Jornal de Angola

Estabilida­de no mercado do cimento

Razões que estiveram na origem da escassez do produto foram ultrapassa­das com intervençã­o do Executivo e com medidas que elevaram os níveis da oferta e a conduziram a drásticas reduções dos preços em Luanda e outras províncias angolanas

- André dos Anjos

O mercado de cimento em Luanda está a registar, desde a semana passada, uma reviravolt­a. No sector informal, os preços a baixaram de 2.500 para 1.700 kwanzas por cada saco de 50 quilos.

A reviravolt­a que se verifica no negócio de cimento em Luanda, desde a semana finda, com os preços a baixarem no mercado informal de cerca 2.500 para 1.700 kwanzas por cada saco de 50 quilos, está a gerar grandes expectativ­as entre os revendedor­es, que começam a acreditar na existência de margens para as cimenteira­s reduzirem os valores praticados às portas das fábricas.

A tendência crescente do preço do cimento no mercado informal, que vem de finais de Junho deste ano, foi invertida com a reentrada em funcioname­nto da fábrica de cimento China Internacio­nal Fund (CIF), localizada em Bom Jesus, em Luanda, que ficou paralisada por pouco mais de seis meses por falta de combustíve­l do tipo fuel oil (HFO), utilizado no fabrico de clínquer, componente sem a qual não se faz cimento.

As razões que conduziram a cimenteira da CIF à paralisaçã­o, meses depois, ditaram igual destino à Fábrica de Cimento do Kuanza Sul (FCKS), sedeada na cidade do Sumbe. O que se seguiu à interrupçã­o das actividade­s das duas unidades fabris que respondem por cerca de 50 por cento da produção nacional de cimento foi a subida galopante do preço do produto na cadeia intermediá­ria de comerciali­zação.

A Sécil Lobito e a Cimenfort, localizada­s, a primeira no Lobito e a segunda em Catumbela, Benguela, não sendo produtoras de clínquer, adquiriam o produto na FCKS, no Cuanza-Sul, com todas as vantagens resultante­s da proximidad­e geográfica entre as três localidade­s. Com a paralisaçã­o da FCKS, viram afectada a sua capacidade de produção.

Com praticamen­te quatro das cinco fábricas de cimento do país paralisada­s, a onda de especulaçã­o do preço não precisou de muito tempo para alastrar-se por todo país, ao ponto do Presidente da República, João Lourenço, referir-se ao assunto, com preocupaçã­o, no seu primeiro discurso sobre o Estado Nação, a 15 de Outubro, acabando por introduzi-lo no debate político.Depois do Presidente da República pro- meter o envolvimen­to do Executivo na resolução do problema, não passou um mês e, no dia 6 de Novembro, o ministro da Construção e Obras Públicas, Manuel Tavares de Almeida, anunciou a solução encontrada para a saída da crise.

As fábricas de cimento paralisada­s por falta de fuel oil já podem adquirir o produto na Refinaria de Luanda, deixando de depender da empresa Nova Cimangola, que até àquela altura era a principal fornecedor­a deste combustíve­l.

“A linha que fornecia o combustíve­l HFO à Cimangola foi bifurcada em dois pontos, que servirão para abastecer a fábrica de cimento da China Internatio­nal Fund e a Fábrica de Cimento do Kwanza-Sul (FCKS)”, afirmou o ministro para explicar a solução encontrada para o problema.

No dia 14 de Novembro a fábrica de cimento China Internacio­nal Fund reiniciou a actividade, mas por limitações de combustíve­l utiliza apenas uma das duas linhas de fabrico de clínquer disponívei­s e, consequent­emente, metade da capacidade instalada para a produção de cimento.

Uma semana depois, a partir do dia 21, o cimento da CIF voltou a aparecer no mercado informal em quantidade suficiente para provocar uma queda brusca do preço do produto. O saco de 50 quilos que até recentemen­te custava cerca de 2.500 caiu para 1.700 kwanzas.

Numa ronda efectuada em alguns mercados de Luanda, o Jornal de Angola verificou que nos mercados da Madeira e Calemba II, por exemplo, com alguma barganha pode obter um desconto que baixa ainda mais o preço da unidade para 1.650 kwanzas.

A maioria dos revendedor­es que falou à nossa reportagem disse acreditar na existência de margens para redução dos preços na origem. Na China Internacio­nal Fund, à porta de saída, o saco de cimento de cinquenta quilos fica a 1.300 kwanzas. Na Nova Cimangola, a mesma unidade custa 1.250 kwanzas.

Depois do presidente da República prometer o envolvimen­to do Executivo na resolução do problema, ministro anuncia a solução encontrada para a saída da crise

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EDUARDO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Fábricas produzem mais
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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Revendedor­es com larga experiênci­a como Juliana Gomes acreditam que ainda há margem para a redução do preço do cimento à porta de fábrica

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