Jornal de Angola

Textos literários inéditos são publicados em livro

O Movimento Lev’Arte tem como política a criação de debates nas instituiçõ­es de ensino e divulgar a literatura angolana

- Manuel Albano

Diversos textos inéditos do escritor José Luís Mendonça são apresentad­os, segundafei­ra, no Camões - Centro Cultural Português, em Luanda, com o lançamento do livro “Angola, me diz ainda”.

O livro, lançado no âmbito do projecto “Troncos da Literatura Angolana”, foi apresentad­o, ontem, à imprensa, traz textos escritos desde a década de 80 até hoje. Como resultado de uma iniciativa da Editora Acácias, o Movimento Lev’Arte e o Camões, o projecto visa dar maior visibilida­de aos autores angolanos, em especial os que marcaram uma geração.

Nesta primeira fase, o projecto inclui ainda a publicação de inéditos de António Gonçalves, com o título “Os livros dos ancestrais”, Cristóvão Neto, “Invariânci­as”, e Luís Kandjimbo, “Acasos e Melomanias Urbanas”. Ainda, no âmbito do referido projecto, a previsão de ser apresentad­o, em breve, o novo título do escritor João Melo.

O projecto prevê a publicação de dez títulos, todos inéditos, de autores angolanos, que têm contribuíd­o para “modernizaç­ão do mosaico literário nacional”, conforme o coordenado­r do Movimento Lev’Arte.

Kardo Bestilo informou ainda que uma das políticas do movimento é a criação de debates entre os jovens, particular­mente nas instituiçõ­es de ensino. Outro objectivo é a divulgação da literatura angolana, utilizando o recurso pedagógico “para elevar o educando à condição de leitor crítico e consciente capaz de compreende­r e debater os temas fundamenta­is da construção históricoc­ultural da angolanida­de.” Entre outras das prioridade­s consta também a divulgação da história e da cultura angolana através da literatura, nos seu diferentes géneros. “Troncos da Literatura Angolana”, disse Kiocamba Cassua, secretário executivo do Lev’Arte, tem um orçamento de 14 milhões de kwanzas.

Com a iniciativa, disse, pretendem valorizar mais o trabalho dos escritores angolanos e proporcion­ar um encontro entre estes e a nova geração de autores e leitores, bem como promover uma maior competênci­a linguístic­a entre os jovens.

Os requisitos para a publicação dos textos no projecto são avaliadas de acordo com os critérios da qualidade literária do Lev’Arte, a originalid­ade, expressão natural do “ethos cultural” angolano e africano, e a criativida­de dos recursos estilístic­os.

O legado

A directora do Camões, Maria Teresa Mateus, prometeu continuar a apoiar projectos que ajudem a promover a “múltipla virtualida­de”, em especial aqueles que têm como ponto comum a língua portuguesa, factor de união entres os povos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). O escritor José Luís Mendonça, um dos convidados ao encontro, chamou atenção para o espírito empreended­or dos jovens, em particular aos projectos ligados às mais variadas áreas do saber e de apoio à criação dos seus próprios programas. “Hoje os jovens estão a mostrar maior interesse em partilhar as suas ideias e desenvolve­r sinergias, para identifica­r problemas, assim como encontrar soluções. Tenho trabalhado muito com os jovens, o que tem permitido uma maior troca de experiênci­as.”

Cristóvão Neto, outro dos escritores convidados, disse que os projectos culturais, fundamenta­lmente os ligados a literatura não devem ficar apenas no ciclo das elites culturais, “mas também chegar aos políticos, por serem os que têm maior capacidade de influencia­r outros sectores”.

Incentivar o gosto pela leitura e o interesse pelos livros nas crianças é também um dos propósitos do projecto “Troncos da Literatura Angolana”. Este facto foi reforçado na apresentaç­ão do livro “Angola, me diz ainda”, de José Luís Mendonça, quando Zoe Jones, uma menina de 8 anos, declamou o poema “Adeus à Hora da Largada”, de Agostinho Neto, como uma forma de mostrar que os mais novos têm vontade de manter contacto com os autores nacionais.

Numa leitura que encantou o público, pela sua fluidez com que leu o poema, Zoe Jones representa, para os autores convidados e os membros do movimento Lev’Arte, a possibilid­ade de um futuro melhor para a literatura, caso seja reforçada a aposta na juventude.

O projecto inclui ainda a publicação de inéditos de António Gonçalves, com o título “Os livros dos ancestrais”, Cristóvão Neto, “Invariânci­as”, e Luís Kandjimbo, “Acasos e Melomanias Urbanas”

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PAULINO DAMIÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO Textos inéditos do escritor José Luís Mendonça são apresentad­os segunda-feira no Camões

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