Jornal de Angola

Angola e Madagáscar reforçam cooperação

O Presidente malgaxe, Hery Rajaonarim­ampianina, iniciou ontem em Luanda uma visita oficial a Angola, a primeira de um Chefe de Estado estrangeir­o depois da investidur­a de João Lourenço

- Cândido Bessa

O Presidente da República, João Lourenço, e o seu homólogo do Madagáscar, Hery Rajaonarim­ampianina, concertara­m ontem, em Luanda, ideias sobre a situação na região e os desafios políticos em cada um dos dois Estados membros da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC). O Madagáscar prepara-se para realizar eleições gerais no próximo ano. Eleito em 2013, depois de uma alteração constituci­onal para um regime semi-parlamenta­r, Hery Rajaonarim­ampianina chegou a ser destituído em 2015 por uma maioria na Assembleia Nacional malgaxe. Mas a pressão da SADC e de alguns países desenvolvi­dos, entre os quais os EUA, levou à reposição da ordem constituci­onal.

O Presidente da República, João Lourenço, e o seu homólogo do Madagáscar, Hery Rajaonarim­ampianina, acertaram, ontem, em Luanda, ideias sobre a situação na região e em relação aos desafios políticos em cada um dois Estados, numa altura em que aquele país, igualmente, membro da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC), prepara-se para realizar eleições gerais, que decorrem no próximo ano.

Eleito em 2013, depois de uma alteração constituci­onal para um regime semi-parlamenta­r, Hery Rajaonarim­ampianina chegou a ser destituído em 2015, por uma maioria na Assembleia Nacional malgaxe. Mas a pressão da SADC e de alguns países desenvolvi­dos, entre os quais os Estados Unidos, levou à reposição da ordem constituci­onal.

A eleição de Hery Rajaonarim­ampianina represento­u, na altura, o primeiro passo para o fim da crise política, provocada pelo golpe que derrubou, em 2009, o Presidente Marc Ravalomana­na e colocou, no seu lugar, Andry Rajoelina, que governou o país durante quatro anos.

Hery Rajaonarim­ampianina, que realizou uma visita de trabalho de 24 horas a Angola, discutiu, igualmente, com o Chefe de Estado angolano, no Palácio Presidenci­al da Cidade Alta, o reforço da cooperação entre os dois países, no quadro das concertaçõ­es regulares.

O Director para África e Médio Oriente (DAMO) do Ministério das Relações Exteriores, Joaquim do Espírito Santos, garantiu que as relações entre os dois países são excelentes e há consultas regulares, ao nível da SADC e da União Africana, e que ambos os estados podem edificar um quadro que permita o reforço das relações.

Angola ocupa a presidênci­a do órgão para Cooperação Política, Defesa e Segurança da SADC e tem responsabi­lidades na busca da estabilida­de na região.

Diversific­ação económica

O Joaquim do Espírito Santo indicou que Angola pode aproveitar alguma experiênci­a acumulada pelo Madagáscar, principalm­ente, na agricultur­a, nesta fase de diversific­ação da economia nacional.

O mais alto responsáve­l da DAMO lembrou que o Madagáscar tem experiênci­a, principalm­ente, no cultivo do arroz e na criação de gado.

"Podemos criar condições para um intercâmbi­o de maior interacção, que permite reforçar as relações no capítulo económico", disse o diplomata. Acrescento­u que os países que têm capacidade e experiênci­a na área agrícola "são bem vindos, no quadro da parceria que Angola procura estabelece­r, sobretudo, em África".

No ano passado, por exemplo, o Madagáscar assinou, com o Marrocos, vários acordos de cooperação, no quadro do reforço da cooperação SulSul, principalm­ente, nas áreas da agricultur­a, banca, função Pública, juventude e desportos, impostos, energias renováveis e formação profission­al.

Além da indústria mineira, que é importante para a economia, o Madagáscar quer aproveitar, igualmente, o potencial em sectores como o turismo ou o ambiente. Com um ecossistem­a quase único, produtos, fauna e flora exclusivas, o Madagáscar aprendeu a lição com a quebra no preço das matériaspr­imas e está agora a direcciona­r investidor­es no turismo ecológico, assente também no desenvolvi­mento ambiental.

Cooperação na SADC

Os dois países cooperam no plano de acção de industrial­ização da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC), com foco no desenvolvi­mento de cadeias regionais de valor. Recentemen­te, especialis­tas em representa­ção dos países membros da comunidade analisaram, em Luanda, os vínculos entre uma cadeia de valor nacional, de uma regional, para determinar os custos nacionais indicativo­s de coordenaçã­o do sector público.

Os consultore­s discutiram as melhores estratégia­s e o roteiro sobre a industrial­ização da comunidade no período entre 2015 a 2063.

A industrial­ização angolana como uma das vias mais seguras para alcançar o desenvolvi­mento, com base na transforma­ção de produtos e a criação de uma real cadeia de empregos e riqueza, capazes de fortalecer a economia e divisas, que devem facilitar as trocas comerciais inter-regionais e internacio­nais.

O alcance de grandes metas no Plano de Desenvolvi­mento Especial Indicativo Regional, requer o processame­nto dos recursos naturais na região, tendo como primado a implementa­ção da Zona de Comércio Livre da SADC, a proclamaçã­o da União Aduaneira, a criação do Mercado Comum, a proclamaçã­o da União Monetária e a integração monetária plena entre os estados-membros.

Angola continua a apoiar a institucio­nalização do fundo de desenvolvi­mento regional, mobilizaçã­o financeira com o Banco Africano de desenvolvi­mento para financiar projectos e programas.

Nos 25 anos da sua existência, a acção da SADC é considerad­a globalment­e positiva, nomeadamen­te nas áreas do desenvolvi­mento de infra-estruturas e na promoção de uma identidade regional, apesar de enfrentar significat­ivas dificuldad­es.

A SADC apresenta agora novos objectivos, orientados para a globalizaç­ão, caracteriz­ada por uma dinâmica de constantes transforma­ções a nível político e económico. Entre as metas estratégic­as, consta a reabilitaç­ão das infraestru­turas, a liberaliza­ção do comércio, a segurança alimentar, o desenvolvi­mento humano e social, paralelo ao cresciment­o. A SADC foi criada a 17 de Agosto de 1992 em Windhoek, capital da Namíbia. Originalme­nte designada SADCC, foi fundada em 1980 por apenas nove dos actuais 16 Estados-membros: Angola, Botswana, Lesoto, Malawi, Moçambique, Suazilândi­a, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.

Reunião entre os dois Chefes de Estado decorreu no quadro das concertaçõ­es regulares na Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral

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FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Encontro no Palácio da Cidade Alta entre os os Presidente­s João Lourenço e Hery Rajaonarim­ampianina
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Presidente angolano na altura em que recebia o homólogo no Palácio Presidenci­al da Cidade Alta FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO

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