Militares do Benin combatem rebeldes
O Benin desdobrou 150 militares no quadro da Força Multinacional Mista que luta contra os extremistas islâmicos do Boko Haram, na região do Lago Chade.
O coronel Mustapha Anka, responsável pela informação sobre as questões militares da Força Multinacional Mista (FMN), declarou num comunicado divulgado na quintafeira, em Maiduguri, nordeste da Nigéria, que as tropas compreendem oito oficiais e 142 soldados.
O contingente milita beninense foi acolhido no quartel-general da FMM, no Campo Farcha, na capital chadiana, Ndjamena. O coronel Mustapha Anka citou o comandante-chefe da FMN, general de divisão Lucky Irabor, a convidar os membros do contingente a serem “bons embaixadores” do seu país.
O chefe da Força Multinacional Mista, general Lucky Irabor, recomendou ao contingente disciplina e respeito pelas leis e a demonstrar um sentido elevado de profissionalismo no cumprimento do dever.
O Benin é o quinto país da África Ocidental a juntar-se à Força Multinacional Mista, depois da Nigéria, Níger, Camarões e Chade. Alpha Condé, o Chefe de Estado da Guiné Conacri, admitiu na quinta-feira, em Paris, que na qualidade de presidente em exercício da União Africana, falhou na gestão da mediação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e da entidade continental no que se refere à crise guineense e defendeu a necessidade de alterar a Constituição da Guiné-Bissau. Em declarações à imprensa francesa, Alpha Condé lamentou não ter anunciado em Conacri o nome do primeiro-ministro que fora acordado para a Guiné-Bissau. Disse não o ter feito para respeitar a soberania da Guiné Bissau e para preservar o seu homólogo, José Mário Vaz, que não está a cumprir um Acordo com o qual todas os actores políticos guineenses concordaram.
“Na Constituição da Guiné-Bissau, o Presidente não tem poderes, é um pouco como a rainha de Inglaterra ou o presidente alemão. E isto quando ele é eleito por sufrágio universal, o que já é uma contradição”, afirmou.
A CEDEAO, admite, falhou a oportunidade. “Devíamos durante a transição ter ajudado a Guiné-Bissau a modificar a Constituição. Mas há acordos que foram assinados: é o partido maioritário guineense que designa o primeiro-ministro. No caso o PAIGC. Convencêmo-los a prescindir deste direito e que o presidente apresentasse nomes”.
Para Alpha Condé, tratase de aplicar os Acordos de Conacri que não foram aplicados pelo actual Presidente da Guiné-Bissau. Ou seja, defende que é preciso voltar ao Acordo de Conacri, que foi aceite por todos.
“Admito que haja uma parte minha de culpa: para respeitar a soberania da Guiné-Bissau não quis anunciar o nome do primeiro-ministro em Conacri. Deixei essa tarefa para o presidente. Enganei-me ao fazer isso. Se toda a gente lá se encontrava, mais valia ter anunciado o nome do primeiro-ministro. Tanto mais que toda a gente estava de acordo com isso. Pequei por falta de vigilância, mas fi-lo por respeito para com o presidente Vaz que ainda assim é o presidente da Guiné-Bissau”.
A solução, reiterou, passa por um regresso ao Acordo de Conacri “porque este é a sequência dos acordos anteriores de Bissau, Conacri só o veio confirmar. Ou seja, a solução passa por um regresso ao Acordo de Conacri”.
Se o Presidente em exercício da União Africana fala no regresso ao Acordo de Conacri, o primeiro-ministro da Guiné Bissau diz que “não sei se ainda vale a pena falar do Acordo de Conacri”.
Em declarações proferidas à agência Deustche Welle, Umaro Sissoco crítica a liderança do PAIGC e afirma que este é que não quer cumprir o Acordo de Conacri . Para o primeiro-ministro, a crise na Guiné-Bissau precisa de “uma solução interna”.
À margem da Conferência da ONU sobre o Clima, que terminou ontem, a DW África entrevistou Umaro Sissoco que cumpre, hoje, o seu primeiro ano em funções como primeiro-ministro.
O Chefe do Governo guineense mostrou-se confiante na melhoria da crise política com a realização das eleições do próximo ano e afirmou que, para a Conferência da ONU sobre o Clima de 2018, o “Parlamento já está a funcionar na sua plenitude”.
Umaro Sissoco Embaló diz que “já nem fala do Acordo de Conacri” porque foi a actual administração do PAIGC que o “desrespeitou”. Por isso, acrescenta: “não sei se ainda vale a pena estarmos a falar do Acordo de Conacri porque ninguém tem nada de substância”.
Uma visão que não é partilhada pela comunidade internacional, que voltou a manifestar a sua preocupação com o aumento da tensão política no país.
Num comunicado divulgado após mais um encontro, o P5 – integrado pela União Africana, Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, União Europeia e Nações Unidas volta a reafirmar que o “Acordo de Conacri, assinado em Bissau a 10 de Setembro de 2016, continua a ser o principal quadro para uma resolução da crise” e pede aos políticos guineenses para colocarem “os interesses da Nação no centro das suas acções”, para demonstrarem “contenção e moderação” e expressarem os seus “pontos de vista e de discórdia de forma pacífica”.
“Admito que haja uma parte minha de culpa: para respeitar a soberania da Guiné-Bissau não quis anunciar o nome do primeiroministro. Deixei essa tarefa ao meu homólogo Vaz”