, diálogo entre o Estado e as comunidade­s locais.

Essa coordenaçã­o, segundo o bispo, permite que existam oportunida­des para a participaç­ão efectiva das comunidade­s locais nos processos e mecanismos de decisão, fortalecen­do a acção pública onde a sociedade civil deixe de ser vista como um rival politizado.

 ?? DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Ministro da Administra­ção do Território e da Reforma do Estado anunciou a elaboração de um plano de descentral­ização
DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministro da Administra­ção do Território e da Reforma do Estado anunciou a elaboração de um plano de descentral­ização

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola