Estabilidade no mercado do cimento
Razões que estiveram na origem da escassez do produto foram ultrapassadas com intervenção do Executivo e com medidas que elevaram os níveis da oferta e a conduziram a drásticas reduções dos preços em Luanda e outras províncias angolanas
O mercado de cimento em Luanda está a registar, desde a semana passada, uma reviravolta. No sector informal, os preços a baixaram de 2.500 para 1.700 kwanzas por cada saco de 50 quilos.
A reviravolta que se verifica no negócio de cimento em Luanda, desde a semana finda, com os preços a baixarem no mercado informal de cerca 2.500 para 1.700 kwanzas por cada saco de 50 quilos, está a gerar grandes expectativas entre os revendedores, que começam a acreditar na existência de margens para as cimenteiras reduzirem os valores praticados às portas das fábricas.
A tendência crescente do preço do cimento no mercado informal, que vem de finais de Junho deste ano, foi invertida com a reentrada em funcionamento da fábrica de cimento China Internacional Fund (CIF), localizada em Bom Jesus, em Luanda, que ficou paralisada por pouco mais de seis meses por falta de combustível do tipo fuel oil (HFO), utilizado no fabrico de clínquer, componente sem a qual não se faz cimento.
As razões que conduziram a cimenteira da CIF à paralisação, meses depois, ditaram igual destino à Fábrica de Cimento do Kuanza Sul (FCKS), sedeada na cidade do Sumbe. O que se seguiu à interrupção das actividades das duas unidades fabris que respondem por cerca de 50 por cento da produção nacional de cimento foi a subida galopante do preço do produto na cadeia intermediária de comercialização.
A Sécil Lobito e a Cimenfort, localizadas, a primeira no Lobito e a segunda em Catumbela, Benguela, não sendo produtoras de clínquer, adquiriam o produto na FCKS, no Cuanza-Sul, com todas as vantagens resultantes da proximidade geográfica entre as três localidades. Com a paralisação da FCKS, viram afectada a sua capacidade de produção.
Com praticamente quatro das cinco fábricas de cimento do país paralisadas, a onda de especulação do preço não precisou de muito tempo para alastrar-se por todo país, ao ponto do Presidente da República, João Lourenço, referir-se ao assunto, com preocupação, no seu primeiro discurso sobre o Estado Nação, a 15 de Outubro, acabando por introduzi-lo no debate político.Depois do Presidente da República pro- meter o envolvimento do Executivo na resolução do problema, não passou um mês e, no dia 6 de Novembro, o ministro da Construção e Obras Públicas, Manuel Tavares de Almeida, anunciou a solução encontrada para a saída da crise.
As fábricas de cimento paralisadas por falta de fuel oil já podem adquirir o produto na Refinaria de Luanda, deixando de depender da empresa Nova Cimangola, que até àquela altura era a principal fornecedora deste combustível.
“A linha que fornecia o combustível HFO à Cimangola foi bifurcada em dois pontos, que servirão para abastecer a fábrica de cimento da China International Fund e a Fábrica de Cimento do Kwanza-Sul (FCKS)”, afirmou o ministro para explicar a solução encontrada para o problema.
No dia 14 de Novembro a fábrica de cimento China Internacional Fund reiniciou a actividade, mas por limitações de combustível utiliza apenas uma das duas linhas de fabrico de clínquer disponíveis e, consequentemente, metade da capacidade instalada para a produção de cimento.
Uma semana depois, a partir do dia 21, o cimento da CIF voltou a aparecer no mercado informal em quantidade suficiente para provocar uma queda brusca do preço do produto. O saco de 50 quilos que até recentemente custava cerca de 2.500 caiu para 1.700 kwanzas.
Numa ronda efectuada em alguns mercados de Luanda, o Jornal de Angola verificou que nos mercados da Madeira e Calemba II, por exemplo, com alguma barganha pode obter um desconto que baixa ainda mais o preço da unidade para 1.650 kwanzas.
A maioria dos revendedores que falou à nossa reportagem disse acreditar na existência de margens para redução dos preços na origem. Na China Internacional Fund, à porta de saída, o saco de cimento de cinquenta quilos fica a 1.300 kwanzas. Na Nova Cimangola, a mesma unidade custa 1.250 kwanzas.
Depois do presidente da República prometer o envolvimento do Executivo na resolução do problema, ministro anuncia a solução encontrada para a saída da crise