Substituto de Mugabe já regressou ao Zimbabwe
A alguns partidos zimbabweanos levantaram a questão de saber se havia respaldo legal na nomeação de Emmerson Mnangagwa para Presidente da República, tendo em conta os últimos acontecimentos como a sua expulsão da ZANU-PF
O futuro presidente interino do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa, regressou ontem ao fim da manhã a Harare, proveniente da África do Sul, devendo ser nomeado amanhã pelo Parlamento.
O futuro presidente interino do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa, regressou ontem ao fim da manhã a Harare, proveniente da África do Sul, devendo ser nomeado amanhã por indicação da ZANU-PF para dirigir os destinos do país até à realização de eleições.
Centenas de apoiantes aguardaram Mnangagwa por longas horas no Aeroporto Internacional de Harare, rompendo em incontidas manifestações de alegria quando este finalmente abandonou as instalações escoltado por um forte aparato de segurança.
Entretanto, a manhã de ontem foi preenchida com numerosos contactos entre o partido no poder, a oposição e os militares que estão a acompanhar de muito perto tudo o que se está a passar no país. Fonte da ZANU-PF disse ao Jornal de Angola que existe já um princípio de entendimento no sentido das próximas eleições se realizarem em Agosto ou Setembro do próximo ano.
“Vamos começar agora a trabalhar na preparação dos documentos que serão aprovados no Congresso Extraordinário a realizar em Dezembro para ratificar a nova direcção do partido, que passará a ser liderado por Emmerson Mnangagwa”, disse a fonte.
De acordo com o nosso interlocutor, isso não impede que Mnangagwa seja a partir de sexta-feira o novo Presidente do Zimbabwe, uma vez que “os assuntos de Estado não se confundem com os dos partidos”.
Ontem, alguns partidos zimbabweanos levantavam a questão de saber se havia respaldo legal na nomeação de Emmerson Mnangagwa para Presidente da República, mesmo que interino, sabendo-se que ele havia sido formalmente expulso das fileiras da ZANU-PF. “Nada nos estatutos do nosso partido diz que terá que ser o nosso líder o indicado pelo partido para ocupar o cargo de Presidente da República”, acrescentou a fonte, que sublinhou estar tudo de acordo com a lei. Na verdade, a Constituição zimbabweana, emendada antes das eleições de 2013, prevê que em caso de demissão ou morte do presidente eleito, o seu substituto seria o primeiro de dois vice-Presidentes, sem qualquer referência ao nome do partido governante. Neste momento, o Zimbabwe apenas tem (ou tinha) um VicePresidente, Phelekezela Mphoko, que curiosamente assistiu em Luanda à cerimónia de tomada de posse do Presidente João Lourenço. Acontece, porém, que Mphoko foi sábado afastado de todos os cargos que ocupava a nível da ZANU-PF, após o que deixou o país para lugar desconhecido, estando, assim, incontactável.
Deste modo estamos perante a impossibilidade de nomear o único vice-presidente que estava em funções, por abandono do país, o que abre lugar a que a ZANU-PF, que venceu as últimas eleições com mais de 60 por cento dos votos, indique para Presidente da República quem muito bem entender, neste caso já entendeu dever ser Emmerson Mnangagwa.
Entretanto, o Parlamento zimbabweano começou ontem a preparar os documentos que permitirão nomear amanhã um novo Presidente da República, que terá a responsabilidade de dirigir um governo que tem como principal missão preparar as próximas eleições.
Todo este processo está a ser acompanhado de perto pelos militares que estiveram na origem no pedido de demissão apresentado por Robert Mugabe e que são uma espécie de “avalistas” deste período de transição.
Esse seu aval é importante não só para a transição política como também para a manutenção e aplicação das garantias dadas a Robert Mugabe, com base nas quais ele acabou por assinar a sua resignação.
Até ao momento não existem pormenores de como decorrerá a cerimónia de sexta-feira, estando tudo dependente de encontros que Mnangagwa vai manter hoje com os seus correligionários e com o presidente do Parlamento.
Nesses encontros ficará igualmente definida a composição do futuro governo, até porque muitos dos seus membros foram expulsos sábado na reunião então realizada pelo Comité Central da ZANU-PF.
A Constituição do Zimbabwe emendada antes das eleições de 2013 prevê em caso de demissão ou morte do presidente, que o seu substituto seria o primeiro de dois vice-presidentes, sem qualquer referência ao nome do partido governante