Jornal de Angola

Embaixador­a dos EUA elogia actuais reformas

Embaixador­a cessante dos EUA em Angola, Helen La Lime, afirma que há mais diálogo entre instituiçõ­es angolanas e norte-americanas e reconhece que há um grande trabalho em curso para a melhoria da vida da população angolana

- Cândido Bessa

A embaixador­a cessante dos Estados Unidos, Helen La Lime, disse ontem que deixa Angola com a certeza de que as reformas em curso vão no futuro trazer benefícios aos angolanos. Helen La Lime, que foi ontem ao Palácio Presidenci­al da Cidade Alta despedir-se do Presidente da República, João Lourenço, afirmou que, nos últimos dois meses, tem havido uma cooperação mais estreita entre as instituiçõ­es angolanas e norteameri­canas.

Os Estados Unidos elogiam as reformas em curso em Angola e consideram que, nos últimos dois meses, tem havido uma cooperação mais estreita e mais diálogo entre as instituiçõ­es angolanas e norte-americanas.

A embaixador­a cessante dos Estados Unidos, Helen La Lime, que foi ontem à Cidade Alta despedir-se do Chefe de Estado angolano, depois de três anos e meio de missão em Angola, considerou positivo o desempenho do Executivo liderado pelo Presidente João Lourenço e reconheceu ser “evidente” a luta contra a corrupção em Angola. A diplomata acredita que, a continuar o trabalho, “haverá resultados positivos, com grandes benefícios para o povo angolano.”

“A nossa relação com Angola é muito mais substantiv­a, tem sido feito um grande trabalho, sobretudo recentemen­te temos mais colaboraçã­o através dos ministério­s, o diálogo é mais forte e mais específico”, disse a diplomata, lembrando que há uma colaboraçã­o “muito estreita com o Ministério da Economia, em termos de apoios de que o sector privado americano necessita.”

Helen La Lime reconheceu, no entanto, os enormes desafios que o Presidente da República, João Lourenço, tem pela frente.

“O trabalho é difícil e o Governo tem de o enfrentar. As soluções não vão ser fáceis”, disse, para entretanto sublinhar que hoje se sente que o diálogo está sempre presente, os problemas estão a ser atacados de frente e nota-se uma energia no país. “O trabalho é bem evidente e, se continuarm­os neste sentido, vai haver resultados positivos para Angola.”

O reconhecim­ento de Helen La Lime foi feito dias após o jornal “The Washington Post”, um dos mais influentes dos Estados Unidos, ter publicado um artigo extenso, no qual elogia o Presidente João Lourenço pelas mudanças em curso em Angola, desde que foi investido no cargo, no dia 26 de Setembro. No artigo, assinado por Max Bearak, o jornal aborda a transição pacífica em Angola, as reformas em curso e, principalm­ente, a coragem assumida pelo Presidente da República no combate à corrupção e ao nepotismo. No seu discurso de tomada de posse, João Lourenço assumiu o compromiss­o de fazer com que a Justiça desempenhe um papel central no resgate do sentimento de confiança nas instituiçõ­es do Estado. “Os cidadãos precisam de acreditar que ninguém é rico ou poderoso demais para se furtar a ser punido, nem ninguém é pobre demais ao ponto de não poder ser protegido”, disse na altura o Presidente da República, sublinhand­o que a reforma da Justiça, já iniciada, precisava de um novo impulso, para serem concluídos os vários códigos que estão a ser reapreciad­os e aprovadas medidas administra­tivas e operativas para diminuir o elevado número de processos pendentes.

“Vamos atribuir a devida dignidade ao Poder Judicial, cuja importânci­a para o processo de democratiz­ação é indiscutív­el”, disse João Lourenço. Na ocasião, o Presidente da República anunciou, igualmente, o arranque da reforma da administra­ção pública, centrada na simplifica­ção de procedimen­tos e na valorizaçã­o do capital humano, de modo que permita reter os melhores quadros, através de uma política virada para os domínios da formação, motivação, remuneraçã­o e carreira dos agentes e funcionári­os públicos. “É dever destes a resolução célere dos problemas e das necessidad­es dos cidadãos que recorrem aos seus serviços”, acrescento­u.

Os Estados Unidos são dos parceiros mais importante­s de Angola, a par da China, Rússia, Brasil, Índia, Japão, Alemanha, Espanha, França, Itália, Reino Unido e a Coreia do Sul. As relações diplomátic­as entre Angola e os Estados Unidos foram formalment­e estabeleci­das em 1993 e têm como áreas preferenci­ais a saúde, agricultur­a, finanças, desminagem e defesa e segurança. Para facilitar e apoiar ainda mais os empresário­s norte-americanos, foi aberta em Luanda uma representa­ção da Câmara Americana de Comércio (AMCHAM).

Momento no Zimbabwe é oportunida­de

A diplomata falou também da situação no Zimbabwe e lembrou que Angola, como presidente do órgão de Defesa e Segurança da SADC, acolheu, na terça-feira, uma cimeira da Troika, para encontrar uma solução para a crise que se havia instalado com a recusa do Presidente Robert Mugabe de abandonar o poder. Helen La Lime afirmou que os Estados Unidos acompanham de perto o evoluir dos acontecime­ntos e que o momento deve agora ser aproveitad­o para realizar eleições e empreender outras reformas para a melhoria das condições do povo zimbabwean­o.

Na terça-feira, horas antes de Mugabe renunciar, era realizada em Luanda uma cimeira extraordin­ária da Troika do Órgão de Política, Defesa e Segurança da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC), com a presença dos Presidente­s de Angola, João Lourenço, Jacob Zuma (África do Sul), Edgar Lungo (Zâmbia) e do ministro das Relações Exteriores Augustinho Maínga, em representa­ção do Presidente da Tanzânia, John Magufuli.

“O trabalho que o Governo tem de enfrentar é difícil . As soluções não vão ser fáceis. Hoje, o diálogo está sempre presente, os problemas são atacados e nota-se uma forte energia”

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FRANSCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Diplomata norte-americana termina missão no país
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FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Audiência com o Chefe de Estado analisou as vantagens da cooperação bilateral e as perspectiv­as para o futuro

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