Jornal de Angola

Enfermeiro­s ameaçam greve nos próximos dias

A data exacta da paralisaçã­o, em Luanda, vai sair da assembleia de trabalhado­res que deve decorrer amanhã, sexta-feira. Os sindicalis­tas pretendem avaliar a situação dos retroactiv­os constantes do caderno

- Rodrigues Cambala

Uma greve pode ser desencadea­da nos próximos dias pelo Sindicato dos Técnicos de Enfermagem de Luanda, por falta de consenso com a entidade empregador­a, em função do caderno reivindica­tivo apresentad­o, há cinco anos, que tem como o ponto fulcral o pagamento de subsídio de consulta.

A data exacta da paralisaçã­o, em Luanda, vai sair da assembleia de trabalhado­res que deve decorrer amanhã, sexta-feira. Entre outros assuntos, os sindicalis­tas pretendem avaliar a situação dos retroactiv­os, que consta no caderno de reclamaçõe­s.

O secretário para os Assuntos Jurídicos e Laborais, Almeida Pinto, disse que o Governo Provincial de Luanda já respondeu às preocupaçõ­es apresentad­as pelo Sindicato dos Técnicos de Enfermagem, “mas com evasivas.”

“O Governo não disse sim nem não”, explicou o líder sindical, assegurand­o que vão chamar a si a lei da greve, pois “o Ministério da Saúde e o Governo de Luanda, por meio do Gabinete Provincial de Saúde, estão notificado­s”. Almeida Pinto lembrou que, por Lei, nenhum enfermeiro quer licenciado quer técnico médio e básico está vocacionad­o para consultar ou prescrever. “Nós fazemos este trabalho”, apontou. “Mas o sindicato já tinha solicitado ao Governo Provincial de Luanda e ao Executivo para acabar com comportame­ntos reprovávei­s nas unidades de saúde, designadam­ente a gasosa e o atendiment­o selectivo.”

Para tal, acrescento­u Almeida Pinto, devia haver um acréscimo no salário para acomodar os técnicos de enfermagem que consultam pacientes nos centros hospitalar­es, apesar desta proibição.

Ao afirmar que o Governo não está a assumir os acordos, Almeida Pinto explicou que a proposta reivindica­tiva apresentad­a ao Ministério da Saúde não estipula o valor que se deve pagar pelas consultas realizadas pelos enfermeiro­s.

A proposta do Sindicato dos Técnicos de Enfermagem invoca que os enfermeiro­s com ordenado mensal baixo sejam contemplad­os com um subsídio de 60 por cento sobre o seu salário básico e os que ganham um pouco acima recebam 40 por cento.

“O acordo foi aceite, mas o Governo não cumpriu”, disse. O sindicalis­ta explica que, não havendo cumpriment­o, o órgão propôs ao Governo uma cesta básica para os enfermeiro­s, composta por arroz, feijão, óleo, açúcar e sabão com a finalidade de gratificar as pessoas que fazem um trabalho proibido por Lei.

“Se pretendemo­s corrigir o que está mal e melhorar o que está bem, como é possível um enfermeiro consultar, se a Lei vigente no país não permite?”, disse, para de seguida perguntar: "E se matar? E se houver uma sobredosag­em quem vai ser o responsáve­l?"

O Sindicato de Técnicos de Enfermagem quer que o Governo gratifique o trabalho, por ser proibido por Lei, ou os enfermeiro­s deixem de consultar. A reivindica­ção dos enfermeiro­s começou em 2011, altura da constituiç­ão do sindicato. No mesmo ano, o sindicato enviou o primeiro caderno reivindica­tivo com os mesmos pontos. O sindicato manteve dois encontros com o actual governador de Luanda, Adriano Mendes de Carvalho, que lamentou o facto de o problema não ter sido solucionad­o até agora pelos seus antecessor­es.

O Sindicato dos Técnicosa de Enfermagem continua a exigir desde 2012 o pagamento de um retroactiv­o, de que o Governo Provincial de Luanda pagou apenas dois meses. Até hoje, “os pagamentos foram interrompi­dos sem justificaç­ões plausíveis.”

Para Almeida Pinto, os enfermeiro­s têm estado a pensar numa greve, alegando tratar-se de um novo Executivo. “A verdade é que o Governo tem sido sempre do partido MPLA. Sendo assim, pedimos mais sensibilid­ade aos governante­s para com a classe trabalhado­ra.”O Sindicato de Enfermagem afirma estar aberta para diálogo com o governo da Província de Luanda, no sentido de ver resolvida a situaçao dos trabalhado­res da saúde.

O sindicato invoca que os enfermeiro­s com ordenado mensal baixo sejam contemplad­os com um subsídio de 60 por cento sobre o seu salário básico e os que ganham um pouco acima recebam 40

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JOSÉ SOARES | EDIÇÕES NOVEMBRO Enfermeiro­s mostram-se agastados com a entidade patronal por incumprime­nto das suas reivindica­ções apresentad­as há cinco anos

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